Segundo a médica psiquiatra, Ana Peixinho, trata-se de uma doença psiquiátrica caracterizada por “tristeza, diminuição do interesse e do prazer nas atividades habituais, alterações do apetite e sono, agitação ou lentificação física e psíquica, fadiga ou diminuição da energia, perda da autoestima/confiança ou sentimentos de culpa, diminuição da concentração ou da capacidade de tomar decisões e ideias recorrentes de morte, de suicídio ou comportamentos suicidários”. Diogo Telles Correia sublinha que na depressão a tristeza é geralmente mais intensa, mas sobretudo desproporcional em relação aos acontecimentos. “É normal ficarmos tristes com a morte de um ente querido. Mas já pode ser problemático se esse estado durar muito tempo e se perturbar prolongadamente a nossa atividade profissional e social”, esclarece.
De acordo com Ana Peixinho, podemos estar perante um caso da doença, se estes sintomas estão presentes durante pelo menos 2 semanas, estes ocorrem na maioria dos dias e causam sofrimento significativo ou têm implicação negativa no desempenho social, ocupacional ou noutras áreas do funcionamento pessoal.
Diogo Telles Correia admite que, embora as causas para a depressão não estejam totalmente esclarecidas, “aceita-se, que estas possam ser biológicas (a informação genética que herdamos dos pais) e ambientais (as situações de vida por que vamos passando) e de uma interação entre estes dois fatores”. Fatores como as características da personalidade podem condicionar a predisposição para o desenvolvimento da doença.
Deste modo, explica o especialista, a depressão pode ser classificada de endógena, quando associada a fatores biológicos, ou reativa, quando provocada por fatores ambientais.
Segundo Ana Peixinho, atualmente, e no âmbito do tratamento farmacológico, “utiliza-se com maior frequência uma classe específica de antidepressivos chamada de Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina por serem eficazes, seguros e com poucos efeitos adversos.”
Quando à abordagem psicoterápica, a especialista sublinha que esta depende do próprio doente e pode incluir terapia de suporte, cognitivo-comportamental, interpessoal, familiar ou psicodinâmica.
Diogo Telles Correia, alerta para o facto de a psicoterapia só poder ser realizada por psiquiatras ou psicólogos com formação específica nesta área. “Psiquiatras ou psicólogos sem uma pós-graduação em psicoterapia reconhecida pelas sociedades internacionais de psicoterapia não estão habilitados para fazer psicoterapia”, chama à atenção.
De acordo com o psiquiatra, nesta intervenção são avaliados os fatores de personalidade que podem estar na base de uma maior tendência para se deprimir, e “é estimulada uma forma mais saudável de lidar com o mundo”.
Em casos mais graves, pode ser necessário recorrer tratamento electroconvulsivo, adianta.
Segundo Ana Peixinho, a depressão pode ser classificada com leve, moderada ou grave. “A perigosidade da depressão associa-se à incapacidade e limitações pessoais/sociais e profissionais que desencadeia e no limite ao risco de suicídio”, afirma.
Embora possa ser desvalorizada, a depressão quando avaliada por especialista experiente, é fácil de diagnosticar. “Quando se suspeita que se tem uma depressão deve-se ir ao médico psiquiatra para ele fazer o diagnóstico, diferenciar a situação de situações médicas (por exemplo, alterações hormonais) e depois encaminhar o tratamento”, adverte Diogo Telles Correia.