Desde as últimas décadas do século passado, temos assistido a grandes mudanças de paradigma na prestação de cuidados de saúde, com progressivo reconhecimento da importância do envolvimento dos doentes no seu próprio processo de diagnóstico e tratamento. A Organização Mundial de Saúde, assim como a maioria dos países, produziram documentos que reflectem esta filosofia.
Resumidamente, estes documentos consagram os seguintes aspectos fundamentais:
Porque não há direitos sem deveres, a nossa Ordem dos Médicos define também um conjunto de “Deveres dos Doentes”, que inclui o dever de zelar pelo seu estado de saúde, de respeitar os direitos dos outros doentes, de colaborar com os profissionais de saúde, de respeitar as regras de funcionamento dos serviços de saúde e de utilizá-los de forma apropriada, colaborando activamente na redução de gastos desnecessários.
Da revisão de todos estes textos, chamou-me a atenção o direito ao tratamento personalizado. O que significa isto? O tratamento personalizado não é mais do que a prestação de cuidados de saúde adaptados às particularidades de cada pessoa. O seu alcance pode chegar a aspectos tão específicos como tratamentos dirigidos a anomalias genéticas. Mas a dimensão que todos reconhecemos é a do respeito pelas crenças, pela personalidade, pelo contexto familiar e profissional, pelas preferências de cada um – nem que seja, como ouvi numa extraordinária conferência, em tom caricatural, a preferência pela cor dos comprimidos.
Nós, médicos, devemos tratar cada doente como único. É essa a maior beleza da Medicina e é também o mais importante direito que cada doente tem.