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Início > Insuficiência Cardíaca pode matar mais que o cancro

Esteja atento aos sinais
“Habito num 2º andar sem elevador e desde há algum tempo canso-me muito a subir.

A IC é uma síndroma frequente esperando-se um crescimento rápido do número de doentes nos anos vindouros. Trata-se de um quadro complexo, que implica uma séria deterioração da qualidade de vida, potencialmente fatal e ainda largamente desconhecido pela população. A sua frequência é mais facilmente apreendida conhecendo alguns números: é a única síndroma cardiovascular cuja prevalência está a aumentar, afetando cerca de 4,5% da população geral, mais de 10% da população com mais de 70 anos e mais de 16% acima dos 80 anos. As projeções apontam para cerca de 400 mil portugueses com este diagnóstico já em 2018, com um crescimento exponencial nos próximos anos. É também uma das causas mais frequentes de internamento hospitalar e os custos envolvidos ascendem em Portugal às centenas de milhões de euros anuais.

A sua complexidade resulta do facto de na sua génese e desenvolvimento estarem implicados vários mecanismos, centrais na regulação de vários órgãos e sistemas vitais do nosso organismo e que, por se encontrarem hiperativos neste contexto, deixam de ter um efeito compensador para assumir um papel facilitador da progressão da doença.

Quanto ao prognóstico, trata-se de uma condição com uma mortalidade a 5 anos próxima dos 50%, superior à de muitas neoplasias malignas. Nalguns doentes a mortalidade pode atingir mesmo os 50% anuais. Não raramente, a morte sobrevém de forma súbita, inesperada e brutal. Paradoxalmente, a morte súbita tende a ser mais frequente nos doentes que se encontram menos sintomáticos.

Os fatores predisponentes mais relevantes na população e que, por isso, devemos evitar ou, se tal já não for possível, controlar da forma mais rigorosa possível são a hipertensão arterial, a doença coronária, a diabetes, hipercolesterolémia, o tabagismo e a obesidade.

Por tudo isto é importante que, perante a suspeita, se procure rapidamente confirmar ou excluir este diagnóstico. Para além de uma observação cuidada, o seu médico irá pedir-lhe vários exames complementares onde se incluem, em primeira linha, análises, um ECG, Rx tórax e um ecocardiograma. O ecocardiograma assume um papel particularmente relevante não só na confirmação do diagnóstico, mas também na identificação de algumas causas e na definição do tipo de Insuficiência Cardíaca. A informação fornecida por este exame tem valor prognóstico e é fundamental na seleção de candidatos à implantação de dispositivos que visam evitar a morte súbita.

Confirmado o diagnóstico, o seu médico irá ensinar-lhe medidas simples mas muito importantes para o manter compensado e alguns sinais precoces de instabilização por forma que se tente evitar o recurso ao hospital. Por exemplo, será enfatizada a necessidade de restrição de sal, bem como a importância de uma monitorização, pelo menos semanal, do peso corporal. Naturalmente, vão-lhe ser prescritos vários medicamentos diferentes. Estes medicamentos visam não só aliviar sintomas mas também modificar o curso da doença pois foi demonstrado que reduzem o risco de morte e de internamento. Deve por isso tomá-los de forma continuada e sempre de acordo com as indicações do seu médico.

Foto: 
Pixabay [1]
Sistema Cardiovascular [2]
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Autores: 
Dr. Gonçalo Proença – Cardiologista Hospital de Cascais e Hospital Lusíadas Lisboa [3]
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Ligações
[1] https://www.atlasdasaude.pt/foto/pixabay [2] https://www.atlasdasaude.pt/taxo-categories/sistema-cardiovascular [3] https://www.atlasdasaude.pt/autores/dr-goncalo-proenca-cardiologista-hospital-de-cascais-e-hospital-lusiadas-lisboa