O que precisa saber

Urticária: na maioria dos casos não é uma doença grave

Atualizado: 
03/07/2019 - 16:24
Anafilaxia ou Angioedema são as principais complicações, embora raras, da urticária. Uma doença de aparecimento súbito que atinge entre 15 a 20 % da população em algum momento da vida. Alergias alimentares ou medicamentosas, infeções, stress e fatores físicos podem estar na sua origem. Neste artigo, a dermatologista Helena Toda Brito explica tudo o que precisa saber sobre a urticária.
Mão a coçar o braço

O que é a urticária?

A urticária é uma doença que afeta 15-20% da população em algum momento da vida. Caracteriza-se pelo aparecimento súbito de lesões avermelhadas na pele, com relevo, que provocam prurido (comichão) ou, menos frequentemente, sensação de queimadura ou ardor.

As lesões podem surgir em qualquer parte do corpo, ter dimensões variáveis e confluir dando origem a lesões maiores.

Caracteristicamente, cada lesão desaparece em menos de 24 horas sem deixar qualquer marca na pele, enquanto novas lesões vão aparecendo noutros locais.

Na maioria dos casos a urticária dura menos de 6 semanas (urticária aguda), mas raramente pode persistir além das 6 semanas (urticária crónica).

Qual a causa da urticária?

A urticária é desencadeada pela libertação de histamina e outras substâncias vasoativas pelos mastócitos (um tipo de célula localizada na pele), causando a inflamação dos tecidos.

Na maioria dos casos não é possível identificar as situações específicas que ativam os mastócitos, sendo a urticária classificada como espontânea.

Nos casos em que a causa é conhecida (urticária induzida), esta pode ser devida a: alergia alimentar (ex: marisco, frutos secos, ovo), alergia a medicamentos (ex: antibióticos, anti-inflamatórios),  infeções (ex: gripe, gastroenterite), doenças associadas (ex: lúpus eritematoso, doenças da tiróide), fatores físicos (ex: sol, calor, frio, água), exercício físico, stress emocional.

Como é feito o diagnóstico da urticária?

O diagnóstico da urticária é clínico, sendo feito pela observação de lesões características e história típica de aparecimento rápido.

Nos casos com duração superior a 6 semanas (urticária crónica), deverá ser feita avaliação em consulta de Dermatologia para confirmação diagnóstica e despiste de doenças associadas por meio de exames laboratoriais. O exame da pele (biópsia) pode ser necessário para diferenciar de outras doenças da pele.

Como se trata a urticária?

O tratamento da urticária engloba o controlo sintomático e, sempre que possível, a evicção dos fatores desencadeantes conhecidos.

Para o alívio dos sintomas, os medicamentos anti-histamínicos H1 não sedativos (que não provocam sonolência) são os fármacos de eleição. Nos casos mais persistentes, outros grupos de medicamentos podem ser necessários.

Qual o prognóstico?

Na maioria dos casos a urticária não é grave, embora possa comprometer significativamente a qualidade de vida pelo incómodo que provoca (comichão habitualmente muito intensa, afetando o trabalho e sono).

A urticária pode ainda, em alguns casos, ser sinal de uma doença interna.

Duas possíveis complicações podem colocar a vida em risco e requerem tratamento de urgência:

- Angioedema : caracteriza-se por edema (tumefação) das camadas mais profundas da pele, afetando habitualmente as pálpebras, lábios, língua, garganta, genitais, mãos e pés. Acompanha frequentemente a urticária, embora também possa ocorrer de forma isolada. Nas formas mais graves pode provocar dificuldade em respirar ou deglutir, sendo necessário recorrer de imediato ao serviço de urgência.

- Anafilaxia: a urticária pode ser uma das primeiras manifestações de uma reação alérgica grave denominada anafilaxia, que pode resultar em dificuldade respiratória, perda de consciência ou mesmo morte se não for imediatamente tratada.

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Autor: 
Dra. Helena Toda Brito - Dermatologista Hospital Lusíadas Lisboa
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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