Ser dador

Quer doar sangue? Eis o que precisa saber

Atualizado: 
06/09/2019 - 10:02
De acordo com os dados divulgados pelo Instituto Português do Sangue e Transplantação, o número de dadores e dádivas de sangue tem vindo a diminuir. Para o especialista em Saúde Pública do IPST, Luís Negrão, o envelhecimento da população é um fator importante no decréscimo de doações. Por isso defende que é “importante fidelizar os mais jovens a esta causa passando a mensagem de que, atualmente, não existe substituto para o sangue”. Com a ajuda do especialista, mostramos-lhe tudo o que precisa saber sobre a doação.

Quem pode dar sangue?

De um modo geral, o dador deve ser um indivíduo saudável, com bons hábitos e comportamentos de vida, não deve sofrer de doenças que coloquem em risco a sua saúde, nem a saúde de quem vai receber a doação feita. O dador nem sempre reconhece que uma não aprovação para a dádiva é feita com o intuito de o proteger ou de proteger a saúde de quem irá receber o sangue, demonstrando até alguma indignação com o facto de não poder doar sangue. A dádiva é um dever e não um direito, por isso, só pode dar sangue quem for efetivamente for saudável.

Quais os critérios que impedem alguém de ser dador?

Motivos de doença e/ou hábitos de saúde pouco saudáveis.

Quais os principais direitos e deveres do dador?

O dador deve formalizar o seu consentimento para a dádiva por escrito e deve responder com verdade, consciência e responsabilidade às questões que lhe são colocadas tendo em vista a proteção da sua saúde e do recetor/doente, preservando a qualidade e segurança do componente doado. O dador tem direito à salvaguarda da sua integridade física e mental; à informação sobre todos os aspetos relevantes relacionados com a dádiva de sangue; à confidencialidade dos dados; ao reconhecimento público; a não ser objeto de discriminação; à isenção das taxas moderadoras no acesso à prestação de cuidados de saúde do Serviço Nacional de Saúde (SNS), nos termos da legislação em vigor; ao seguro do dador; à acessibilidade gratuita ao estacionamento nos estabelecimentos do SNS aquando da dádiva de sangue e a ausentar-se das suas atividades profissionais pelo período de tempo necessário para a dádiva de sangue.

Quantas vezes pode doar sangue?

A doação de sangue pode ser feita de quatro em quatro meses pelas mulheres e de três em três meses pelos homens. Pode repetir a dádiva sem qualquer inconveniente para a sua saúde e bem-estar desde que sejam respeitados os intervalos definidos entre as dádivas de sangue.

Qual o tipo de sangue mais difícil de “encontrar”?

Sobretudo O e A negativos, que são os mais raros, e, por isso, os mais problemáticos. Os tipos O-, B- e AB- são os que apresentam os níveis mais baixos, com reservas apenas para quatro a cinco dias. É importante garantir que os níveis não descem, sobretudo em épocas de férias que obriga a deslocações e ocorrem mais acidentes rodoviários.

Onde nos podemos dirigir para fazer doação de sangue?

Nos Centros de Sangue e Transplantação (CST) de Lisboa, Coimbra e Porto, nos locais onde se efetuam brigadas móveis de colheita de sangue e nos Serviços de Imunoterapia hospitalares.

É seguro doar sangue em Portugal?

É, sim. A dádiva de sangue não tem repercussões negativas na saúde e só vai trazer benefícios a quem precisa dele. Além disso, doar sangue não envolve nenhuma preparação especial: é apenas recomendado que ingira líquidos e faça uma refeição leve a seguir a doar sangue.

À medida que a população portuguesa envelhece, existem também alterações na população de dadores. Em 2017, verificou-se uma diminuição de dadores e dádivas de sangue e a proporção de dadores de primeira vez atingiu o seu valor mais baixo desde 2012, representando os dadores regulares 87,76% do total de dadores.

Por exemplo, o Grupo de Dadores de Sangue da Caixa Geral de Depósitos (CGD) foi criado a 14 de maio de 1983 por iniciativa dos colaboradores do banco e é considerado o maior do país a nível institucional. O Grupo desenvolve todos os esforços ao seu alcance com vista ao cumprimento da sua missão: “salvar vidas humanas pela dádiva benévola de sangue”. Uma prática que se vê refletida nas diversas recolhas de sangue efetuadas em todo o país através dos núcleos existentes, que são, atualmente, 20.

Quais os principais mitos associados à doação de sangue?

Grande parte da informação negativa sobre a dádiva de sangue está relacionada com mitos, medos ou receios que são transmitidos por pessoas que, na maioria dos casos, nunca doaram sangue. Uma grande parte das pessoas sente receio de dar sangue quando vão efetuar a sua dádiva pela primeira vez. Será com a experiência e com a observação do à-vontade e descontração que esse receio diminui, tornando-se um ato natural e simples.

Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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