Saiba como se pode proteger

Porque as doenças respiratórias pioram no Inverno?

Atualizado: 
28/12/2020 - 12:15
O tempo frio é o fator que mais contribui para o agravamento das doenças respiratórias crónicas. Asma, Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica ou fibroses pulmonares são algumas das patologias que mais se agravam nesta época do ano. Com a ajuda de António Carvalheira Santos, chefe de Serviço de Pneumologia do Hospital Pulido Valente, tentamos explicar-lhe porquê e revelamos quais os cuidados a ter.

O frio é um irritante brônquico e, por isso, facilitador do agravamento das doenças respiratórias crónicas. “A composição química do muco (expectoração e muco nasal) são mucopolissacáridos, que tem uma estrutura em rede composta por proteínas e glúcidos (açúcares). Este muco tem como finalidade a fixação dos irritantes que invadem o aparelho respiratório para serem expulsos. Acontece que os vírus e as bactérias ficam retidos no muco e, devido à sua composição – proteínas, glúcidos (açúcares) – e à temperatura do organismo, estão criadas as condições para a sua multiplicação com desenvolvimento das doenças infeciosas respiratórias virais e bacterianas”, começa por explicar António Carvalheira Santos.

Por outro lado, as baixas temperatura provocam a vasoconstrição com “o consequente menor aporte dos leucócitos, glóbulos brancos, às áreas agredidas”, conduzindo a uma diminuição na capacidade de defesa das vias aéreas.

Doentes estão mais susceptíveis a infeções respiratórias, como a pneumonia

As doenças infeciosas com envolvimento das vias aéreas superiores e inferiores, virais e bacterianas, com particular relevância para as Pneumonias são as mais relevantes durante esta época do ano.

“As agudizações infeciosas são fator de agravamento das doenças respiratórias crónicas, nomeadamente a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), a Asma brônquica, as Fibroses pulmonares e as Bronquiectasias, mas também outras menos frequentes como a Fibrose Quística, a Hipertensão pulmonar de várias causas, a Síndroma de Apneia Obstrutiva do Sono, as Doenças neuromusculares e as Doenças deformativas da parede torácica que conduzem a insuficiência respiratória e implicam muitas vezes a necessidade de utilização de oxigénio e mesmo de ventilação mecânica para que os doentes tenham uma boa qualidade de vida”, esclarece o pneumologista.

Adesão à terapêutica e vacinação essenciais em matéria de prevenção

“A adesão à terapêutica brônquica, que deve ser efetuada conforme a prescrição, e a limpeza das vias aéreas são cuidados essenciais para não facilitar o aparecimento de infeções respiratórias”, explica António Carvalheira Santos.

Porém, de acordo com o especialista, é igualmente importante evitar o fumo do tabaco e evitar os locais com grande afluência de pessoas nos períodos mais críticos.

Por outro lado, a vacinação deve ser encarada como uma prioridade em matéria de prevenção. “A vacinação é proteção. Por isso estes doentes devem ser vacinados com a vacina da Pneumonia e, anualmente no Outono, com a vacina da gripe, como forma de prevenção destas doenças infeciosas, mais prevalentes nos meses de Inverno”, recomenda.

A Reabilitação Respiratória é uma componente fundamental no tratamento do doente respiratório crónico

Um programa de reabilitação respiratória assenta em três pilares: controlo clínico, ensino e treino de exercício e deverá ter o suporte técnico de uma equipa interdisciplinar composta por médicos, fisioterapeutas, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas e terapeutas ocupacionais.

“Os principais benefícios da reabilitação respiratória são a redução dos sintomas respiratórios de fadiga e dispneia, a reversão da ansiedade e depressão associados à doença respiratória, a melhoria da tolerância ao exercício com aumento da resistência ao esforço, a melhoria na habilidade para a realização das atividades da vida diária, a redução das agudizações”, explica o especialista que acredita que, assim, diminua a procura pelos serviços de urgência, as hospitalizações e, consequentemente, os custos diretos e indiretos relacionados com a saúde. 

Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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