Doença de Alzheimer

O verdadeiro papel do cuidador não é fácil

Atualizado: 
30/10/2020 - 12:22
A doença de Alzheimer é cada vez mais uma realidade na nossa sociedade. Esta condição, que se carateriza para deterioração global, progressiva e irreversível de diversas funções cognitivas, como a memória, a atenção, a linguagem, entre outras, tem como consequências alterações no comportamento, na personalidade e na capacidade funcional da pessoa, fatores que acabam por dificultar a realização de atividades recorrentes do dia-a-dia.

No sentido de assegurar uma melhor qualidade de vida às pessoas que sofrem desta doença, muitos familiares, principalmente filhos e/ou cônjuges, acabam por abdicar da sua rotina para cuidar do seu ente querido. Contudo, esta não é uma tarefa fácil: primeiro porque o agravamento dos sintomas requer uma responsabilidade acrescida ao nível da prestação de cuidados; e segundo porque é preciso que um cuidador perceba, momento a momento, quais são as necessidades da pessoa de quem cuida e quais as estratégias adequadas para lhes dar resposta, o que implica formação nesta área, algo que a maioria não possui.

Além destas dificuldades, existem outras que acabam por ter um impacto mais expressivo na vida do familiar cuidador, nomeadamente as dificuldades emocionais. Cuidar de alguém com demência pode ser muito gratificante, mas também pode ser muito difícil, desgastante, solitário, e às vezes avassalador. À medida que as necessidades destas pessoas se alteram, os familiares cuidadores sofrem e experienciam algumas emoções que podem incluir sentimentos de tristeza, culpa, raiva e frustração.

Desta forma, torna-se importante que os cuidadores e familiares se consciencializem de que não será fácil continuar a equilibrar as suas necessidades com as da sua família e da pessoa com demência e, por conseguinte, de que vão precisar de ajuda para cuidar da pessoa.

Importa destacar que os familiares de pessoas com doença de Alzheimer e outras demências não estão sozinhos e que existem imensos apoios aos quais poderão recorrer. Exemplo disso é a linha telefónica Informar e Apoiar Mais (213 610 465), uma iniciativa da Alzheimer Portugal que tem como objetivo prestar informações e esclarecimentos imediatos sobre questões gerais relacionadas com a demência e sobre como lidar com as pessoas com demência.

No entanto, mais do que saber como agir com um familiar com demência, é também possível recorrer a cuidados prestados por profissionais especializados. Estes poderão assegurar uma alternativa de cuidados mais completa e adequada, o que acaba por ser benéfico tanto para a pessoa com a doença de Alzheimer, como para o familiar cuidador, que a partir daí consegue obter uma maior paz de espírito, e inclusive ter mais tempo para cuidar do seu bem-estar, sabendo sempre que a pessoa que ama estará em boas mãos.

Autor: 
Dra. Ana Margarida Cavaleiro - Diretora do Departamento de Formação e Projetos da Associação Alzheimer Portugal
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.