Desde 2012

Investigadores da UPorto acompanham cerca de 500 doentes com cancro da mama

O Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto acompanha, desde 2012, 506 doentes diagnosticadas com cancro da mama, no âmbito de um estudo que visa melhorar o conhecimento sobre as complicações da doença e dos seus tratamentos.

As participantes no estudo, com 18 anos ou mais, foram seguidas por investigadores do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) durante o primeiro ano após o diagnóstico da doença e três e cinco anos após o diagnóstico.

Segundo o ISPUP, os resultados mostram que os tratamentos para o cancro da mama conduzem frequentemente a complicações neurológicas, nos primeiros três anos após o diagnóstico.

Em comunicado, a investigadora do ISPUP e Neurologista do IPO Porto, Susana Pereira, esclarece que as complicações mais frequentes são “a dor neuropática, descrita como uma sensação de queimadura ou choque elétrico, localizada frequentemente na mama ou região torácica, na axila ou no braço do lado que é submetido a tratamentos, e a polineuropatia periférica, induzida pela quimioterapia, com sintomas sensitivos nas mãos e pés, mas por vezes também falta de força e dor neuropática”.

Os investigadores verificaram ainda que “a dor neuropática deteriora a qualidade do sono das doentes, sendo esta deterioração mais acentuada naquelas cuja dor é mais severa e que não tinham problemas a este nível antes do início da terapia. Além disso, constatou-se que a radioterapia está associada a um maior risco de perda de qualidade do sono das participantes”.

Tendo em conta estes resultados, a investigadora do ISPUP Filipa Fontes destaca que “é importante informar as doentes acerca da possibilidade do surgimento da dor neuropática durante e após a terapia” e que algumas estratégias para diminuir o impacto da dor na qualidade do sono poderiam passar pela “criação de um ambiente acolhedor na hora de ir dormir, pela redução do consumo de bebidas estimulantes e pela prática de exercício físico regular”.

O estudo permitiu também concluir que, no que diz respeito a estilos de vida e mudanças comportamentais, uma percentagem significativa de mulheres alterou positivamente os seus comportamentos em saúde, após o diagnóstico.

Entre aquelas que não cumpriam as recomendações antes do diagnóstico da doença, viu-se que cerca de 30% deixaram de fumar e 25% diminuíram o consumo de álcool para uma unidade por dia ou menos. Além disso, quase 10% das mulheres aumentaram a sua prática de atividade física e o consumo de frutas e vegetais.

Contudo, entre as doentes que seguiam as recomendações antes do diagnóstico, mais de metade parou a sua atividade física, quase um terço ficou com excesso de peso ou obesidade e 6% reduziu o consumo de frutas e vegetais para menos de cinco porções por dia.

“Apesar de as mulheres com cancro da mama terem reportado mudanças positivas nos seus comportamentos de saúde após o diagnóstico, existe ainda uma ampla margem de intervenção, o que destaca a importância de se desenvolverem ações de promoção da saúde destinadas especificamente a esta população”, sublinham os investigadores do ISPUP.

Espera-se que os resultados provenientes da coorte (estudo longitudinal) NEON-BC ajudem a caracterizar de forma mais precisa a carga global de doença associada ao cancro da mama e ao seu tratamento e a ajudar a desenvolver estratégias que minimizem o impacto destas condições entre as sobreviventes.

A coorte esteve na base de um projeto financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), de duas teses de doutoramento e três dissertações de mestrado já concluídas, e ainda de 13 publicações em revistas científicas internacionais.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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