Doença transmitida por mosquitos

Encefalite japonesa

Atualizado: 
07/04/2014 - 16:12
A encefalite japonesa é uma doença infecciosa transmitida por mosquitos, e apesar de a maioria das infecções ser assintomática, deve proteger-se através da vacinação.

A encefalite japonesa é uma doença inflamatória do sistema nervoso central, causada por um vírus (da família dos Flaviviridae) transmitido por mosquitos. A doença é transmitida ao homem, pela picada de um mosquito, que pica no exterior das habitações, desde o anoitecer ao amanhecer, sendo a picada dolorosa. O mosquito usa como locais de postura as zonas alagadas dos campos de cultivo de arroz, zonas pantanosas e pequenas colecções de águas paradas.

Segundo dados disponíveis (consultaviajante.ufp.edu.pt), o vírus da encefalite japonesa é responsável por cerca de 45.000-50.000 casos reportados anualmente, sendo também a forma de encefalite epidémica e esporádica mais importante, nas regiões tropicais da Ásia. Nas regiões temperadas, o risco é maior nas zonas rurais, durante a época das chuvas e no início da estação seca. Na Indonésia e, provavelmente, em Timor Loro´sae, a transmissão ocorre todo o ano, sendo o risco de doença mais elevado de Novembro a Março.

Nos locais onde a doença é endémica é, sobretudo, uma doença pediátrica, embora quando contraída no decurso de uma viagem, qualquer grupo etário pode ser afectado. No entanto, o risco para os viajantes é extremamente baixo (1 para 1 milhão) dependendo da estação do ano, do destino, da duração e do tipo de actividades durante a viagem, mas a taxa de mortalidade é elevada, situando-se entre os 15-40 por cento.

Não existe tratamento específico, apenas sintomático, por isso a prevenção é fundamental e consiste na evicção da picada do mosquito e na administração da vacina. 

Sintomas
As manifestações clínicas variam de um simples episódio febril a meningite asséptica ou encefalite grave, com morte. Quando sintomática, a taxa de mortalidade é de 10 a 70 por cento, com muitos dos sobreviventes a apresentarem sequelas neurológicas.
Contudo, a maioria dos casos (cerca de 90 por cento) não manifesta sintomas. Caso ocorram, nas infecções ligeiras, verificam-se dores de cabeça acompanhadas por febre, dores no corpo e fraqueza. Quando sintomáticas, o período de incubação é de 4-14 dias

Nos casos mais graves, a infecção progride rapidamente com febre alta e sinais de meningite. A encefalite desenvolve-se durante uma fase mais avançada da doença e pode resultar em coma, lesões neurológicas permanentes ou morte. De acordo com o Centers for Disease Control and Prevention (CDC), cerca de 30 por cento dos casos graves são fatais. 

Prevenção
A vacina está recomendada a viajantes com estadias prolongadas em área endémica, sobretudo se incluir a época de maior transmissão ou estadias de curta duração se o destino inclui áreas rurais, durante a monção, em que se preveja um grande número de actividades fora de casa.

A vacina é constituída por vírus inactivado, e são fornecidas 3 doses, segundo o esquema 0, 7 e 28 dias (ou quando o tempo de espera assim não o permite, aos 0, 7 e 14 dias); duas doses fornecem imunidade em 80 por cento dos casos, enquanto o esquema completo de 3 doses, 95 por cento. Recomenda-se que a vacina seja feita cerca de dez dias antes de partir em viagem. O reforço é feito 1 ano após e, subsequentemente, de 3 em 3 anos quando for necessária uma protecção continuada.

Geralmente, as vacinas não causam reacções secundárias significativas, podendo verificar-se apenas febre, dores de cabeça, náuseas e vómitos e o aparecimento de um nódulo duro, avermelhado e doloroso no local de aplicação da vacina. Em casos mais graves, pode causar hipotensão e colapso.

Caso, após a sua toma, surjam sintomas como febre elevada ou sintomas característicos de uma reacção alérgica grave como falta de ar, fraqueza, ritmo cardíaco acelerado, palidez, tonturas ou urticária, deve procurar ajuda médica.

A vacina não deve ser administrada nos seguintes casos:
- Se estiver doente com febre superior a 38º;
- Se tiver uma reacção alérgica muito grave a uma dose anterior ou a uma substância que se sabe estar presente na vacina;
- Pessoas com o sistema imunitário debilitado;
- Grávidas e crianças menos de 12 meses – No caso de se verificar a impossibilidade de evitar ou adiar a viagem, a aplicação da vacina deve ser discutida com o médico especialista em Medicina do Viajante;

Para além da vacina é aconselhável a adopção de medidas gerais preventivas, mesmo estando vacinado, como evitar a exposição nos períodos de maior actividade do mosquito - ao amanhecer e ao entardecer; usar roupas compridas evitando áreas de pele descoberta e usar calçado fechado; utilizar repelentes de insectos com aplicações regulares ao longo do dia; usar rede mosquiteira na cama, se possível impregnada com insecticida; usar o ar condicionado, sempre que possível, pois é um método bastante eficaz para afastar os mosquitos do quarto. 

Zonas do mundo afectadas
A encefalite japonesa é a principal causa de encefalite viral na Ásia e ocorre na maioria dos países asiáticos. Dados revelados pela Organização Mundial de Saúde indicam que a incidência da doença tem diminuído no Japão, na Península Coreana e em algumas regiões da China.

Os países com mais casos e com maior índice de transmissão da encefalite japonesa são a Índia, Nepal, Paquistão, Vietname, norte da Tailândia, Indonésia e Timor. A infecção ocorre principalmente em zonas de clima tropical, nas épocas de chuva, nomeadamente durante o Verão e o Outono.

Fonte: 
consultaviajante.ufp.edu.pt
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.
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