Associadas a agentes físicos

Doenças profissionais

Atualizado: 
15/04/2014 - 09:46
O ruído, as vibrações e as radiações são alguns dos principais factores de risco físicos que podem originar diferentes doenças profissionais. Saiba mais.
Doenças profissionais agentes físicos

A actividade profissional pode ser responsável por alterações da saúde se não for executada em condições adequadas. Existem diferentes tipos de factores de risco que podem interferir directa ou indirectamente no desempenho de cada trabalhador e que podem contribuir para o aparecimento de doenças. As chamadas doenças profissionais.

 

Constam na lista de doenças profissionais – publicada em Diário da República - os factores ou agentes físicos e que podem ser subdivididos em quatro grandes áreas de intervenção:

• Ruído
• Vibrações
• Ambiente térmico
• Radiações ionizantes

Ruído
Os especialistas definem o ruído como todo o som que causa sensação desagradável ao homem. Assim, quando nos encontramos num ambiente de trabalho e não conseguimos ouvir perfeitamente a fala das outras pessoas no mesmo recinto, isso é uma primeira indicação de que o local é demasiado ruidoso.

O ruído é pois, um agente físico que pode afectar de modo significativo a qualidade de vida do trabalhador. Este mede-se utilizando um instrumento denominado medidor de pressão sonora, e a unidade usada como medida é o decibel (ou abreviadamente dB).

Quando os níveis de ruído são excessivos, em condições de exposição prolongada e sem protecção, as perdas de audição são frequentes. Inclusive, uma única exposição a um valor de 140 dB(A) pode provocar a surdez, a segunda doença profissional com maior incidência em Portugal, e uma das grandes causas responsáveis pela incapacidade permanente nos trabalhadores portugueses.

Assim, sem qualquer medida de controlo ou protecção o excesso de intensidade do ruído acaba por afectar o desempenho do trabalhador na execução da sua actividade laboral, e provoca distúrbios ao nível do cérebro e do sistema nervoso.

As medidas de protecção que se podem tomar de forma a eliminar ou minimizar os efeitos nocivos de exposição ao ruído, passam por:

• Formação e informação dos trabalhadores;
• Sinalização e limitação de acesso das zonas muito ruidosas;
• Vigilância médica e audiométrica da função auditiva dos trabalhadores expostos;
• Encapsulamento de máquinas;
• Barreiras acústicas;
• Montagem de elementos absorventes do som;
• Limitação da duração do trabalho em ambientes muito ruidosos;
• Organização da rotatividade de mudanças nos postos de trabalho;
• Utilização de protectores de ouvido, etc.

Vibrações
As vibrações caracterizam-se pela sua amplitude e frequência e exprimem-se em m/s2 ou em dB. Apresentam, geralmente, baixas frequências e conduzem-se por materiais sólidos, sendo que, em geral, as massas pequenas estão mais sujeitas a altas-frequências e as massas grandes às baixas frequências.

Consoante a posição do corpo humano (de pé, sentado ou deitado), a sua resposta às vibrações será diferente, sendo igualmente importante o ponto de aplicação da força vibratória. Para tal, é importante distinguir dois tipos de vibrações:

As vibrações transmitidas ao sistema mão – braço: vibrações mecânicas que, quando transmitidas ao sistema mão – braço, implicam riscos para a saúde e para segurança dos trabalhadores.

As vibrações transmitidas a todo o organismo: vibrações mecânicas que, quando transmitidas a todo o organismo, implicam riscos para a saúde e para a segurança dos trabalhadores.

Os efeitos no homem das forças vibratórias que degeneram muitas vezes em incapacidades permanentes, podem ser resumidos a:

• Complicações nos vasos sanguíneos e articulações;
• Diminuição da circulação sanguínea;
• Danos ao nível da epiderme;
• Afecções ao nível da coluna;
• Perturbações neurológicas;
• Perturbações musculares;

As principais medidas a serem implementadas para a eliminação ou redução dos riscos inerentes à exposição do corpo humano às vibrações, passam, entre outras, pela:

• Adopção de métodos de trabalho alternativos que permitam a redução da exposição a vibrações mecânicas;
• Escolha de equipamento de trabalho adequado;
• Concepção e disposição ajustada dos locais e postos de trabalho;
• Informação e formação adequada dos trabalhadores;
• Limitação da duração e da intensidade de exposição;
• Vigilância médica adequada;
• Horário de trabalho adequado, com períodos de repouso frequentes.

Ambiente térmico
As mudanças bruscas de temperatura de um ambiente quente para um ambiente frio, provocam alterações no desempenho dos trabalhadores, sendo simultaneamente prejudiciais à sua saúde.

Os ambientes térmicos podem ser classificados como:

• Quentes - por exemplo nas fundições, cerâmicas, padarias, indústria vidreiras;
• Frios - por exemplo nos armazéns frigoríficos, actividades piscatórias;
• Neutros - por exemplo nos escritórios;

Ambiente térmico quente:
Nos ambientes onde há a necessidade do uso de equipamentos, como fornos e maçaricos, associados ao tipo de material utilizado e às características das construções (insuficiência de janelas, portas ou outras aberturas necessárias a uma boa ventilação), pode-se gerar altos níveis de temperatura prejudicial à saúde do trabalhador. Desta forma, a sensação de calor que sentimos é proveniente da temperatura existente no local de trabalho e do esforço físico que fazemos para executar uma tarefa, e pode provocar o que se designa de Stress Térmico.

O conceito de Stress Térmico está relacionado com o desconforto do trabalhador em condições de trabalho em que a temperatura ambiente é muito elevada, podendo conjugar-se com humidade baixa e com circulação de ar deficiente. Sendo assim, a temperatura registada, estabelece-se em função dos seguintes factores:

• Humidade relativa do ar;
• Velocidade e temperatura do ar;
• Calor radiante (produzido por fontes de calor do ambiente, como fornos, maçaricos, luzes intensas);

Os sintomas de exposição a ambientes térmicos quentes podem ser descritos por:

• Aumento da temperatura superficial da pele (vasodilatação dos capilares, o indivíduo cora);
• Aumento ligeiro da temperatura interna;
• Sudação;
• Mal-estar generalizado;
• Tonturas e desmaios;
• Esgotamento e morte;

As medidas que podem ser implementadas para minimizar os efeitos do Stress Térmico devem passar por uma correcta dieta alimentar de modo a fortalecer o organismo, evitar uma alimentação rica em gorduras, ingestão de bastante água à temperatura ambiente, não ingerir bebidas alcoólicas, bem como, moderação do consumo de cafeína.

Podem ainda ser tomadas medidas de carácter mais geral que passam por:

• Implementação de sistemas de ventilação;
• Adopção de medidas de protecção colectiva (como o enclausuramento ou arrefecimento de máquinas) e/ou medidas de protecção individual (viseiras, vestuário térmico especial);

Ambiente térmico frio:
Como nos casos de ambientes térmicos quentes, os ambientes térmicos frios são igualmente prejudiciais para a saúde dos trabalhadores, bem como para a boa execução das suas tarefas.

Os sintomas mais vulgarmente associados a ambiente térmicos frios são:

• Frieiras localizadas nos dedos das mãos e dos pés;
• Alteração circulatória do sangue, que leva a que as extremidades do corpo humano adquiram uma coloração vermelha – azulada;
• "Pé das Trincheiras”, que surge em situações de grande humidade, ficando os pés extremamente frios e com cor violácea;
• Enregelamento, que consiste na congelamento de tecidos devido a exposição a temperaturas muito baixas ou ao contacto com superfícies muito frias.

Radiações ionizantes
Entende-se por radiação ionizante "a transferência de energia sob a forma de partículas ou de ondas electromagnéticas com um comprimento de onda igual ou inferior a 100 nm ou uma frequência igual ou superior a 3 x 1015 Hz e capazes de produzir iões directa ou indirectamente” (Decreto lei 165/2002, art.3 alínea q).

Os dados disponíveis sobre os efeitos das radiações ionizantes a que o homem está sujeito indicam que cerca de 68 por cento resultam da exposição natural e que cerca de 30 por cento resultam ou provêm de utilizações médicas. Nos restantes cerca de 2 por cento estão incluídas várias origens, das quais se destacam cerca de 0,15 por cento atribuíveis a descargas de indústrias nucleares.

No entanto, este cenário tem vindo a sofrer alterações significativas quer em termos qualitativos como quantitativos. Seja como for, todas as actividades que envolvam exposição a radiações ionizantes deverão ser previamente justificadas pelas eventuais vantagens que proporcionam, sendo que toda a exposição ou contaminação desnecessária de pessoas e do meio ambiente deve ser evitada, e os níveis de exposição devem ser sempre tão baixos quanto possível em cada instante.

As medidas de protecção e segurança deverão ser implementadas em função do grau de risco e passam, entre outros:

• Pela formação e informação dos trabalhadores;
• Por medidas limitativas de exposição às radiações;
• Pela organização da vigilância física e médica;
• Pela organização e manutenção de processos e registos adequados;
• Pela implementação de sinalização de segurança;
• Pela planificação da eliminação e armazenamento dos resíduos radioactivos.

Os tipos de lesões ou doença, tipicamente, associados às radiações ionizantes, são:

• Anemias;
• Leucemias;
• Radiodermites;
• Radiolesões das mucosas;
• Carcinomas e sarcomas, entre outras.

Fonte: 
Relatório do Estudo "Programa de apoio à manutenção e retorno ao trabalho das vítimas de doenças profissionais e acidentes de trabalho"
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.
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