Será que funcionam?

As dietas

Atualizado: 
18/11/2013 - 17:04
Se existe algo tão popular como a comida e o acto de comer, esse algo são as dietas. Por todo o mundo vemos pessoas a fazer dietas de vários tipos.

Temos as dietas dos famosos, as dietas Atkins, as dietas que eliminam os hidratos de carbono e tantas outras.

Na verdade, nos últimos 10 anos 70% da população adulta feminina e 30% da população adulta total já fez algum tipo de dieta em alguma altura da sua vida. Mas por muito boa vontade que se tenha, parece que os resultados só se verificam a curto prazo, não se mantendo ao longo do tempo, havendo até, em muitos casos, uma regressão muito grande ao nível da diminuição de peso.

Mas porque razão acontece isto?
Em primeiro lugar as dietas são difíceis de fazer. Implicam uma mudança muito significativa nos hábitos das pessoas. Hábitos de alimentação e hábitos relacionados com a prática de exercício físico. Essa alteração deveria prolongar-se no tempo, mas na verdade isso não acontece. Estamos habituados a um determinado estilo de vida e relacionamo-nos com pessoas que cabem nesse estilo de vida, o que torna ainda mais difícil que uma mudança de hábitos perdure no tempo.

Muitas vezes para nos fidelizarmos a uma dieta saudável é necessária uma grande força de vontade e tantas outras vezes só mantemos um estilo de vida saudável devido a essa força de vontade.

Normalmente não é difícil começar. O problema surge na continuação. Isto, porque com o tempo a passar é cada vez mais difícil resistir aquele prato especial feito pela nossa mãe ou avó. Custa pôr de parte o cinema em que vamos com amigos e todos eles estão a ver o filme rodeados de alimentos cheios de açúcar…

Quando começamos uma dieta só pensamos normalmente no início e não nos preparamos para a continuação ou manutenção. Vamos aos jantares com amigos na esperança de que a força de vontade se mantenha, o que é difícil e depois acabamos por ir todos a um restaurante italiano, onde só existem aquelas pizzas maravilhosas, mas que estão carregadas de tudo aquilo que estamos a colocar de lado quando estamos em dieta.

A tendência quando isso acontece é cedermos, e “castigarmo-nos” no dia seguinte.

Acontece também que quando estamos há já algum tempo em dieta começamos a fazer  cedências, que se vão tornando numa gradual prática constante, deitando por terra todo o trabalho/sacrificio de várias semanas. É assim porque à medida que o tempo vai passando, vamos perdendo a noção da diferença entre vontade e compromisso.

A vontade traduz-se no elemento psicológico que nos leva a começar uma dieta. O compromisso, por outro lado, surge ligado ao resultado que queremos obter. Ao propósito que nos levou a começar.

Outro problema das dietas é que muitas vezes ao serem realizadas de forma errada levam a que as pessoas tenham de repente uma grande vontade de comer tudo e mais alguma coisa. O que mais acontece é haver uma cedência muito grande aos próprios alimentos que estamos a tentar evitar. É assim com os doces, é assim com as comidas mais pesadas e condimentadas, é assim com os alimentos mais gordos, ou até com a fast-food. Numa espécie de síndrome de abstinência acabamos por ser compelidos a ingerir grandes quantidades de alimentos a evitar numa dieta.

Outro aspecto fundamental reside no facto de tentarmos realizar as dietas “em casa” sem o recurso a profissionais que nos podem ajudar a lidar com as privações, ou a “manter-nos no caminho certo” alertando-nos para os prejuízos dos deslizes. É certo, como já vimos, que a maior parte das pessoas inicia uma dieta cheia de vontade, mas é preciso bem mais que isso para nos mantermos fiéis a ela. São esses deslizes que se vão tornando normais que nos levam a desistir ou a “recomeçar amanhã”, perdendo a continuidade de um trabalho já de si por vezes penoso.

Por outro lado não raras são as vezes em que comemos para ajudar a lidar com este ou aquele problema emocional - “vou comer um bolo porque estou triste e preciso de açúcar” – quantas vezes não ouvimos já todos nós frases deste género. Na verdade, não vamos comer porque temos fome, mas sim porque há algo que nos perturba e sentimo-nos melhor quando comemos. Isto podia até não trazer nenhum problema, mas a questão é que muitas vezes traz, sendo exactamente este um dos pensamentos ligados directamente ao excesso de peso.

As dietas não nos ensinam a lidar com isto, não nos preparam emocionalmente para deixar de comer quando nos sentimos “em baixo”, antes pelo contrário, as dietas podem tornar as pessoas mais deprimidas pelo facto de não poderem comer. Pior ainda quando não começamos rapidamente a atingir os resultados que estamos a tentar obter.

No fundo as únicas pessoas que fazem uma dieta e conseguem manter o peso mais baixo são aquelas que mudam realmente de hábitos e se mantêm com esses novos hábitos.

Para que isso aconteça há alturas em que temos de mudar não só os nossos hábitos, mas também os daqueles que nos rodeiam, até a nossa família.

Num mundo onde as tentações são mais do que muitas e estão normalmente ao nosso alcance, é necessário que deseje de facto um estilo de vida saudável e que consiga lidar com a forma como deve comer.

A dieta pode ser o arranque, mas para que se mantenha saudável, é necessário muito mais empenho e uma mudança real a longo prazo dos antigos hábitos.

É necessário que meta na cabeça que para cumprir e manter os seus objectivos certas coisas de facto…têm que mudar.

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.
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