Dia Mundial da Luta Contra o Cancro assinala-se a 4 de fevereiro

Contra o cancro, investigação constante

Atualizado: 
01/02/2019 - 10:54
Um quarto da população portuguesa está em risco de desenvolver cancro até aos 75 anos e 10% corre risco de morrer desta doença. Felizmente, a sobrevivência também está aumentar, muito graças à determinação dos profissionais de saúde e investigadores que trabalham com novas ferramentas para combater o cancro, quase sempre direcionadas para a oncologia de precisão.

4 de fevereiro, Dia Mundial da Luta Contra o Cancro, é um dia de reflexão em que devemos fazer um balanço da batalha que temos estado a travar há décadas contra o flagelo das doenças oncológicas.

O número de novos doentes não para de aumentar e, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), um quarto da população portuguesa está em risco de desenvolver cancro até aos 75 anos e 10% corre risco de morrer desta doença. Felizmente, a sobrevivência também está aumentar, muito graças à determinação dos profissionais de saúde e investigadores que trabalham com novas ferramentas para combater o cancro, quase sempre direcionadas para a oncologia de precisão.

Por exemplo: há poucos dias realizou-se em Santiago de Compostela, Galiza, o IV Simpósio sobre Biópsia Líquida, que contou com a presença de mais de 350 oncologistas de todo o mundo e no qual a OncoDNA esteve presente. Esta técnica revolucionária e minimamente invasiva (semelhante a um exame de sangue) pr

oporciona aos especialistas informações concretas sobre a evolução do tumor, bem como informação sobre as respetivas alterações genéticas. O objetivo último é poder dar um tratamento mais personalizado e preciso, adaptando-o às necessidades do doente em qualquer fase da terapia oncológica.

Junto com a imunoterapia esta ferramenta de diagnóstico está a revolucionar a oncologia médica, servindo para melhorar o prognóstico de doentes com diferentes tipologias de cancro, como cólon, melanoma, próstata, pulmão ou mama.

Da mesma forma que as aplicações da biópsia líquida estão a aumentar, as possibilidades de análise genómica às amostras de tecido que são extraídas de um tumor também crescem. A leitura do ADN dos genes envolvidos na doença oncológica está cada vez mais presente na prática clínica e é extremamente útil para o oncologista saber o que tem à sua frente, como tratar esse cancro e a possível resistência terapêutica que será encontrada durante o tratamento.

Nesse sentido, o papel dos imunogramas é decisivo para se prever se um doente responderá ou não à imunoterapia. Modelos como o da OncoDNA são capazes de analisar vários biomarcadores, como por exemplo, os níveis de expressão de PD-L1 e CD8 nos linfócitos, a carga mutacional do tumor, a instabilidade dos microssatélites ou a presença de mutações associadas à resistência ou sensibilidade a este tipo de tratamento.

Outros avanços

Além dessas técnicas, que já são uma realidade no quotidiano do oncologista, estão a surgir, com cada vez mais frequência, dados de investigações e ensaios sobre o que poderá vir a ser o futuro a médio prazo. Como exemplo temos a terapia capaz de prevenir a formação de metástases e que está a ser investigada por um grupo de trabalho multidisciplinar do Hospital Universitário de Basileia, Suíça. Nesta investigação, recentemente publicada pela revista Cell, foi detetada uma substância que suprime a disseminação de células cancerígenas malignas.

Devemos ainda lembrar-nos da recente investigação sobre células T com recetores de antígeno quiméricos. Este tratamento é mais conhecido como Célula CAR-T, de administração única, e é projetado individualmente para cada doente, modificando geneticamente os seus linfócitos T.

Também vimos no final do ano passado como o Hospital Universitário Vall d'Hebrón (Barcelona) usou uma técnica pioneira, ainda sob investigação, para travar o cancro pancreático avançado, o pior prognóstico que existe nos nossos dias. Enquadrado no ensaio clínico Pelican, esta técnica consiste em puncionar o tumor com uma agulha que queima e destrói as células cancerosas.

Estamos conscientes de que ainda temos muitos anos para conseguir que esta doença seja apenas uma má recordação em todas as suas formas e diversidades. Mas estamos no caminho certo, se continuarmos no caminho da investigação e da inovação vamos ganhar. Pouco a pouco, vamos superar não só uma batalha, mas a guerra contra o cancro.

Adriana Terrádez
Diretora Geral da OncoDNA para Espanha e Portugal

 

Nota: 
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