Tabaco é um importante fator de risco

Cancro da Cabeça e Pescoço, o que é?

Atualizado: 
23/05/2019 - 17:14
A designação de Cancro da Cabeça e Pescoço refere-se a um conjunto de tumores malignos que têm origem em órgãos da cabeça e/ ou do pescoço. Em verdade, correspondem a tumores de vários órgãos com etiologias e comportamentos clínicos muito variados.
Cancro Cabeça e Pescoço

Os tumores da Cabeça e do Pescoço correspondem a cerca de 5% de todos os tumores malignos.

Temos, assim, incluídos os cancros da cavidade oral que inclui, os tumores da língua, que são os mais frequentes, os tumores dos lábios, sendo os do lábio inferior muito comuns, os do pavimento da boca, da gengiva e de outras estruturas da cavidade oral. Para além destes, temos os tumores, da faringe, da laringe, dos seios perinasais, das cavidades nasais, das glândulas salivares, da glândula tiroideia e ainda outros, mais raros como alguns sarcomas.

A maior parte das vezes as causas deste tipo de tumores é desconhecida. No entanto, o consumo de tabaco e de álcool, a má higiene oral, o traumatismo crónico provocado por próteses dentárias mal adaptadas ou por dentes fraturados e não tratados, a infeção por algumas estirpes do Vírus do Papiloma Humano, a infeção pelo Vírus de Epstein-Barr, e ainda a exposição a radiações ionizantes, são algumas das causas conhecidas como fatores que facilitam o aparecimento de alguns destes cancros.

Os sintomas dos cancros da cabeça e pescoço podem ser, entre outros: um nódulo ou uma ferida no pescoço ou na face, uma dor na garganta que não desaparece após 3 semanas, mesmo com tratamento, dificuldade na deglutição que se tenha instalado recentemente, alterações na voz, uma ferida ou uma mancha branca, castanha, negra ou vermelha, na boca, que tenha aparecido recentemente, alterações na articulação dos dentes, hemorragia das gengivas ou de outras zonas, dores de ouvidos (sobretudo se unilaterais), obstrução nasal de instalação recente, (sobretudo se unilateral). Estes sintomas podem, claro está, ser causados por outras causas menos graves; no entanto, deverão ser avaliados por um médico para excluir a possibilidade de se tratar de uma situação potencialmente grave.

É possível reduzir o risco de desenvolver alguns destes tumores. A cessação do consumo de tabaco é o passo mais importante para reduzir o risco dos cancros que estão directamente relacionados com o consumo. Mesmo alguém que tenha tido um cancro na área da Cabeça e Pescoço relacionado com o tabaco, se deixar de fumar, tem uma probabilidade sete vezes menor de não ter uma recidiva desse tumor, comparativamente a alguém que tenha mantido os hábitos tabágicos.

O desenvolver de hábitos corretos de higiene oral, consultar o Médico Dentista e o Médico de Família com regularidade e o evitar o consumo excessivo de álcool são exemplos de atitudes que reduzem o risco de vários destes cancros.

A vacinação contra o Vírus Papiloma Humano pode também prevenir alguns cancros, sobretudo os da amígdala e da base da língua. O sexo oral é também um factor de risco de infecção por estes vírus e como tal factor de risco de desenvolvimento de cancro destas áreas.

O tratamento varia conforme a localização e o tipo específico de tumor. Em termos gerais a cirurgia tem um papel preponderante, sendo a radioterapia e a quimioterapia tratamentos complementares. Existem no entanto alguns destes tumores, como por exemplo o carcinoma da nasofaringe que não têm indicação operatória e são tratados com quimioterapia e/ou radioterapia.

A Imunoterapia é uma forma recente de tratamento de muitos tipos de cancro, no entanto, na área da cabeça e do pescoço este tipo de terapêutica tem ainda indicações limitadas. É no entanto previsível que haja avanços significativos dentro de alguns anos.

Como já referido anteriormente, estes tumores têm comportamento e agressividade muito variável; no entanto, como em todos os casos de oncologia, quanto mais rápido for o diagnóstico e o tratamento, maior será a possibilidade de cura e também menor será a possibilidade de a pessoa ficar com sequelas graves.

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Autor: 
Professor Doutor Carlos Zagalo - Professor Catedrático de Cirurgia Oral, Medicina Oral e Oncologia do Instituto Universitário Egas Moniz | Médico Especialista em ORL e Cirurgia Cervico-Facial do Hospital Lusíadas Lisboa
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
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