Necessária atenção redobrada

Bullying/Ciberbullying: um modo de violência…

Atualizado: 
23/03/2015 - 16:20
Existem vários tipos de bullying, e o cyberbulling ou bullying virtual é um dos que tem vindo a aumentar. Este está relacionado com as redes sociais, telemóveis e internet, onde circulam mensagens difamatórias ou ameaçadoras.

Bullying versus Ciberbullying

Bullying é uma situação que se caracteriza por agressões intencionais, verbais ou físicas, feitas de maneira repetitiva, por um ou mais alunos contra um ou mais colegas. O termo bullying tem origem na palavra inglesa bully, que significa valentão, brigão. Mesmo sem uma denominação em português, é entendido como ameaça, tirania, opressão, intimidação, humilhação e maltrato. Aqui o provocador é conhecido e a vítima recebe humilhações consecutivas. O bullying, ao contrário do que pensam, não ocorre só no contexto escolar, no entanto é frequente na sala de aula e no recreio. Os estudos revelam que é mais comum em rapazes do que em raparigas. Em casa, os pais também sofrem com este tipo de violência. As vítimas muitas vezes permanecem em silêncio com medo de ser gozadas ou das represálias, não revelando aos pais este sofrimento.

Existem vários tipos de bullying e o cyberbulling ou bullying virtual é um dos que tem vindo a aumentar. Este está relacionado com as redes sociais, telemóveis e internet., onde circulam mensagens difamatórias ou ameaçadoras. É quase uma extensão do que os alunos dizem e fazem na escola, mas com a agravante de que as pessoas envolvidas não estão cara a cara. Estes meios têm sido utilizados como forma de humilhação, colocando em causa a reputação da vítima. Aqui existe um anonimato e o provocador tem características diferentes em relação ao do bullying. O agressor quer que o máximo de pessoas tenha conhecimento de algumas informações para humilhar, mas atua às escondidas ou de forma mais reservada. Dessa forma, o anonimato pode aumentar a crueldade dos comentários e das ameaças e os efeitos podem ser tão graves ou piores. O cyberbulling precisa receber o mesmo cuidado preventivo do bullying e a dimensão dos seus efeitos deve sempre ser abordada para evitar a agressão na internet.

Em alguns casos extremos, o bullying chega a afetar o estado emocional do adolescente de tal maneira que ele opte por soluções trágicas, como o suicídio.

Como perceber que o seu filho está a ser vítima de bullying? Como atuar?

Muitos dos sintomas podem ser confundidos com comportamentos característicos da adolescência, sendo por isso necessária uma atenção redobrada.

Os pais deverão estar atentos. Sempre que verificarem alterações acentuadas no humor do filho/a, cansaço físico e psicológico mais que o habitual, impaciência ou pouca tolerância, mais isolamento, mais introspetivo, baixo rendimento escolar, queixas físicas permanentes e sistemáticas para não ir para a escola, irritabilidade extrema e inércia: desconfie.

Quando as crianças são tímidas e não revelam os maus-tratos dos quais são vítimas torna-se problemático, podendo estas práticas prolongarem-se de forma silenciosa, provocando danos irreparáveis. Por isso, é de extrema importância acompanhar os filhos e principalmente perceber como estes se sentem na escola e como se relacionam com os colegas. Se ele for tímido, procure falar com os pais dos colegas da escola ou até mesmo com os colegas em festas de aniversário ou convidá-los para ir brincar/conviver em sua casa com os seus filhos. São estratégias que podem resultar na obtenção de alguma informação.

Assim, e de uma forma sucinta podemos apontar como sinais de alerta da violência: ataques de fúria; irritabilidade extrema e frustração frequente; impulsividade; auto-agressão; existência de poucos amigos; dificuldade para prestar atenção e uma certa inquietude física.

Sinalizar, encaminhar e intervir precocemente, quer nas crianças que estejam em risco, como naquelas que já são vítimas, é importante, tal como alertar e sensibilizar os professores, pais e profissionais de saúde, para a identificação precoce dos sinais de alerta e a referenciação para serviços especializados que possam intervir/apoiar nesta área. Denunciar este tipo de violência é essencial, para se poder intervir. A intervenção é um desafio que se coloca a todos os profissionais que possam atuar nesta área: professores, médicos, enfermeiros, psicólogos e governantes.

A família tem um papel primordial, assim como a escola. Ambos devem conhecer os sinais de alerta, não fechar os olhos a estas situações e deverão em conjunto promover medidas de proteção e vigilância a estes alunos e de penalização/encaminhamento especializado para aqueles que constituem os agressores. Nestes casos, o apoio psicológico é muito importante. Também é necessário apoiar e preparar os pais para lidar com estas situações.

Já existe uma plataforma interativa em Portugal, Fear Not (disponível na versão inglesa), que recria situações de violência e ensina o utilizador a defender-se.

Em síntese, para prevenir o bullying e o ciberbullying é necessário investir em sessões de sensibilização dirigidas a pais, professores e alunos; criar serviços de apoio à vítima e investir em formas eficazes de sinalização e de intervenção especializada.

 

Referências Bibliográficas

  1. AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (1996).DSM IV: Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais. Climepsi Editores.
  2. Sites: Portal Bullying centro de ajuda online - http://www.portalbullying.com.pt/; http://www.bullying.org;
  3. APAV - http://www.apavparajovens.pt/

Andreia Eunice Pinto Magina, Enfermeira Especialista em Saúde Mental e Psiquiátrica. Licenciada em Ciências da Educação. Instrutora de Massagem Infantil certificada pela IAIM - Unidade de Cuidados na Comunidade do ACES EDV II – Aveiro Norte

Autor: 
Andreia Eunice Pinto Magina
Nota: 
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