Qual é a diferença?

Alergia alimentar e intolerância alimentar

Atualizado: 
03/07/2019 - 11:56
Muitas pessoas confundem alergia alimentar com intolerância alimentar. Se você não sabe o que as diferenciam, descubra o que acontece em cada uma delas.
Talheres e prato com símbolo de perigo de morte

As alergias e intolerâncias alimentares produzem sintomas semelhantes, mas envolvem mecanismos diferentes. Há por isso muita tendência em confundir uma coisa com a outra, mas enquanto as alergias aos alimentos envolvem reacções imunológicas; as intolerâncias aos alimentos envolvem vários mecanismos não imunológicos diferentes, alguns dos quais não são completamente compreendidos.

Alergia alimentar

A alergia alimentar ocorre quando o sistema imunitário (defesas do organismo) acredita que uma substância alimentar inofensiva para o organismo, é perigosa, e reage libertando histamina e outras substâncias para "combater” o "intruso”. Assim, no instante em que o indivíduo ingere o alimento, o sistema imunitário começa a "defender" o corpo e a libertar substâncias químicas que causam os vários sintomas de alergia - dor abdominal, vómitos, diarreia, urticária, asma, tosse, etc. - e que podem afectar o sistema respiratório, o sistema digestivo, a pele e/ou o sistema cardiovascular. Em casos sérios, essa reacção pode levar a uma queda rápida da pressão arterial e a uma reacção dramática, potencialmente fatal, conhecida como choque anafilático, que pode interferir na capacidade da pessoa respirar.

A maioria dos alimentos pode desencadear uma resposta alérgica, mas a preparação e confecção e a acção do ácido digestivo e das enzimas destroem este potencial. Os alimentos frequentemente envolvidos na alergia alimentar são os que possuem alto teor de proteína, principalmente os de origem vegetal e marinha. Entre os principais alimentos que apresentaram reacções alérgicas encontram-se o milho, o arroz, o centeio, as nozes, o camarão, os mariscos, o peru, a carne de porco e bovina, a banana, a abóbora e a batata.

Apesar de poder afectar qualquer pessoa, sabe-se que o maior número de casos está presente na fase da amamentação, seguida pela infância e depois nos adultos. Os principais factores relacionados com a alergia alimentar são a hereditariedade, a exposição aos alimentos que provocam alergia e a permeabilidade gastrointestinal, embora os factores ambientais possam acentuar os sintomas da alergia.

Intolerância alimentar

Na intolerância alimentar ocorrem reacções adversas ocasionadas pelos alimentos, mas que não envolve o sistema imunitário. Embora não sejam conhecidos todos os mecanismos envolvidos na intolerância alimentar, a intolerância mais comum é a do leite e é provocada pela falta da enzima lactase responsável pela digestão do açúcar presente no leite (lactose). Apesar de apresentarem causas distintas, os sintomas presentes na intolerância alimentar são os semelhantes ao da alergia alimentar e, por isso, muitas vezes se confunde intolerância com alergia.

Entre as substâncias relacionadas com intolerância estão os conservantes, os intensificadores de sabor, os corantes, os antioxidantes e a ausência de enzimas.

As principais reacções da intolerância alimentar incluem:

- Libertação não alérgica de histamina - Os mariscos e os morangos causam esta reacção em alguns indivíduos, que geralmente desenvolvem erupções cutâneas.
- Defeitos nas enzimas - Indivíduos com uma deficiência de lactase, por exemplo, não podem digerir o açúcar do leite, lactose. Devem, portanto, excluir este alimento, bem como todos os que contenham lactase, da sua dieta alimentar.
- Reacções farmacológicas - Estas ocorrem em resposta a componentes alimentares, como as aminas. As aminas são encontradas em alimentos que contêm nitrogénio, por exemplo, aminoácidos em alimentos como chá, café, bebidas de cola e chocolate. Os efeitos podem ser desencadeados por pequenas quantidades do alimento e incluem enxaqueca, tremores, sudorese e palpitações.
- Efeitos irritantes - Alimentos como o caril podem irritar o intestino. O glutamato monossódico (sal sódico do ácido glutâmico, um aminoácido presente em todas as proteínas animais e vegetais) pode causar uma doença conhecida como a síndrome do restaurante chinês, que resulta em dor no peito, palpitações e fraqueza.

Diagnóstico de alergia ou intolerânica alimentar

Para o diagnóstico de alergia e/ou intolerância alimentar deve ser feito o levantamento da história familiar, descrição dos sintomas e o tempo decorrido a partir da ingestão do alimento, lista dos alimentos suspeitos e a quantificação do alimento para o aparecimento dos sintomas, para além de exames físicos e testes bioquímicos e imunológicos.

Existem, actualmente técnicas (biorressonância/biofeedback) que vieram revolucionar a forma de diagnosticar as intolerâncias alimentares. Trata-se de um processo não invasivo, indolor e com um simples toque nas extremidades dos polegares, o aparelho envia um estímulo ao organismo, gerando impulsos nervosos e tendo como resposta uma frequência. O equipamento analisa o nível de compatibilidade do organismo com os alimentos, identificando no final as tolerâncias e intolerâncias aos mesmos. No final, recebe um relatório com a identificação dos alimentos nos respectivos grupos e a indicação dos alimentos que deve evitar, daqueles que deve ingerir de forma moderada e daqueles que deve manter e/ou reforçar na sua dieta alimentar.

Também o diagnóstico da alergia alimentar pode ser feito através da sua história médica, mas muitas vezes a opção é a realização de testes de diagnóstico:

Teste cutâneo prick test - para a detecção de alergias este é o mais comum porque é barato, fácil de fazer e geralmente confiável. É realizado com uma punção na pele com uma solução do alimento suspeito. O teste positivo vai dar uma reacção semelhante a um pequeno solavanco. A desvantagem deste teste é que ele é desconfortável e para crianças com eczema ou outras doenças da pele, os resultados podem ser difíceis de interpretar. Em crianças com alergias graves, até mesmo uma pequena quantidade de alimentos injectados na pele podem provocar reacções significativas. Outro dos problemas com os testes cutâneos é que o doente não pode tomar qualquer anti-histamínico aproximadamente duas semanas antes do teste. Para as crianças com rinite alérgica ou outras alergias fortes, pode ser impossível passar duas semanas sem tomar anti-histamínicos.

Teste RAST (radioallergosorbent) - é um exame de sangue que detecta anticorpos IgE específicos no sangue.

Provocação Oral Duplo Cego Placebo Controlado (TPODCPC) - Neste teste, habitualmente feito em ambiente clínico/hospitalar, o doente tem de ingerir cápsulas que contêm alimentos suspeitos e outros que contenham açúcar.

Prevenção e tratamento

Qualquer indivíduo com suspeita de ter uma alergia alimentar deve ser diagnosticado e tratado por um médico e um nutricionista.

O melhor tratamento da alergia e da maioria das intolerâncias alimentares é a exclusão dos alimentos causadores, ou redução da sua quantidade, na sua dieta alimentar. É, por isso, muito importante que leia os rótulos dos alimentos com o objectivo de identificar as substâncias alérgicas. No entanto, não é seguro tentar excluir alimentos suspeitos da sua dieta por conta própria, uma vez que se for necessário usar uma dieta muito restritiva, há risco de surgirem deficiências nutricionais. Isto é especialmente importante para crianças, que precisam de um suprimento adequado dos nutrientes certos para crescer normalmente e manter uma boa saúde.

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Nota: 
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