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Acidente Vascular Cerebral: dos fatores de risco ao tratamento

Atualizado: 
11/11/2019 - 12:20
Em Portugal, o Acidente Vascular Cerebral continua a ser a principal causa de morte e de incapacidade permanente. Atualmente, por hora, três portugueses são vítimas de um AVC. A especialista em neurologia, Isabel Henriques, descreve neste artigo os fatores de risco, os sintomas e o tratamento daquela que é a doença vascular cerebral mais frequente.
Radiografia de crânio com zona assinalada a vermelho

Um AVC é uma doença do cérebro que acontece quando o sangue numa artéria cerebral é interrompido (AVC isquémico) ou se espalha, quando uma artéria do cérebro se rompe (AVC hemorrágico).

O cérebro contem muitas células nervosas as mais conhecidas são os neurónios mas estas estão englobadas numa enorme rede de artérias cerebrais que permitem que o cérebro funcione.

Como o sangue é essencial para o funcionamento cerebral (pois as células cerebrais não produzem a sua própria energia), a interrupção do sangue para uma zona do cérebro faz com que as funções de comando que essa zona do cérebro exercia deixem de se fazer. Assim, se faltar sangue em zonas responsaveis pela fala, o doente deixa de falar, se faltar sangue onde o cérebro comanda a força de um braço ou perna esses deixaram de ter força porque o comando dessa parte do corpo deixou de funcionar.

Assim, dependendo da localizacao no cérebro das artérias que se ocluam (entupam) ou rompam, assim o doente terá sintomas diferentes, conforme o local do cérebro que foi afectado.

Sinais de alarme

Os sinais de alarme para a ocorrência de um AVC são a presença de diminuição de força num braço, dificuldade em falar ou o doente apresentar assimetria da face (a chamada “boca ao lado”)

Neste caso deve ser imediatamente ligado o 112 e ser explicado o que o doente está a sentir pois se trata de uma suspeita de AVC.

Assim, não é correcto ir a correr para o Hospital mais próximo, pois este pode não ter capacidade para tratar AVC na fase aguda e assim o gesto correcto, se aparecerem estes sinais de alarme, é ligar o 112 para não se perder tempo com uma deslocação desnecessária. Esta chamada activa uma Via Verde que permite a comunicação e transporte dos doentes com suspeita de AVC para o local correcto.

Tratamento

O tratamento dos AVC isquémicos na fase aguda pode nalguns casos incluir a retirada do trombo ou embolo que o causou. Para isso o doente deve ir o mais rapidamente possivel para um serviço em que estas técnicas se efectuam e daí a necessidade de contactar o 112 antes de tudo.

O tratamento na fase aguda inclui tambem o internamento em unidades de AVC de modo a estabilizar o doente e a estudar a presumivel causa do AVC, passo fundamental para evitar a repetição de um AVC pela mesma causa.

Fatores de risco

Dentro dos factores de risco modificáveis mais conhecidos para AVC incluiu-se a hipertensão arterial, a Diabetes, o tabagismo, as dislipidemias (colesterol ou triglicerídeos elevados) e a obesidade. O controlo destes factores de risco permite diminuir o risco de AVC (bem como de outras doenças vasculares) bem como a sua recorrência.

Reabilitação

Após o AVC é frequentemente necessário um período de reabilitação que pode incluir técnicas de fisioterpia, terapia da fala, terapia ocupacional e treino cognitivo pois as sequelas dos Avc não são apenas motoras.

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Autor: 
Professora Doutora Isabel Henriques – Neurologista Hospital Lusíadas Lisboa
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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