Os sintomas da constipação resultam da inflamação da mucosa da orofaringe e nasal e não surgem todos em simultâneo. Geralmente, o primeiro sintoma a surgir é a irritação faríngea, em 50% dos casos, em que o doente refere garganta irritada, “arranhada”. A dor de garganta pode não se distinguir de uma infecção bacteriana ou amigdalite apesar de em 70% dos casos ser de origem vírica e seja de curta duração e autolimitada. A gravidade do desconforto, a duração dos sintomas, a presença de mal estar geral e a aparência da garganta permite distinguir entre o tratamento com recurso a medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) ou dirigir o doente para o médico. Embora as dores de garganta estejam geralmente associadas à constipação, elas podem significar situações ou infecções mais graves, que importa identificar e diferenciar, para dirigir o doente ao médico, se for o caso. Das situações mais graves de dor de garganta em que o médico deve ser consultado, destacam-se:
Clinicamente é difícil distinguir entre faringite vírica e a bacteriana. A presença de pontos brancos sobre as amígdalas, por exemplo, não é necessariamente indicativa de infecção bacteriana porque na faringite estreptocócica é possível que a faringe tenha uma aparência quase normal, sem exsudado, tornando-se difícil o diagnóstico diferencial apenas pelo aspecto da faringe, também, por outro lado, é impraticável na prática clínica fazer-se a pesquisa sistemática do agente causal, o que mais dificulta o diagnóstico. De um modo geral, o médico, quando medica, presume que a faringite é de origem bacteriana por isso prescreve um antibiótico, embora saiba que provavelmente não seria necessário, visto tratar-se de uma infecção viral; no entanto os riscos de deixar uma infecção estreptocócica sem tratamento são elevados pelo que ele não os quer correr.
Pelo segundo dia da constipação, a dor de garganta atenua-se e surge a sintomatologia nasal (80 a 100% dos casos), que se traduz espirros, rinorreia (pingo no nariz) e congestão nasal (nariz tapado). Podem ainda ocorrer mialgias e mal-estar geral.
Podem ocorrer na constipação e na rinite alérgica. Nesta, os espirros adquirem uma frequência repetitiva e paroxística, sendo acompanhados de formigueiro ou prurido nasal, o que ajuda a distinguir dos espirros da constipação que são ocasionais e geralmente não se acompanham de prurido.
A rinorreia surge na constipação e na rinite alérgica.
Na constipação, a rinorreia no início é transparente e fluida, mas à medida que a constipação prossegue torna-se espessa, opaca e amarelada, devido ao grande número de células epiteliais mortas e aos leucócitos, podendo ter aspecto purulento sem que isso signifique que haja infecção bacteriana secundária. O início, frequência e gravidade sintomática da rinorreia depende do tipo de vírus infetante.
Constitui um sintoma muito desagradável da constipação, o muco excessivo que pode acompanhá-la, particularmente quando purulento, sugere infecção. Na rinite alérgica o muco é geralmente claro e aquoso, tal como sucede nas fases iniciais da constipação.
A congestão nasal também pode ser provocada por alguns medicamentos que inibem o fluxo simpático, como anti-hipertensores (ex.: metildopa e clonidina), bloqueadores beta adrenérgicos e por contracetivos orais.
A inflamação da traqueia ou dos brônquios pode manifestar-se por uma sensação de irritação e de congestão do peito. A tosse surge em cerca de 20% dos casos de constipação, devido à conjunção de diversos fatores: inflamação dos brônquios e estimulação dos receptores da tosse a nível da faringe e laringe, pela inflamação e pela rinorreia posterior, sendo esta última a principal causa da tosse se agravar à noite, com o doente na posição deitada. A tosse segue um padrão ao longo do tempo, no início é seca e, à medida que o tempo passa torna-se produtiva, pelo aumento das secreções brônquicas e de restos da atividade fagocitária. No final da constipação, a tosse volta a ser seca, residual.
As vias aéreas constituem um sistema defensivo com três tipos de acção que constituem as defesas naturais e que podem relacionar-se com o aparecimento da tosse. Assim, as três linhas de defesa são:
Uma mucosa bem húmida é condição fundamental para a mucocinese. O aquecimento e a humidificação do ar na cavidade nasal, bucal e traqueia são condições indispensáveis ao seu bom funcionamento, facilitando, por consequência, a eliminação das partículas estranhas.
O reflexo da tosse é um, dos diversos mecanismos de defesa, do aparelho respiratório, desencadeando-se por zonas reflexogéneas que, uma vez estimuladas a desencadeiam. Este reflexo tem três componentes nervosos:
1. Receptores na mucosa do trato respiratório superior, sensíveis à estimulação química ou mecânica, que ativam a descarga de impulsos aferentes (vagais) colinérgicos das fibras nervosas, dirigidos ao centro da tosse;
2. Centro da tosse;
3. Impulsos eferentes que partem do centro da tosse e, são transmitidos, através dos nervos colinérgicos, originando contracções do diafragma, dos músculos abdominais e intercostais, da qual resulta, a rápida expulsão de ar dos pulmões, levando consigo o muco e as partículas irritantes, presentes na superfície da mucosa respiratória.
O acto de tossir implica três mecanismos consecutivos:
1. Inspiração profunda que termina com a oclusão da glote;
2. Contracção de musculatura torácica e abdominal, com a glote ainda fechada, o que faz com que aumente consideravelmente a pressão intratorácica;
3. Expulsão ruidosa de ar (tosse) quando o ar é expulso a grande velocidade, provocando o "ruído da tosse" ocorrendo quando a pressão intratorácica é suficiente para vencer a resistência da glote.
A mucocinese corresponde ao movimento dos cílios que atapetam as vias respiratórias. As mucosidades da árvore traqueobrônquica quando são colocadas em movimento pelos cílios vibráteis transportam as partículas estranhas, através do aparelho respiratório, eliminando-as. Associada ao reflexo da tosse, a mucocinese constitui também um mecanismo de defesa importante. A mucocinese necessita para se efetuar efetivamente, de uma tosse adequada, do movimento ciliar, de boa consistência do muco e, finalmente, que as vias respiratórias estejam em bom estado. A função protetora do muco exerce-se por uma tripla acção:
O muco produzido pelas células caliciformes e glândulas de mucosa brônquica, é constituído por duas camadas: uma viscosa, de dois micra de espessura, que flutua sobre a camada aquosa, de cinco micra de espessura, como um "óleo à superfície da água". A secreção das células caliciformes não está sob dependência do sistema nervoso, nem do sistema hormonal e, é quase impossível intervir farmacologicamente nesta função.
As glândulas seromucosas, provavelmente responsáveis pela fase aquosa do muco, são enervadas pelo sistema colinérgico.
No decurso de, certos processos patológicos (infecção, bronquite crónica, etc.) as células mucossecretoras sofrem transformações como hiperplasia, hiperatividade e por vezes, metaplasia (em células anormais), que têm, como efeito, o aumento, da produção de mucosidades, difíceis de remover.
A tosse é originariamente um sintoma de alerta e um reflexo de proteção, tendente a expulsar substâncias estranhas contidas nas vias áreas.
A tosse, aguda ou crónica, não deve ser considerada como um fenómeno banal porque pode representar um reflexo de defesa benéfico (eliminação duma hipersecreção brônquica patológica), um reflexo de alarme (inalação dum corpo estranho, substância irritante ou alergénica) ou ser o sintoma revelador duma afecção benigna ou maligna.
A causa mais comum da tosse é a infecção minor, do trato respiratório superior causada por invasão bacteriana ou, mais vulgarmente vírica.
Existe ainda uma tosse de causa iatrogénica, quando induzida por exemplo, pelos inibidores da enzima de conversão da angiotensina I em II, numa frequência que atinge os quinze por ceno dos doentes submetidos a esta terapêutica. É uma tosse seca, penosa, porque muitas vezes é quase permanente, surge algumas semanas ou meses após o início do tratamento e, desaparece poucos dias até 3 semanas, após a sua interrupção. Os bloqueadores beta adrenérgicos, mesmo sob a forma de colírio, podem igualmente estar na origem duma tosse iatrogénica, o mesmo sucedendo com uso de diversos aerossóis.
Para classificar a tosse podem considerar-se vários critérios, quanto à expectoração, duração e características da expectoração:
1. Quanto à expectoração:
2. Quanto à duração:
3. Quanto às características da expectoração:
As características da expectoração podem dar indicações sobre a gravidade da situação respiratória, sendo um auxiliar precioso na orientação do diagnóstico e da terapêutica a seguir. A expectoração pode ser:
A constipação é geralmente afebril no entanto o doente pode sentir-se febril e ter arrepios e febre baixa. Na criança pode surgir febre, entre 38 e 39ºC. O envolvimento dos seios perinasais pode provocar dor de cabeça. Podem ainda estar presentes: mialgias e sintomas de sinusite (rigidez e edema dos sinus, tonturas, sensação de cabeça cheia juntamente com muco purulento).
Apesar da constipação ser uma infecção benigna, há circunstâncias que requerem avaliação clínica pelo que o doente deve ser encaminhado para uma consulta médica, destacando-se:
Ligações
[1] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/gripes-e-constipacoes-podem-originar-perdas-auditivas
[2] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/constipacao-comum
[3] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/gripe-ou-constipacao
[4] https://www.atlasdasaude.pt/foto/shutterstock
[5] https://www.atlasdasaude.pt/taxo-categories/sistema-respiratorio
[6] https://www.atlasdasaude.pt/taxo-categories/informacao-sazonal
[7] https://www.atlasdasaude.pt/autores/prof-doutora-maria-augusta-soares