São parasitas cilíndricos, havendo cerca de 60 espécies capazes de viver no homem, sendo os mais conhecidos e frequentes, o Ascaris lumbricoides (lombriga), e o Enterobius vermicularis (oxiúre). São parasitas de corpo redondo e filamentoso não anelado cujo comprimento varia entre milímetros a 2 metros.
O ciclo de vida varia entre 2 espécies, o homem, hospedeiro principal e hospedeiros intermédios (pequenos animais como o caracol) e a infestação pode resultar da ingestão de alimentos contaminados. Os ovos são capazes de sobreviver anos no chão húmido, onde podem germinar formando-se larvas que atingem o ser humano quando ele ingere os alimentos contaminados.
As larvas podem passar à corrente sanguínea e disseminar-se por várias partes do corpo, como pulmões, retornando ao intestino onde atingem a fase adulta, que põe os ovos que são eliminados pelas fezes.
Os sintomas dependem da espécie infestante, podendo cursar assintomática. Uma infestação grave em crianças pode conduzir a um estado se deficiência nutricional, ao atraso no crescimento e mal-estar geral. Podem surgir:
Nos pulmões, podem ocasionar ruídos respiratórios, tosse, entre outros problemas. Podem ainda surgir sintomas específicos de cada tipo de parasita.
A base da prevenção da infestação por nematodes consiste nas melhorias sanitárias e educação populacional.
Nos países em que a infestação por nematodos é frequente, pode ser prevenida a infestação individual evitando ingerir alimentos crus, vegetais e saladas. As crianças não devem brincar em locais com condições sanitárias deficientes, em zonas em que as fezes humanas são usadas como fertilizantes. A lavagem das mãos é indispensável antes e após comer, beber ou tocar em alimentos, ir ao toilete ou mudar fraldas.
É provocada por Enterobius vermicularis, que afeta muitas crianças atingindo também o adulto, podendo ser facilmente identificado pelo farmacêutico e tratado com Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM). Pode afetar cerca de 20% das crianças, atingindo 65% da população institucionalizada.
Os oxiúres são parasitas pequenos, finos, brancos entre 2 mm e 13 mm de comprimento que infetam os intestinos.
Os oxiúros vivem cerca de 5-6 semanas nos intestinos. A infestação resulta da ingestão de ovos que atingem a fase matura nos intestinos. Após acasalamento, o macho morre e a fêmea desloca-se para o cego e reto e coloca os ovos durante a noite na área perianal ficando presos à mucosa e à pele. Os ovos que aí permanecem podem transformar-se em larvas que retornam ao intestino. O prurido ocasionado pelos ovos na região perianal provoca coceira e transferência dos ovos para as mãos seguidas de ingestão. Este ciclo perpetua a infestação no mesmo indivíduo, podendo ser transmitido a terceiros através de objetos contaminados, como roupa da cama, vestuário, etc.
Os ovos podem sobreviver até 2 semanas fora do corpo e, os que caem do ânus ficam na roupa individual e da cama podendo, ao serem dispersos, passar a contaminar a poeira da casa e o chão e ser inalados por terceiros. Nas instituições a transmissão é facilitada pelo contato entre as pessoas.
O sintoma mais desagradável é o prurido e o desconforto na região perianal, que pode acordar o doente durante a noite e provocar insónia. Pode ocorrer redução do apetite e perda de peso. A coceira pode ferir o ânus e, quando a infestação é intensa pode surgir dor anal e provocar irritação. No género feminino, quando o tratamento não é atempado pode ocasionar vaginite. O parasita pode colocar ovos na vagina ou uretra, pelo que o médico deve observar a mulher com sintomas de corrimento vaginal, cama molhada ou problemas urinários.
Identifica-se a infestação pela presença dos parasitas brancos de cerca de 1 cm sobre as fezes e por vezes sem volta do ânus e ainda, pelo prurido anal.
Pode suspeitar-se de oxiuríase quando há prurido anal intenso durante a noite e, para confirmar a presença de ovos, pode colocar-se um adesivo na região anal à noite que, quando retirado de manhã, é observado ao microscópio para identificação de ovos e eventualmente larvas.
O tratamento inclui medicamentos e medidas de higiene pessoal para evitar a manutenção do ciclo de infestação e de infestação de terceiros.
As recomendações gerais para pessoas com oxiuríase podem resumir-se da seguinte forma:
A criança com oxiuríase pode ir à escola mas devem ser mantidas as medidas de higiene para que ela não tenha ovos nos dedos e unhas, devendo reforçar-se a higiene antes de sair para a escola para não contaminar terceiros.
Dado que a medicação mata os parasitas mas não os ovos, que podem sobreviver 2 semanas, as medidas de higiene devem manter-se durante este período de tempo para evitar a ingestão ou inalação dos ovos. Na presença de infestação num elemento do agregado familiar, todo o agregado deve ser tratado ao mesmo tempo, mesmo indivíduos assintomáticos, para que haja erradicação da infestação.
Os bebés até 3 meses de idade devem ser sujeitos só a medidas de higiene.
Como medidas de higiene é fundamental primeiro destruir os ovos que estão em casa, através das seguintes medidas:
Depois, todos os membros do agregado familiar devem ter os seguintes cuidados, durante 2 semanas:
Medidas de higiene pessoal para evitar que se contamine de novo:
Note-se que pode não ser a casa a principal fonte de contaminação, mas a escola, particularmente se os toiletes forem limpos inadequadamente, podendo ser esta a causa da criança manter a infestação.
Durante o primeiro trimestre da gravidez não devem ser tomados anti-helmínticos, no entanto as medidas de higiene podem ser efetivas.
Como os parasitas morrem ao fim de 6 semanas, desde que não se ingiram de novo, ovos ou larvas, evita-se a reinfestação. Assim, se as medidas de higiene forem mantidas durante 6 semanas pode quebrar-se o ciclo de reinfestação pela libertação dos oxiúros pelos intestinos.
Durante o 2º e 3º trimestre, o médico decide se é adequada a terapêutica medicamentosa, administrando-se habitualmente o mebendazol.
Durante a amamentação, o tratamento de escolha são também as medidas de higiene, mantidas durante 6 semanas. Colocando-se a questão do tratamento medicamentoso, o médico recomenda habitualmente o mebendazol.
Provocada pelo Ascarides lumbricoides (lombriga), parasita que infesta o homem numa prevalência muito inferior à oxiuríase provocando consequências mais prejudiciais. Na suspeita desta infestação o doente deve ser dirigido para o médico embora possa ser tratado com MNSRM.
É uma infestação menos fácil de identificar do que a oxiuríase.
Os ovos são ingeridos através dos alimentos e da água contaminados com fezes e eclodem nos intestinos. As larvas passam pela corrente sanguínea e sistema linfático migrando para o pulmão, fígado, traqueia e esófago, regressando aos intestinos. As infestações ligeiras podem ser assintomáticas mas as graves podem ocasionar perturbações intestinais graves e por vezes fatais.