A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica [1] (DPOC) caracteriza-se pela limitação do débito aéreo acompanhada por dificuldade respiratória, tosse [2] e aumento da produção de expectoração. A dificuldade respiratória é devida à obstrução das vias respiratórias aéreas provocada por enfisema ou por bronquite crónica [3].
O enfisema é uma dilatação dos pequenos sacos de ar dos pulmões (alvéolos) e a destruição das suas paredes. A bronquite crónica manifesta-se como uma tosse crónica persistente que produz expectoração e que não se deve a uma causa clínica perceptível, como o cancro do pulmão. As glândulas brônquicas dilatam-se, provocando uma secreção excessiva de muco.
Trata-se de uma doença de carácter progressivo, parcialmente irreversível, que provoca graves limitações, podendo conduzir a incapacidade e morte prematura. A taxa de mortalidade associada a DPOC, ao nível mundial, tem vindo a aumentar, embora este efeito esteja também relacionado com o envelhecimento da população.
Segundo os dados da Organização Mundial de Saúde é a segunda causa, depois das doenças cardíacas, de incapacidade laboral, sendo também a quarta causa mais frequente de morte. Mais de 95 por cento de todas as mortes provocadas por DPOC verificam-se em pessoas com mais de 55 anos. É mais frequente nos homens que nas mulheres e tem maior mortalidade nos primeiros. A mortalidade é também mais alta na etnia branca e nos operários do que nos trabalhadores administrativos.
Em Portugal, a DPOC atinge mais de 500 mil portugueses, sendo a sexta causa de morte a nível nacional. Cerca de 600 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de DPOC, sendo que destes, 3 milhões morrem todos os anos. Estima-se que 1 em cada 10 adultos com mais de 40 anos sofra de DPOC.
A doença pulmonar obstrutiva crónica aparece muito frequentemente em pessoas que trabalham num ambiente contaminado por vapores químicos ou poeiras não tóxicas, uma vez que estas substâncias podem aumentar o risco. No entanto, a principal causa da doença é o fumo do tabaco [4]. A DPOC desenvolve-se, aproximadamente, em 10 a 15 por cento dos fumadores.
As principais causas para desenvolver DPOC são o tabaco. Em 80 a 90 por cento dos doentes há ou houve exposição ao tabaco. Também a exposição a certas poeiras, vapores, produtos irritantes ou fumos podem desenvolver a doença, independentemente de ser ou não fumador. A poluição atmosférica é um factor de agravamento. Alguns poluentes ocupacionais, como o cádmio e a sílica, aumentam igualmente o risco. As pessoas com maior risco a este tipo de poluição ocupacional são os trabalhadores da construção, mineiros e os indivíduos que trabalham com metal e algodão.
Todas as formas de doença pulmonar obstrutiva crónica fazem com que o ar fique retido nos pulmões. Nas primeiras fases da doença, a concentração de oxigénio no sangue está diminuída, mas os valores de dióxido de carbono permanecem normais. Nas fases mais avançadas, os valores de dióxido de carbono elevam-se enquanto os do oxigénio diminuem ainda mais.A DPOC desenvolve-se progressivamente, por isso, muitas vezes o doente só recorre ao médico quando a doença já está numa fase avançada. Assim, os sintomas iniciais da doença podem aparecer ao fim de 5 a 10 anos.
A tosse, a pieira [5], a sensação de falta de ar e as secreções, principalmente ao levantar, são os principais sintomas. A tosse é geralmente ligeira e, com frequência, considera-se como uma tosse "normal” de fumador, já a expectoração, com frequência, se torna amarela ou verde devido à presença de pus e podem tornar-se mais frequentes. Uma respiração sibilante também é habitual embora seja mais evidente para os membros da família do que para o próprio doente.
Numa fase mais avançada da doença surge a dispneia de esforço, que se torna progressiva, e o doente sente falta de ar nas actividades diárias mais simples, como lavar-se, vestir-se e/ou preparar as refeições.
A DPOC é frequentemente suspeita pela presença de sintomas – tosse, expectoração, sensação de falta de ar e/ou pieira [5] – num indivíduo que fuma, fumou ou que esteve exposto a gases nocivos.
No entanto para que o diagnóstico seja rigoroso deverá ser confirmada a obstrução das vias aéreas ou seja, verificar que não se altera no dia-a-dia ou em resposta ao tratamento. Isto porque por vezes, a DPOC é confundida com outras doenças do sistema respiratório, como a asma [6]. Embora os sintomas sejam semelhantes, as origens das duas doenças são diferentes.
O exame mais frequentemente utilizado para avaliar a função dos pulmões chama-se espirometria, uma técnica que permite medir a quantidade de ar obstruído. Numa pessoa que sofre desta doença, o exame mostra uma redução do débito de ar durante uma expiração forçada. O especialista pode também entender ser necessário pedir uma radiografia do tórax.
Uma vez que a causa mais importante da DPOC é sem dúvida o tabaco, o tratamento principal consiste em deixar de fumar. E isso é benéfico em qualquer fase da doença. O doente deve também tentar evitar a exposição a partículas irritantes no ar.
Deve também evitar as infecções respiratórias, pois elas agravam a sua condição. Aconselha-se por isso a vacina contra as infecções bacterianas e contra a gripe [7].
Trate as infecções respiratórias: em geral não se acompanham de febre [8]. Reconhecem-se pela cor amarela da expectoração, pelo aumento da viscosidade da expectoração que se torna mais difícil de expulsar.
É igualmente importante manter uma alimentação equilibrada e, se for o caso, reduzir o peso, de forma a não sobrecarregar as vias respiratórias e o pulmão. Pode praticar exercício físico [9], tendo em conta que não pode esforçar-se e ir além das suas capacidades.
Em termos medicamentosos, existem diversas opções, mas deve ser o seu especialista a indicar qual a mais adequada ao seu caso. O objectivo será sempre combater a falta de ar e o cansaço fácil. Poderá, inclusive, ser-lhe indicada reabilitação respiratória ou ter de fazer oxigenoterapia para reduzir a dispneia.
Ligações
[1] http://www.atlasdasaude.pt/publico/content/doenca-pulmonar-obstrutiva-cronica-0
[2] http://www.atlasdasaude.pt/publico/content/tosse
[3] http://www.atlasdasaude.pt/publico/content/bronquite-cronica-0
[4] http://www.atlasdasaude.pt/publico/content/o-tabaco
[5] http://www.atlasdasaude.pt/publico/content/pieira
[6] http://www.atlasdasaude.pt/publico/content/asma
[7] http://www.atlasdasaude.pt/publico/content/gripe
[8] http://www.atlasdasaude.pt/content/febre
[9] http://www.atlasdasaude.pt/publico/content/exercicio-fisico
[10] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/importancia-do-exercicio-fisico-no-doente-com-dpoc
[11] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/doenca-pulmonar-obstrutiva-cronica-atinge-800-mil-portugueses
[12] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/reeducacao-respiratoria
[13] https://www.atlasdasaude.pt/fonte/manual-merck
[14] https://www.atlasdasaude.pt/fonte/paraquenaolhefalteoarcom
[15] https://www.atlasdasaude.pt/foto/shutterstock
[16] https://www.atlasdasaude.pt/taxo-categories/sistema-respiratorio
[17] https://www.atlasdasaude.pt/taxo-categories/tabaco-alcool-e-drogas