Quem não teve já a sensação de que o estômago está a arder e essa queimadura sobe até à garganta?! Quase todos nós. É verdade é uma sensação muito frequente e chama-se azia [1]. “A azia é um sintoma que se estima que afecte cerca de 10% da população portuguesa”, refere Teresa Laginha, especialista em Medicina Geral e Familiar que explica como se caracteriza a azia: “A azia ocorre quando o esfíncter inferior do esófago - porção do tubo digestivo que se segue à boca e que se continua no estômago, não está competente. Quando esta situação se verifica, uma pequena quantidade de ácido do estômago flui para o esófago e agride o seu revestimento. Ao contrário do estômago, o esófago não tem uma protecção natural contra os conteúdos ácidos. Quando a mucosa do esófago é colocada em contacto com o ácido gástrico, pode ocorrer uma sensação de ardor, que pode ser também acompanhada por desconforto e dor no peito, garganta e estômago, tosse e regurgitação de ácido – sintomas que podem durar de alguns minutos até algumas horas”.
Apesar de poder afectar qualquer indivíduo em qualquer altura da vida, as pessoas com excesso de peso, as polimedicadas e as grávidas são os grupos mais afectados pela azia.
Frequentemente acompanhada da azia coexiste também a sensação se digestão difícil ou de enfartamento que se define por um “sentimento indefinido de desconforto no abdómen superior ou no estômago, durante ou depois das refeições. Pode ser acompanhado de sensação de ardor, calor ou dor na área entre o umbigo e a parte inferior do esterno e/ou uma sensação de plenitude, que é desconfortável e ocorre pouco depois de se começar a comer ou no fim da refeição. Já o aumento de volume abdominal ou as náuseas são sintomas menos comuns”, explica a especialista, acrescentando que “as duas situações – azia e enfartamento - não surgem necessariamente em simultâneo, embora muitas pessoas refiram sintomas compatíveis com os dois sintomas”.
Para evitar este desconforto, há que antecipar a situação e prevenir o mal-estar: coma devagar e mastigue muito bem todos os alimentos, faça refeições com porções menores, e procure limitar a ingestão de café e de bebidas alcoólicas. Atenção também à ingestão de fritos, de alimentos com muita gordura ou muito ácidos, como é o caso das frutas cítricas.
Não se deite para dormir logo a seguir à sua última refeição, espere no mínimo duas horas antes de se deitar. Movimente-se, para fazer uma melhor digestão dos alimentos pesados que acabou de ingerir.
Por outro lado, a toma de antiácidos podem constituir uma ajuda para controlar os sintomas da azia e do enfartamento. “Os antiácidos funcionam através da formação de uma barreira de protecção, que ajuda a manter os conteúdos no estômago, evitando que passem para o esófago, onde são prejudiciais. São uma opção segura e indicada para o tratamento desses sintomas e devem ser tomados após as refeições e ao deitar”, explica a especialista em Medicina Geral e Familiar. Porém, como para outras situações clínicas, a persistência do sintoma e a sua intensidade devem implicar uma consulta médica para estudo das causas e despiste de situações mais graves.
A azia e o enfartamento têm causas semelhantes:
Para evitar a azia e reduzir as suas causas devem ser feitas algumas mudanças no estilo de vida e dieta. É aconselhável:
Para finalizar Teresa Laginha recorda que, “se os sintomas forem severos e não desaparecerem com as medidas descritas, deverá ser consultado o médico ou farmacêutico”.
Por expressa opção do autor, o texto não respeita o Acordo Ortográfico
Ligações
[1] https://www.atlasdasaude.pt/artigos/azia
[2] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/gorduras-alimentares
[3] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/fibras-alimentares
[4] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/doencas-digestivas-mais-frequentes
[5] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/plantas-e-os-problemas-digestivos
[6] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/refluxo-gastroesofagico
[7] https://www.atlasdasaude.pt/foto/shutterstock
[8] https://www.atlasdasaude.pt/taxo-categories/sistema-digestivo
[9] https://www.atlasdasaude.pt/taxo-categories/alimentacao-receitas-e-dietas
[10] https://www.atlasdasaude.pt/autores/celia-figueiredo