Na criança as alergias são, sem dúvida, uma das maiores preocupações dos pais e também uma constante na ida aos serviços de urgência. O número de crianças com sintomas alérgicos vem aumentando ao longo dos anos.
A alergia é uma reação de hipersensibilidade a uma substância geralmente inofensiva. Na presença de um alérgeno, o sistema imunológico da criança libera histaminas e substâncias químicas semelhantes para combater o que considera um agente invasor. As reações alérgicas, por sua vez, não são mais do que uma resposta exagerada do organismo a determinada substância, agravando-se aquando do contacto continuado com a mesma É este mesmo contacto com o alérgeno que leva à libertação de certas substâncias químicas pelo organismo e que resulta na inflamação e irritação das vias aéreas e dos olhos, bem como leva a outros sintomas.
Com a idade as defesas do sistema imunitário aumentam e podem levar a criança a superar as alergias. Os alérgenos mais comuns na idade pediátrica vão desde os fatores externos, que podem propiciar as alergias, como a poluição ou os pólenes aos fatores genéticos. Existem 40% de possibilidades de uma criança sofrer de alergias se um dos pais tiver a mesma condição médica e 60% quando ambos são “alérgicos”. Entre os fatores desencadeantes de alergias, encontram-se o pólen, pêlos de animais, pó caseiro, penas, ácaros, substâncias químicas e vários alimentos.
Em Portugal a principal causa de alergia a pólenes são as gramíneas (fenos), muito frequentes na Primavera, atingindo o seu pico máximo habitualmente durante os meses de Maio e Junho. As concentrações dos pólenes existentes no ar dependem da época de polinização, que é específica para cada planta, sendo mais frequente na Primavera. Alguns autores são unânimes em afirmar que o aleitamento exclusivo nos primeiros seis meses de vida ajuda a reduzir o risco de alergia na infância.
No caso das crianças, e segundo a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC), estas manifestações variam de acordo com a idade, assim como dos alergénicos envolvidos. A mesma entidade explica que podem aparecer alergias logo no primeiro ano de vida, sob a forma de eczema atópico, e, mais tarde, a partir dos 2 anos, sob a forma de asma e rinite.
As manifestações da alergia são de várias formas:
Das patologias associadas as mais comuns são:
Asma
É mais frequente na infância. Na maioria dos casos, aparece antes dos 5 anos e manifesta-se por dificuldade em respirar, pieira, cansaço fácil e tosse.
Rinite, sinusite e conjuntivite alérgica
A rinite é a alergia mais frequente. É comum em crianças e pouco diagnosticada. Está associada à sinusite e à conjuntivite alérgica. Manifesta-se habitualmente por volta dos 3 anos de idade e, normalmente, é provocada por ácaros, grãos de pólen e alergia ao pêlo de animais. Na conjuntivite, os olhos ficam vermelhos, lacrimejantes, inchados e dão comichão. Está associada à rinite sazonal, pelo que os sintomas se confundem.
A melhor forma de lidar com estas situações é a prevenção, assim as recomendações de vários especialistas vão no sentido de:
Existem terapêuticas eficazes na prevenção e no controlo das crises, assim como no tratamento dos sintomas agudos, nomeadamente:
Bibliografia:
Abbas AK et al. Immediate hypersensitivity. In: Abbasm AK, Lichtman AH, Pober JS, editors. Cellular and molecular immunology. 4th ed. Philadelphia: Saunders; 2000. p.424-44.
III Consenso Brasileiro no Manejo da Asma. J Pneumol. 2002;28(supl 1).
Castro, Fábio F. Morato(org); Castro, Marise Lazaretti(org).
Corticosteróides nas alergias respiratórias / Corticosteroids in respiratory allergies. São Paulo; Vivali; 1999
Cesaltina Rodrigues – Enfermeira Especialista em Saúde Infantil e Pediátrica
Ligações
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