Contudo, e acreditando que este ângulo “covidiano” deverá ser auscultado regularmente nos tempos mais próximos, também sabemos que a génese desta problemática não é de agora, nem tão pouco só pelo Covid-19, mas sim pela gigante mudança que as nossas sociedades foram sofrendo nas últimas décadas.
A Era Digital sim. Esta teve, tem e continuará a ter um papel muito mais profundo do que a pandemia na contribuição dos estados depressivos, de isolamento e de falta de IE (Inteligência Emocional) na vida dos jovens. Estamos a alimentar de forma astronómica um processo de individualização que agora ficou “justificado” com o facto de termos mesmo de ter os nossos filhos em casa. Fomos obrigados a estar em casa, mas precisamos de não esquecer as consequências de permitirmos que a única forma de entretenimento sejam as plataformas sociais, jogos e internet. Estas ferramentas exploram quase de forma impercetível, elementos como o preconceito e as vulnerabilidades psicológicas representativas da juventude. Estes meios estão intrinsecamente relacionados com o desejo de autoafirmação e, quase sempre, ao medo de rejeição. Por isso, o uso muito passivo das redes sociais, ainda que seja somente a navegação pelos “posts” alheios, está relacionado a sentimentos negativos como a inveja, rancor e insatisfação com a vida.
Mas não são só as redes sociais. Jogos violentos e esta nova forma de consumo desenfreado de filmes e séries contribuem largamente para os sintomas de depressão, medo, ansiedade patológica, isolamento social e privação de sono. Em qualquer idade, mas especialmente na juventude, o excesso de tecnologia faz com que o indivíduo passe a maior parte do tempo a interagir virtualmente, o que afeta muito o seu desenvolvimento e faz perder outras experiências sociais importantes.
A situação é tão preocupante que já em 2018 a Organização Mundial de Saúde (OMS) incluiu o vício de jogos eletrônicos na classificação das doenças mentais, o problema foi comparado aos casos de dependência química, já que as consequências mentais e físicas são muito semelhantes aos efeitos que as drogas ilícitas causam no organismo de um jovem.
São inúmeras as consequências prejudiciais à saúde relacionadas com o excesso do uso de tecnologia, mas enuncio as 4, provavelmente, mais graves neste âmbito:
O uso de tecnologias veio para ficar e também representa muitos benefícios, mas é preciso atenção e cuidados especiais para ajudar os jovens e adolescentes a superar os impactos altamente negativos deste problema sobre a saúde mental e física.
Neste contexto, o Mentoring pode ter um papel ativo no alívio da carga que representa o modus vivendi dos jovens nos dias de hoje, e também não deve ser descartado o tratamento num hospital ou clínica especializados em saúde mental.
Nos casos, digamos, de sintomas iniciais em que o mote poderá ser desencadear novos hábitos e interesses no jovem, a Mentoria goza de ferramentas e processos que contribuem para essa mudança de forma contínua. Tão ou mais importante do que hábitos, por força da dormência que a Tecnologia traz à mente dos jovens, o desenvolvimento da sua inteligência emocional e técnicas de integração social são também imprescindíveis para o desenvolvimento dos adolescentes e para a diminuição das chances de contrair sintomas depressivos.
Há um longo e novo caminho a fazer, mas a boa notícia é que está ao alcance de todos. Basta querer.