Está em constante estado de alerta, suspeitando de tudo e de todos, e quase sempre se sente atacado. Para o doente com perturbação de personalidade paranoide é difícil confiar em alguém. Mesmo entre amigos ou familiares, tem sempre a tendência para interpretar as suas ações como maliciosas. Este não acredita em demonstrações de afeto e desconfia sempre dos motivos que levam as pessoas a quererem aproximar-se de si.
Na realidade, na perturbação de personalidade paranoide este padrão generalizado de desconfiança leva a que o doente considere que os outros pretendem prejudicá-lo ou enganá-lo, mesmo quando não existem motivos que o levem a pensar assim. Deste modo para além de hipervigilante (não vá ele ser alvo de ofensa, ameaças ou deslealdade), o indivíduo com este transtorno de personalidade, analisa até à exaustão todo os comportamentos na tentativa de justificar as suas suspeitas.
Habitualmente, como hesita em confiar nos outros, evita relacionamentos íntimos com medo de que os outros possam usar informação pessoal contra si. É ainda extremamente ciumento, pelo que pode ser difícil manter uma relação.
Por outro lado, como se sente constantemente atacado ou ofendido, é muito rancoroso e dificilmente concede desculpas.
Embora não seja fácil compreender o que pode estar na origem deste transtorno, pensa-se que “a postura associada aos traços de personalidade paranoide deverá ter sido adaptativa em algum momento do passado, numa situação verdadeiramente perigosa, em que as pessoas que o rodeavam mostravam-se claramente hostis, exploradores ou enganadoras”. Segundo alguns autores, admite-se que o doente com este transtorno possa ter crescido numa família na qual aprendeu que a vigilância era absolutamente fulcral para sobreviver, que o mundo era um lugar perigoso e as pessoas eram egoístas. Por outro lado, coloca-se ainda a hipótese de ter crescido com a ideia (passada pelos seus cuidadores) de que era diferente dos outros ou de que era preciso ser defensivo ou duro para se proteger. Tais ideias podem ter conduzido a este padrão de desconfiança.
Alguns autores sugerem ainda que existe uma clara associação entre este transtorno e o abuso emocional e/ou físico e vitimização na infância. No entanto, o certo é que existem uma maior prevalência deste transtorno em pessoas com história familiar de esquizofrenia ou perturbação delirante.
Para o diagnóstico da Perturbação de Personalidade Paranoide, (de acordo com o DSM-5) o doente tem de apresentar:
Desconfiança e suspeição invasivas em relação aos outros, de tal modo que as suas motivações são interpretadas como malévolas. Tem início na vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por quatro (ou mais) dos seguintes:
A terapia Cognitivo-Comportamental é o tratamento indicado para estes casos, sendo muitas vezes associada à terapêutica farmacológica, no entanto, uma vez que estamos perante um transtorno que leva o doente a suspeitar de tudo e de todos, inclusive do terapeuta, o seu tratamento pode constituir um verdadeiro desafio.
Ligações
[1] https://www.atlasdasaude.pt/fonte/manuais-msd-oficina-da-psicologia-perturbacoes-de-personalidade-manual
[2] https://www.atlasdasaude.pt/foto/pixabay
[3] https://www.atlasdasaude.pt/taxo-categories/sistema-nervoso
[4] https://www.atlasdasaude.pt/taxo-categories/esquizofrenia
[5] https://www.atlasdasaude.pt/autores/sofia-esteves-dos-santos