Inchaço, dor, prurido por vezes intenso, sensação de queimadura, ulceração ou fissura são alguns dos principais sintomas do eritema pérnio - uma patologia cutânea inflamatória que, embora possa surgir em qualquer idade, atinge, sobretudo, as mulheres.
Para além dos dedos das mãos e dos pés, o nariz, as orelhas, e mais raramente a região das coxas e nádegas, são as zonas do corpo que podem ser acometidas por estas lesões. E embora suas causas exatas permaneçam desconhecidas – até porque nem sempre as frieiras precisam de temperaturas extremas para de desenvolverem (há casos relatados noutras épocas do ano, como outono ou primavera) –, estima-se que estas possam dever-se a uma reação desadequada do organismo ao frio.
Num artigo de sua autoria, a médica de Medicina Geral e Familiar, Márcia de Carvalho de Sá explica que “perante a exposição ao frio, a pele protege o organismo através da vasoconstrição”, sendo que esta, habitualmente, se processa em duas fases: “vasoconstrição maciça das anastomoses, com diminuição da temperatura cutânea, seguida de vasodilatação cíclica, com aumento gradual e lento da temperatura cutânea”. Durante a exposição prolongada ao frio surge uma terceira fase com vasoconstrição também ela prolongada e que interrompe o fluxo sanguíneo nos tecidos expostos. Trocado por miúdos, quer isto dizer que, sendo a vasoconstrição um fenómeno que “encurta” o diâmetro dos vasos sanguíneos, ela resulta numa diminuição significativa do fluxo sanguíneo nestes vasos que, em condições extremas, como seja em caso de vasoconstrição prolongada, conduz a danos nos tecidos circundantes, provocando lesões cujo grau e gravidade vai depender da duração da exposição ao frio.
As lesões de eritema pérnio podem ser classificadas em agudas, quando duram entre 12 a 24 horas, ou crónicas se persistirem por mais tempo (sendo estas as que estão habitualmente associadas às exposição prolongada ao frio). Segundo a médica, “clinicamente, caracterizam-se por máculas ou pápulas eritematosas, dolorosas e pruriginosas, com edema”, resolvendo-se espontaneamente em cerca de uma a três semanas. No entanto, é frequente haver recidivas, pelo que a cura, muitas vezes, só é atingida no verão. Para além do frio, também a humidade contribui para o seu desenvolvimento.
Caso sofra de frieiras, saiba que existem vários cuidados simples que pode implementar no seu dia-a-dia para aliviar a dor e que auxiliam o seu tratamento, como:
Saiba ainda que deve consultar o médico sempre que:
É que, de acordo com a dermatologista Leonor Girão, “em casos mais complicados, senão forem prevenidas ou devida e atempadamente tratadas, as frieiras podem provocar danos nas camadas mais profundas da pele, lesões nos tecidos e nos músculos, problemas nos osso e até infeções”. Em situações extremas pode haver morte dos tecidos por falta de circulação.
Quem sofre de diabetes ou de problemas circulatórios deve prestar atenção redobrada a estas situações.
Ligações
[1] https://www.researchgate.net/publication/320688069_Evidencia_no_tratamento_farmacologico_do_eritema_pernio
[2] https://www.atlasdasaude.pt/artigos/antecipe-se-frieiras-saiba-como-prevenir
[3] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/frieiras-o-inverno-nao-e-so-chuva-e-vento
[4] https://www.atlasdasaude.pt/foto/shutterstock
[5] https://www.atlasdasaude.pt/taxo-categories/sistema-pele
[6] https://www.atlasdasaude.pt/autores/sofia-esteves-dos-santos