"Quando leio, os braços ficam cada vez mais esticados".
É assim que, frequentemente, as pessoas afetadas descrevem o fenómeno da presbiopia, também designada de presbitismo. Para, por exemplo, conseguir ler claramente as letras num livro, é necessário mantê-lo bem afastado dos olhos e, muitas vezes, os braços não são suficientemente compridos.
A presbiopia é uma mudança fisiológica que ocorre com a idade em que a flexibilidade do cristalino diminui, e é um fenómeno inevitável. Com o avançar da idade, o cristalino perde elasticidade, e o poder de acomodação dos olhos reduz-se. Para além disso, o músculo ciliar perde a capacidade de se contrair para movimentar as cartilagens do cristalino.
O valor de refracção dos olhos é medido em dioptrias. Aos 40 anos de idade, este valor é, em média, de 6 dioptrias. Até aos 48 anos, este valor diminui para cerca de 3 dioptrias e, aos 64 anos, é de apenas 1 dioptria. Os sintomas da presbiopia podem, portanto, começar a fazer-se sentir a partir dos 40 anos. Contudo, o momento exato do seu aparecimento depende de diversos outros factores, tais como os erros de refracção. Assim, uma pessoa míope [1], por exemplo, só necessita de correção mais tarde, uma vez que no seu caso o cristalino não precisa de se arquear tanto para se adaptar à proximidade como no caso de uma pessoa com hipermetropia [2].
Um olho saudável acomoda-se perfeitamente à refracção da luz, tanto ao perto como ao longe. À medida que envelhece, o cristalino torna-se menos elástico e, ao mesmo tempo, os músculos oculares perdem flexibilidade. O olho perde a capacidade de focar nitidamente as imagens dos objetos próximos, porque estas se formam atrás da retina e não sobre ela.
Embora o resultado desta anomalia seja semelhante ao da hipermetropia, as causas são diferentes.
Para a correção da presbiopia utilizavam-se, até há pouco, as lentes bifocais. Estas lentes dispõem, na parte inferior, de uma porção de potência apropriada para leitura e visão de perto, separada por uma linha. Aliás, foi Benjamin Franklin que descobriu as lentes bifocais, quando tentava encontrar uma solução prática para o seu problema de visão. Entretanto, existem já as lentes progressivas, que não corrigem apenas a visão de perto e a de longe, mas também todas as áreas intermédias. Nestas lentes já não se vê a linha de separação.
Aqueles que não são míopes nem presbitas, podem corrigir a presbiopia com óculos de leitura. Estes são compostos de lentes de foco único e possibilitam uma boa visão de perto. As pessoas com miopia podem também usá-los em conjunto com lentes de contacto. Os óculos de leitura não devem ser comprados em qualquer lado, mas antes indicados pelo seu oftalmologista à sua situação individual, de forma a evitar a ocorrência de "efeitos secundários" indesejáveis (como dores de cabeça) decorrentes de uma correção inadequada.
A presbiopia também pode ser corrigida através de lentes de contacto bifocais especiais, que possibilitam uma visão clara em todas as direções.
Ligações
[1] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/miopia
[2] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/hipermetropia
[3] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/dor-de-cabeca-cefaleias
[4] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/astigmatismo
[5] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/catarata-no-adulto
[6] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/glaucoma
[7] https://www.atlasdasaude.pt/foto/shutterstock
[8] https://www.atlasdasaude.pt/taxo-categories/sistema-sensorial
[9] https://www.atlasdasaude.pt/autores/prof-doutor-eugenio-leite-medico-oftalmologista-nas-clinicas-leite