Caracterizada por uma respiração desconfortável ou desagradável, a dispneia, vulgarmente conhecida por falta de ar, é um problema relativamente frequente embora mal compreendido. Entendido como uma experiência subjetiva de desconforto respiratório, a dispneia traz aos doentes sensações distintas e cuja intensidade é bastante variável. Sensação de aperto no peito, respiração difícil ou pesada e falta de ar são algumas das características que acompanham a sua descrição.
A dispneia é sempre um indício de que algo de errado se passa com o nosso organismo. Ela pode surgir por exemplo, quando algo obstrói as vias aéreas, quando a concentração do oxigénio no sangue está baixa ou quando o sangue não consegue transportar oxigénio adequadamente (tal como acontece em caso de anemia [1]), quando o coração está fraco ou há alguma obstrução ao fluxo sanguíneo e não é possível levar sangue oxigenado para os tecidos, e na presença de doença respiratória.
Entre as causas mais frequentes, encontram-se as doenças respiratórias [2] - como a Asma [3] e a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica [4] – e a Insuficiência Cardíaca [5].
Em caso de doença pulmonar obstrutiva (onde se inclui a Asma e a DPOC), a dispneia ocorre quando grandes quantidades de ar permanecem nos pulmões após a inspiração. O que acontece é que, nestes doentes, o estreitamento das vias aéreas impede o ar de ser expulso dos pulmões à velocidade normal, tornando a respiração difícil. (Ao contrário do que se possa pensar, o problema não reside na entrada de ar nos pulmões mas sim na sua saída). Para além de a respiração se tornar mais pesada é normal estes doentes apresentarem sibilos – uma espécie de assobio que ocorre quando há bloqueio parcial das vias aéreas.
Nos doentes com Insuficiência Cardíaca (em que a capacidade de bombear o sangue através dos pulmões está reduzida), pode haver acúmulo de fluido nos pulmões (um distúrbio conhecido como edema pulmonar) provocando falta de ar. Não raras as vezes, a dispneia é, nestes casos, acompanhada com sensação de asfixia ou aperto no peito.
Não obstante, a dispneia pode surgir ainda associada a doenças do sangue e do metabolismo (como a anemia ou acidose metabólica), distúrbios que afetam os nervos e os músculos da respiração (como a Esclerose Lateral Amiotrófica [6], Esclerose Múltipla [7] ou a Miastenia, entre outras) ou por restrição do volume do toráx, frequentemente relacionado com doenças como Espondilite Anquilosante [8], Cifose ou Escoliose que podem limitar os movimentos da caixa torácica.
Habitualmente, os doentes apresentam respiração acelerada, sentindo-se incapazes de respirar com a profundidade e velocidade necessárias.
Durante uma crise podem ainda notar que a expiração exige mais esforço do que é normal e que, durante a inspiração, o tórax fica mais expandido
Aperto ou pressão no peito, náuseas, tosse ou dor torácica são outros dos sintomas associados à dispneia.
Em alguns casos, o doente pode sentir falta de ar durante o repouso, ter palpitações, apresentar agitação ou confusão. Nestas situações, devem procurar o hospital imediatamente, sobretudo, se a estes sintomas se juntar as extremidades do corpo, assim como os lábios, com uma cor azulada ou arroxeada – isto significa que o oxigénio não está a chegar aos tecidos.
O tratamento da dispneia depende da causa que lhe está associada, podendo por isso incluir o uso de medicamentos administrados por via oral, injeção ou inalação, uso de oxigénio, ventilação mecânica, ou em situações de maior gravidade, a intubação.
Tratando-se este de um sintoma que pode ser muito debilitante, impedindo o doente de realizar as suas atividades diárias, é essencial que se identifique o que o provoca de modo a realizar um tratamento adequado.
Sobretudo nos doentes com doença pulmonar obstrutiva crónica, a Reabilitação Respiratória tem demonstrado inúmeros benefícios: melhor qualidade de vida, aumento de tolerância ao esforço, redução de sintomas como a dispneia ou a tosse, redução de crises, de consultas e hospitalizações.
Após o diagnóstico, o doente deve ser acompanhado por uma equipa multidisciplinar.
Ligações
[1] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/anemia
[2] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/doencas-respiratorias
[3] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/asma
[4] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/doenca-pulmonar-obstrutiva-cronica
[5] https://www.atlasdasaude.pt/artigos/como-viver-com-insuficiencia-cardiaca
[6] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/quando-o-amor-e-unica-cura-do-doente-com-esclerose-lateral-amiotrofica
[7] https://www.atlasdasaude.pt/artigos/esclerose-multipla-o-que-e-e-como-se-trata
[8] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/espondilite-anquilosante
[9] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/dispneia-dor-do-doente-respiratorio
[10] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/doencas-respiratorias-matam-mais-no-inverno
[11] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/dpoc-luta-para-conseguir-respirar-tornou-se-constante
[12] https://www.atlasdasaude.pt/fonte/msd-manuals
[13] https://www.atlasdasaude.pt/foto/shutterstock
[14] https://www.atlasdasaude.pt/taxo-categories/sistema-respiratorio
[15] https://www.atlasdasaude.pt/autores/sofia-esteves-dos-santos