A expressão “rouquidão” é usada para descrever qualquer alteração na qualidade da voz, seja fraqueza, tremor, mudança de tom ou até mesmo ausência de voz. O termo médico equivalente é “disfonia” (ou “afonia” quando o doente não consegue falar).
O som é gerado através da passagem do ar na laringe, durante a expiração, fazendo oscilar as cordas vocais e ressoando posteriormente na faringe e nariz, que pode alterar o timbre. Para a voz ser eficaz, todos os seus componentes têm de funcionar corretamente, seja a parte muscular, a cartilagem, os nervos ou as próprias cordas vocais. Logo, uma falha em qualquer destes componentes pode levar a uma “rouquidão”.
As causas de “rouquidão” podem ser orgânicas (com doença objectiva) ou funcionais (psicossomáticas). Qualquer doente com queixas persistentes, em especial se houver fatores de suspeição – como tabagismo, alcoolismo, saída de sangue pela boca, dor de garganta ou ouvido que não melhora, dificuldade na deglutição ou perda de peso inexplicada – devem ser investigados em consulta de Otorrinolaringologia.
As causas mais frequentes são as seguintes:
A larga maioria das situações é benigna, habitualmente por laringite aguda, pólipos e nódulos das cordas vocais e doenças funcionais. Há cuidados que devemos ter de uma forma transversal nas “rouquidões”, nomeadamente a evicção tabágica, o aumento de ingestão de água e o repouso da voz, evitando falar.
Quando está em causa uma situação causada pelo esforço desadequado para falar – como nódulos das cordas vocais – o tratamento pode passar por Terapia da Fala, onde se pode reeducar o doente a ter uma voz mais eficaz.
Nas situações mais graves, como os cancros, o tratamento pode passar por cirurgia, quimioterapia e/ou radioterapia.
O diagnóstico é bastante simples, bastando para isso uma simples observação em consulta de Otorrinolaringologia e, se necessário, uma endoscopia da laringe, que é um exame bastante rápido e simples e que permite observar diretamente as cordas vocais.
A mensagem final é a seguinte: nunca deixe uma “rouquidão” persistir durante muito tempo sem ser observada pelo médico, especialmente se for fumador e/ou beber álcool. A prevenção e o diagnóstico precoce são a melhor solução.
Dr. Rudolfo Montemor - Otorrinolaringologista no Hospital Lusíadas Lisboa