O sucesso de um tratamento para a dor é avaliado pelo bem-estar do doente e isso depende de muitos factores. Certo é que a dor é uma sensação subjectiva e o médico não pode, objectivamente, registá-la segundo instrumentos de medida semelhantes àqueles com que mede a tensão arterial, a pulsação e a temperatura. Por isso, embora existam escalas de dor utilizadas para tornar a dor mensurável e reconhecível pelo médico, a percepção pessoal do doente tem o papel principal no episódio da medição.
O objectivo principal da terapêutica da dor é a supressão da dor ou, se tal for impossível, iniciar o tratamento suficientemente cedo para prevenir o desenvolvimento da denominada “memória da dor”. A designação “memória da dor” descreve o fenómeno da persistência da dor apesar de a lesão já estar curada.
Devido à sua complexidade, a dor requer abordagens diferenciadas, dividindo-se em dois grandes grupos: a farmacologia (medicamentos) e a não farmacológica.
As técnicas farmacológicas mais conservadoras envolvem, fundamentalmente, a utilização de fármacos analgésicos e adjuvantes. Os analgésicos podem ser opióides (morfina, por exemplo, e codeína) e não opióides (os anti-inflamatórios não esteróides e os antipiréticos, como o paracetamol).
Os fármacos adjuvantes, de enorme importância no controlo da dor crónica, são medicamentos que, não sendo verdadeiros analgésicos, contribuem para o alívio da dor, potenciando os analgésicos nos vários factores que podem agravar o quadro álgico. São exemplo, entre outros, os antidepressivos, os ansiolíticos, os anticonvulsivantes, os corticosteróides, os relaxantes musculares e os anti-histamínicos.
Existem também métodos farmacológicos invasivos, que envolvem a utilização de anestésicos locais e agentes neurolíticos para a execução de bloqueios nervosos, com a intenção de provocar interrupção da transmissão dolorosa. São também considerados invasivos os métodos de administração de opióides, anestésicos locais e corticóides [1], por via espinhal. Finalmente, existem também técnicas neurocirúgicas e algumas técnicas de neuroestimulação (algumas das quais realizadas por via percutânea).
Compreendem, entre outras, a reeducação do doente, a estimulação eléctrica transcutânea, as técnicas de relaxamento e biofeedback, a abordagem cognitivo-comportamental, as psicoterapias psicodinâmicas, as estratégias de coping e de redução do stress, os tratamentos pela medicina física (fisioterapia) e o exercício físico activo e passivo. Podem também ser usadas técnicas de terapia ocupacional e técnicas de reorientação ocupacional e vocacional.
A actuação e a intervenção dos profissionais de saúde que integram as equipas multidisciplinares são fundamentais nesta matéria, pois podem ensinar o doente a colaborar de forma esclarecida e adequada no controlo da dor.
O ensino dos doentes abrange as áreas seguintes:
O doente deve estar capacitado para ter em conta:
Seja para diminuir a intensidade da dor ou o aumento da tolerância, as acções nesta área prendem-se, sobretudo, com o ensino de técnicas não farmacológicas de apoio, passíveis de serem realizadas pelo próprio doente. As técnicas de autocontrolo da dor podem ser de tipo comportamental e de tipo cognitivo.
Os avanços da fisiopatologia, da farmacologia dos analgésicos e das ciências da saúde em geral permitem que seja possível aliviar, na grande maioria dos casos, a dor no período peri-operatório ou resultante de traumatismos.
Normalmente, é definido, pelo médico anestesista, um plano integrado que abrange o tipo de cirurgia, a gravidade esperada de dor pós-operatória, as condições médicas subjacentes (como, por exemplo, a existência de doença respiratória ou cardíaca e alergias), a relação riscos/benefícios das técnicas disponíveis e as preferências e/ou experiências anteriores do doente relativamente à Dor.
No caso da dor peri-operatória, a técnica de controlo mais eficaz é a analgesia, seja administrada por métodos convencionais ou não convencionais (como a PCA – analgesia controlada pelo doente -, ou a epidural - analgesia espinhal), conjugada com a utilização de fármacos como os opióides e os anti-inflamatórios.
Ligações
[1] http://www.atlasdasaude.pt/publico/content/corticoides
[2] http://www.atlasdasaude.pt/publico/content/nauseas-e-vomitos
[3] https://www.atlasdasaude.pt/fonte/ministerio-da-saude
[4] https://www.atlasdasaude.pt/foto/pixabay
[5] https://www.atlasdasaude.pt/taxo-categories/saude-e-bem-estar-de-z
[6] https://www.atlasdasaude.pt/taxo-categories/bem-estar
[7] https://www.atlasdasaude.pt/taxo-categories/artigos-complementares