Alimentação

O que é o Selénio?

Atualizado: 
21/08/2019 - 10:58
Contribui para a manutenção da saúde cardiovascular, ajuda a reforçar o sistema imunitário e é ainda responsável pelo bom funcionamento da função reprodutora. O selénio é um olioelemento presente na natureza, quer nos solos quer nos alimentos. Embora a carência de selénio seja rara, pode causar sintomas como fadiga, fraqueza e perda de massa muscular ou queda de cabelo.
Taça e nozes do brasil em cima de mesa

O selénio

O selénio é um micronutriente – oligoelemento ou Trace Elements – presente na natureza, tanto no solo como nos alimentos. Nestes últimos pode existir de forma natural, enriquecido nos mesmos ou sob a forma de suplementos.

O selénio existe em duas formas: inorgânica (selenato e selenito) e orgânica (selenometionina e selenocisteina). Ambas as formas podem ser boas fontes alimentares de selénio.

Os solos contêm selénio na sua forma inorgânica que são acumulados nas plantas e convertidos na sua forma orgânica. A maior parte do selénio encontra-se sob forma orgânica nos tecidos animais e humanos, onde pode ser incorporada nas proteínas do organismo, para a biossíntese de selenoproteínas, uma classe de enzimas responsável por alguns processos metabólicos importantes no organismo.

Principais benefícios

O selénio é um micronutriente essencial para o organismo humano com várias funções importantes:

Na reprodução: participa na normal espermatogénese;

No normal metabolismo da hormona tiroideia;

Na síntese de DNA;

No sistema imunitário: proteção contra danos e infeções oxidativas, através da sua ação antioxidante juntamente com a vitamina E.

Doses recomendadas

A dose diária recomendada de selénio é de 55µg/dia para as mulheres, homens e adolescentes. Já para as crianças os valores variam entre 20 e 30µg/dia. As necessidades de selénio encontram-se resumidas na tabela seguinte:

Os dados da Total Diet Study da Food and Drug Administration demonstraram que a ingestão média estimada em adultos e crianças foi superior às doses diárias recomendadas. As dietas fornecem diariamente quantidades suficientes de selénio para prevenir qualquer carência e promover a saúde.

A maioria da população Americana ingere uma quantidade adequada de selénio. De acordo com um estudo de 2009 – 2010 National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES), a média diária de ingestão de selénio para a população com mais de 2 anos, exclusivamente através dos alimentos foi de 108,5µg, e da conjugação entre alimentação e suplementação foi 120,8µg.

Nos Estados Unidos, 18 a 19% da população utiliza suplementação que contenha selénio.

Principais fontes alimentares

As concentrações de selénio no organismo são influenciadas pela ingestão alimentar e por sua vez pelo meio ambiente. O selénio é um mineral que existe na natureza, tanto no solo como nos alimentos. O teor de selénio nos alimentos é variável consoante os níveis do nutriente presente no solo de cada região do país, onde o alimento foi cultivado. A quantidade de selénio presente na água não é significativa e é, também, variável consoante o solo do país.

As principais fontes alimentares identificadas pelo Total Diet Study da Food and Drug Administration são os alimentos de origem animal. As principais fontes de selénio são os frutos do mar e as miudezas. Outras boas fontes são as carnes, peixe, ovos, cereais, frutos secos oleaginosos e lacticínios. As frutas e legumes são pobres em selénio.

O teor de selénio no leite materno é influenciado diretamente pela ingestão materna de selénio. A concentração plasmática de selénio em bebes alimentados com fórmulas artificiais é inferior à dos bebés alimentados com leite materno.

Por norma, os rótulos alimentares não apresentam a quantidade de selénio que o alimento possui. Um alimento considerado uma boa fonte de selénio quando possui mais de 20% da dose diária recomendada.

Carência de selénio: sintomas

A deficiência de selénio é rara, apesar da variação na ingestão através dos alimentos.

A carência de selénio pode ocorrer devido a diversos fatores como:

  • Pobreza do solo cultivado;
  • Hábitos alimentares incorretos: dietas restritivas, excessiva ingestão de alimentos refinados, processados, ingestão de alimentos cultivados em solos pobres em selénio, ingestão proteica deficitária;
  • Causas fisiológicas/fisiopatológicas do indivíduo como problemas de mal absorção, diarreia prolongada, excreção aumentada através da urina, insuficientes renais em hemodiálise, doenças gastrointestinais;
  • Aumento da necessidade de selénio durante a gravidez, no período de amamentação e no período menstrual.

A deficiência de selénio produz alterações bioquímicas que podem predispor os indivíduos com outro fator de stress a desenvolver certas patologias:

  • Pode contribuir para a carcinogénese. Sabe-se que alguns doentes com alguns tipos de cancro têm baixas concentrações séricas de selénio, contudo os mecanismos ainda não foram estabelecidos;
  • Os doentes com cirrose possuem baixas concentrações plasmáticas de selénio, o que pode predispô-los ao cancro;
  • Uma deficiência de selénio combinada por exemplo com uma infeção viral pode conduzir à doença de Keshan, uma cardiomiopatia comum na China;
  • A deficiência de selénio está associada a infertilidade masculina e feminina;
  • Poderá interferir na doença de Kashin-Beck, um tipo de osteoartrite que ocorre em certas áreas em que haja uma baixa ingestão de selénio da China, Tibete e Sibéria;
  • A deficiência em selénio pode exacerbar a deficiência de iodo, aumentando o risco de cretinismo em lactentes;
  • Estudos recentes também permitem uma correlação entre níveis baixos de selénio e hipertensão, dislipidemia e arteriosclerose.

Toxicidade

O limite superior de ingestão de selénio são 400µg/dia para os adultos. A ingestão superior a esta quantidade é tóxica, podendo causar a seguinte sintomatologia: perda/fragilidade de cabelo e unhas, náuseas, diarreia, erupções cutâneas, dentes manchados, fadiga, irritabilidade, enfarte do miocárdio, rigidez muscular, tremores, tontura, rubor facial, insuficiência renal, insuficiência cardíaca e, em casos raros, morte.

Os sinais iniciais da ingestão excessiva são um hálito a alho e um gosto metálico na boca.

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Autor: 
Dra. Ana Rita Lopes - Nutricionista e coordenadora da unidade de nutrição clinica do Hospital Lusíadas Lisboa
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
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