«Falta de ar»

Dispneia, um sinal de alarme

Atualizado: 
10/09/2019 - 17:43
A Dispneia ou a sensação de desconforto respiratório não é em si uma doença, mas antes um sintoma. Associada à patologia pulmonar, pode surgir ainda na sequência de doença cardíaca ou neuromuscular.
Homem com dispneia a utilizar máscara de oxigénio

Caracterizada por uma respiração desconfortável ou desagradável, a dispneia, vulgarmente conhecida por falta de ar, é um problema relativamente frequente embora mal compreendido. Entendido como uma experiência subjetiva de desconforto respiratório, a dispneia traz aos doentes sensações distintas e cuja intensidade é bastante variável. Sensação de aperto no peito, respiração difícil ou pesada e falta de ar são algumas das características que acompanham a sua descrição.

As principais causas da dispneia

A dispneia é sempre um indício de que algo de errado se passa com o nosso organismo. Ela pode surgir por exemplo, quando algo obstrói as vias aéreas, quando a concentração do oxigénio no sangue está baixa ou quando o sangue não consegue transportar oxigénio adequadamente (tal como acontece em caso de anemia), quando o coração está fraco ou há alguma obstrução ao fluxo sanguíneo e não é possível levar sangue oxigenado para os tecidos, e na presença de doença respiratória.

Entre as causas mais frequentes, encontram-se as doenças respiratórias - como a Asma e a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica – e a Insuficiência Cardíaca.

Em caso de doença pulmonar obstrutiva (onde se inclui a Asma e a DPOC), a dispneia ocorre quando grandes quantidades de ar permanecem nos pulmões após a inspiração. O que acontece é que, nestes doentes, o estreitamento das vias aéreas impede o ar de ser expulso dos pulmões à velocidade normal, tornando a respiração difícil. (Ao contrário do que se possa pensar, o problema não reside na entrada de ar nos pulmões mas sim na sua saída). Para além de a respiração se tornar mais pesada é normal estes doentes apresentarem sibilos – uma espécie de assobio que ocorre quando há bloqueio parcial das vias aéreas.

Nos doentes com Insuficiência Cardíaca (em que a capacidade de bombear o sangue através dos pulmões está reduzida), pode haver acúmulo de fluido nos pulmões (um distúrbio conhecido como edema pulmonar) provocando falta de ar. Não raras as vezes, a dispneia é, nestes casos, acompanhada com sensação de asfixia ou aperto no peito.

Não obstante, a dispneia pode surgir ainda associada a doenças do sangue e do metabolismo (como a anemia ou acidose metabólica), distúrbios que afetam os nervos e os músculos da respiração (como a Esclerose Lateral Amiotrófica, Esclerose Múltipla ou a Miastenia, entre outras) ou por restrição do volume do toráx, frequentemente relacionado com doenças como Espondilite Anquilosante, Cifose ou Escoliose que podem limitar os movimentos da caixa torácica.

Sintomas frequentes

Habitualmente, os doentes apresentam respiração acelerada, sentindo-se incapazes de respirar com a profundidade e velocidade necessárias.

Durante uma crise podem ainda notar que a expiração exige mais esforço do que é normal e que, durante a inspiração, o tórax fica mais expandido

Aperto ou pressão no peito, náuseas, tosse ou dor torácica são outros dos sintomas associados à dispneia.

Em alguns casos, o doente pode sentir falta de ar durante o repouso, ter palpitações, apresentar agitação ou confusão. Nestas situações, devem procurar o hospital imediatamente, sobretudo, se a estes sintomas se juntar as extremidades do corpo, assim como os lábios, com uma cor azulada ou arroxeada – isto significa que o oxigénio não está a chegar aos tecidos.

Tratamento é direcionado à causa

O tratamento da dispneia depende da causa que lhe está associada, podendo por isso incluir o uso de medicamentos administrados por via oral, injeção ou inalação, uso de oxigénio, ventilação mecânica, ou em situações de maior gravidade, a intubação.

Tratando-se este de um sintoma que pode ser muito debilitante, impedindo o doente de realizar as suas atividades diárias, é essencial que se identifique o que o provoca de modo a realizar um tratamento adequado.

Sobretudo nos doentes com doença pulmonar obstrutiva crónica, a Reabilitação Respiratória tem demonstrado inúmeros benefícios: melhor qualidade de vida, aumento de tolerância ao esforço, redução de sintomas como a dispneia ou a tosse, redução de crises, de consultas e hospitalizações.

Após o diagnóstico, o doente deve ser acompanhado por uma equipa multidisciplinar.

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Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Fonte: 
MSD Manuals
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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