Tabagismo

Deixar de fumar é uma aposta na qualidade de vida

Atualizado: 
26/09/2019 - 16:14
Atualmente, o tabagismo e aos problemas a ele associados que têm sido alvo de muita atenção pelas instituições relacionadas com a saúde, pela comunicação social e pelo público em geral. O consumo de tabaco, nas suas diferentes formas, continua a crescer e atualmente atinge a dimensão de uma epidemia global.

Está provada a associação do tabaco com mais de 20 doenças e novas associações estão sob intensa investigação clínica.

A relação entre o tabaco e o cancro do pulmão é diretamente proporcional ao consumo diário de cigarros e ao número de anos de tabagismo. Mas existem outros cancros associados ao tabaco, como o da boca, laringe, esófago, estômago, pâncreas, rim, bexiga e útero.

Não restam dúvidas que o tabaco também está implicado no desenvolvimento de doenças respiratórias - bronquite crónica, enfisema pulmonar e doença pulmonar obstrutiva crónica (para mencionar as mais frequentes), de doenças cardiovasculares como a angina de peito, enfarte agudo do miocárdio e acidentes vasculares cerebrais (trombose e hemorragia cerebral).

Para quem começa a fumar na adolescência existe 50% de risco de morte por doença relacionada com o tabaco e uma redução da esperança média de vida em 15 anos quando comparada com a dos não-fumadores.

Na mulher, os malefícios estendem-se à infertilidade, que é três vezes mais frequente nas fumadoras, à interacção com os contraceptivos orais (pílula) e à menopausa precoce. Na gravidez está associado a abortos espontâneos, partos prematuros e crianças com baixo peso à nascença.

Mas, se os efeitos do tabaco são amplamente conhecidos por que motivo continuam os fumadores a fumar e por que razão, todos os anos, existem novos fumadores? Será simplesmente o prazer de fumar, a sensação de alívio do stresse, a pressão social, o hábito, a regulação do peso e do apetite ou o receio dos sintomas de privação? Ninguém sabe ao certo, mas a verdade é que o tabaco (ou melhor a nicotina) é extremamente viciante e a dependência que induz é comparável à da cocaína, da heroína e à das anfetaminas.

O conceito de dependência de uma substância foi introduzido na linguagem médica, há várias décadas, mas só em 1992, que a Organização Mundial de Saúde considerou a dependência da nicotina como doença. Talvez por isso, ainda se desvalorize o difícil processo que é deixar de fumar.

Na verdade, o processo de deixar de fumar é dinâmico começando na decisão de deixar de fumar e terminando na abstinência mantida. Alguns fumadores conseguem-no sozinhos, outros precisam de apoio médico neste processo, embora a decisão seja sempre do próprio, sem a qual não existe ajuda eficaz. Os fármacos permitem lidar com os sintomas da privação da nicotina, mas nas consultas de cessação tabágica, a intervenção feita vai muito além da prescrição de fármacos.

Para quem deixa de fumar, existem benefícios imediatos como a melhoria do olfacto, do paladar e do aspecto da pele. No primeiro ano de evicção ocorre melhoria dos sintomas respiratórios e redução do risco cardiovascular. Após cinco anos o risco de acidentes vasculares cerebrais (trombose ou hemorragia cerebral) iguala o do não-fumador. Porém o risco de cancro do pulmão nunca chega a ser igual ao de um não-fumador.

A longo prazo deixar de fumar é uma aposta na qualidade de vida do próprio e daqueles que o rodeiam.

Autor: 
Dra. Susana Moreira - Coordenadora da Unidade de Pneumologia Hospital Lusíadas Lisboa
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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