Tratamento

Como viver com a Insuficiência Cardíaca

Atualizado: 
06/05/2019 - 14:50
Trata-se de um problema de saúde incapacitante e com forte impacto social. Apesar de frequente, a Insuficiência Cardíaca permanece desconhecida para uma grande percentagem dos doentes. Cansaço excessivo, falta de ar ou pernas inchadas estão entre os principais sintomas daquela que é uma doença com prognóstico reservado. No entanto, saiba que com alguns cuidados é possível viver com qualidade de vida.

Em Portugal, estima-se que cerca de 400 mil pessoas sofram de Insuficiência Cardíaca, uma condição caracterizada pela incapacidade de o coração bombear sangue para o organismo na quantidade necessária e que, quando não controlada nem diagnosticada, pode pôr em risco a vida do doente.

Frequentemente subvalorizada, a Insuficiência Cardíaca surge na sequência de doenças cardiovasculares que “provocaram lesões ou sobrecarregaram o coração”, como é o caso dos enfartes do miocárdio, doença das artérias coronárias, doenças das válvulas cardíacas, doenças pulmonares ou os defeitos cardíacos congénitos. E apesar de a sua prevalência aumentar com a idade, sobretudo acima dos 70 anos, a verdade é que esta condição não é exclusiva dos mais velhos. “Nos jovens, as causas mais frequentes de insuficiência cardíaca são as Cardiopatias congénitas, infeções que atingem o músculo cardíaco (ou seja, miocardites) e as doenças das válvulas cardíacas”, começa por explicar Luís Filipe Pereira, presidente da Associação de Apoio aos Doentes Com Insuficiência Cardíaca (AADIC). Outro importante fator de risco é a pressão arterial elevada.

Os sintomas desta patologia são, muitas vezes, desvalorizados e confundidos com outras doenças. Por isso é importante estar atento aos sinais: cansaço excessivo, falta de ar, tosse e/ou pieira e pernas inchadas. “É importante termos consciência de que qualquer alteração ao funcionamento normal do nosso organismo merece a nossa maior atenção e cuidado. Não devemos menosprezar os sintomas nem os associar sempre ao fator idade ou ao ritmo de vida que levamos”, alerta o responsável pela associação.

Assim, sempre que houver suspeita de doença deve procurar apoio especializado. “Primeiro contacto deve ser sempre feito pelo médico do Centro de Saúde que, após a história clínica e observação, irá pedir exames de diagnóstico: análises, electrocardiograma, radiografia de tórax e ecocardiograma”, explica Luís Filipe Pereira.

Após confirmação do diagnóstico, o doente é encaminhado para Consulta de Cardiologia especializada em Insuficiência Cardíaca.

“O tratamento médico otimizado consiste na toma de medicação oral, por vezes vários medicamentos, que poderá também depender de doenças associadas, como por exemplo a diabetes”, explica quanto à terapêutica. Em alguns casos, pode ser aconselhada a implantação de dispositivos médicos – pacemakers ou cardioversores desfibrilhadores implantáveis (CDI) – “que para além de aumentarem a sobrevivência, melhoram o grau de insuficiência cardíaca”.

No que diz respeito ao acompanhamento da doença, o paciente contará com uma equipa multidisciplinar, apoiado pelo seu médico de família bem como de médicos cardiologistas e enfermeiros dedicados a insuficiência cardíaca.

Embora o prognóstico dependa da gravidade da doença, é possível com algumas «regras» viver com qualidade de vida.

Deste modo, além de seguir com rigor as indicações médicas, o doente deverá apostar num estilo de vida mais saudável, seguindo alimentação cuidada, rica e variada (pobre em sal, açúcar e gorduras), permitindo um melhor controlo da hipertensão, obesidade, diabetes ou colesterol, e na prática de exercício físico.

“Qualquer atividade física é benéfica para a maior parte das pessoas com Insuficiência Cardíaca”, revela o presidente da AADIC. “A prática de exercício pode melhorar o seu coração, permitindo que os batimentos cardíacos sejam mais eficientes”, afirma chamando a atenção, no entanto, para consultar sempre o médico ou enfermeiro antes de iniciar um programa de exercícios de modo a garantir que “não está a fazer demasiado esforço”.

Sabendo ainda que o consumo de tabaco contribui para o agravamento da doença, a evicção tabágica é essencial.

Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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