Diagnóstico e tratamento

Cancro do Rim: o tumor silencioso

Atualizado: 
28/10/2019 - 15:28
É considerado um tumor raro antes dos 40, estimando-se que atinja duas vezes mais os homens, sobretudo após os 60 anos de idade. Frequentemente assintomático nas suas fases iniciais, o tumor renal é, na maioria dos casos, diagnosticado acidentalmente quando se investigam outras queixas.
Médico a realizar ecografia renal

O cancro dos rins é uma neoplasia maligna que afeta as células dos túbulos renais, com compromisso da função renal e que, em casos avançados, pode atingir órgãos distantes.

Embora a sua incidência seja variável, têm-se assistido, nos últimos anos, a um aumento do número de casos, estimando-se que o tumor renal represente cerca de “2 a 3% de todos os tumores sólidos possíveis no corpo humano”.

De acordo com Tiago Bilhim, Radiologista de Intervenção, “a incidência tem aumentado à custa do maior uso de técnicas de imagem radiológicas como a ecografia e a tomografia computorizada”. É que, embora as causas ainda sejam desconhecidas, existem alguns fatores de risco que parecem contribuir para o desenvolvimento da doença, como a exposição a agentes de contraste radiográfico.

Tabagismo, obesidade, diabetes ou a hipertensão arterial, assim como o uso crónico de analgésicos e história familiar da doença são outros dos fatores a ter em consideração.

Existem ainda algumas condições genéticas que predispõem a estes tumores. “Como a doença de Von Hippel-Lindau (VHL) e quando o gene da proteína plybromo-1 (PBRM-1) está afetado”, revela o especialista. Estes casos representam “uma minoria de todos os tumores renais” e são mais frequentes entre os 35 e os 40 anos de idade.

Entre os subtipos mais frequentes de cancro renal, estão os carcinomas com origem em células epiteliais - carcinoma de células renais ou células claras, papilares e cromofóbo – e que representam cerca de 85% de todos os tumores.

“Os restantes 15% dos tumores renais são: de células de transição (8%), nefroblastoma (5 a 6%), tumores dos ductos coletores (<1%), sarcomas (<1%) e carcinomas medulares renais (<1%)”, acrescenta o radiologista.

Maioria dos tumores do rim é diagnosticada de forma “acidental”

Atualmente, com a maior facilidade de realização de exames de imagem como a ecografia e a tomografia computorizada (TC), a maioria dos tumores do rim é diagnosticada de forma acidental, quando, por meio destes métodos de diagnóstico, se investigam queixas não relacionadas com o tumor do rim. Isto acontece porque, habitualmente, estes tumores não apresentam sintomas nas suas fases mais iniciais. Em estádios mais avançados podem cursar com dor lombar, presença de sangue na urina e massa abdominal palpável ou visível.

Febre, anemia e perda acentuada de peso podem estar presentes em alguns casos, pelo que devem servir de alerta de modo a permitir o diagnóstico atempado da doença.

“Apesar da maioria dos tumores renais levar anos a crescer, quanto mais cedo for identificado, maior a probabilidade de cura completa e menor o risco de o tumor voltar a aparecer ou e de se desenvolver doença à distância, com metástases noutros órgãos como o pulmão, cérebro ou ossos”, alerta Tiago Bilhim.

O seu diagnóstico é feito com recurso a técnicas de imagiologia como a ecografia, a tomografia computorizada (TC) ou ressonância magnética (RM). “Para avaliar a extensão do tumor e excluir metástases deve ser realizada um TC e/ou RM para melhor avaliação antes do tratamento”, acrescenta o especialista em radiologia de intervenção.

Quanto ao seu tratamento, existem várias técnicas que podem ser utilizadas. É o caso da cirurgia com remoção total do rim ou do tumor indicada sobretudo para tumores com mais de 3 centímetros.

“Para tumores renais até 3 centímetros, a ablação percutânea pode ser a melhor opção de tratamento”, admite Tiago Bilhim referindo que “as técnicas minimamente invasivas guiadas por imagem, como a ablação por tomografia computorizada, são uma alternativa emergente que demonstrou ser segura e eficaz”, em tumores de pequenas dimensões. A vantagem é que esta técnica apresenta menos complicações e possibilita uma recuperação mais rápida, com menos dor e com menor risco de hemorragia do que a cirurgia. Pode ainda ser realizada em regime de ambulatório.

“Quando realizada por médicos radiologistas de intervenção com experiência em ablação de tumores é bastante segura e eficaz”, afiança o especialista.

Já a embolização arterial, feita para impedir a continuidade da irrigação sanguínea do tumor, “poderá estar indicada antes da cirurgia para reduzir a perda de sangue e facilitar o ato cirúrgico”. Pode ser utilizada ainda em situações em que o tumor cresceu demasiado e não é possível ser removido cirurgicamente para controlar a perda de sangue na urina.

No entanto, casos há em que basta manter o tumor sob vigilância. “Os tumores renais crescem muito lentamente na vasta maioria dos doentes, pelo que, em situações específicas, poderá optar-se por vigiar antes de tratar”, explica acrescentando que cabe aos especialistas em urologia e radiologia de intervenção “avaliar qual será a melhor opção de tratamento em cada caso”.

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Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Nota: 
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