Dia Mundial da Prevenção do Suicídio

Um olhar atento sobre uma dor silenciosa

Atualizado: 
10/09/2018 - 11:37
O suicídio é um flagelo da sociedade atual, tornando-se num problema de saúde pública. Todos os anos morrem um milhão de pessoas por suicídio no mundo e ocorrem entre 10 a 20 milhões de tentativas de suicídio.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que o suicídio é a 13ª causa de morte no mundo, sendo uma das principais causas de morte de adolescentes e adultos até aos 35 anos. De forma a dar resposta a esta realidade a OMS e a Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio, criaram o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio com o objetivo de prevenir este ato através da adoção de estratégias específicas pelos diversos países.

É importante perceber que este dia é simbólico, isto é, as ações desenvolvidas não se devem restringir apenas a este dia, mas devem sim, ser continuadas ao longo do tempo.

A abordagem à prevenção do suicídio deve ser multidisciplinar e abrangente, sendo que todos os grupos da sociedade deverão ter um papel ativo. A Família tem um papel fundamental na prevenção e na deteção precoce de ideações suicida, bem como a escola e o local de trabalho.

Os Media e as Redes Sociais assumem também um papel com grande peso no que diz respeito a este tema. Estamos numa era digital, em que a informação é rapidamente difundida e em que a influência dos conteúdos e da informação é massiva na população, sobretudo na mais jovem.

Não podemos esquecer o papel dos profissionais de saúde que é fundamental na detecção precoce do suicídio, na prevenção e posvenção do mesmo.

São múltiplas as causas que podem estar na origem do suicídio. Falamos de fatores biológicos, sociais, ambientais e sobretudo de fatores psicológicos, agravados por experiências pessoais negativas ao longo da vida.

Estudos apontam para uma correlação muito elevada entre as pessoas que cometem suicídio e as pessoas que apresentam Depressão ou outro transtorno mental/emocional. O problema é que estas mesmas pessoas, raramente procuram ajuda de um profissional de saúde mental, mesmo nos países mais desenvolvidos. Por isso, a importância de “um olhar atento sobre a dor silenciosa” das pessoas que sofrem diariamente sozinhas.

Os psicólogos e os psicoterapeutas assumem um lugar de destaque e de grande relevância no que concerne a esta temática. São os profissionais mais capacitados para trabalhar com os sentimentos mais comuns, entre as pessoas com ideação suicida, são eles o desamparo, o desespero, a desesperança e a depressão. A escuta ativa deve ser privilegiada, de forma ao psicólogo/psicoterapeuta compreender o que está na base desses sentimentos. Após este processo, a intervenção Psicoterapêutica faz todo o sentido pois irá ajudar a pessoa a entender os seus pensamentos, emoções e comportamentos de modo a ultrapassar aquilo que a bloqueia e a aprisiona no sofrimento.

O objetivo da Psicoterapia é fazer com que a pessoa reencontre o seu equilíbrio emocional através de técnicas específicas que potenciam uma gestão emocional eficaz e o retorno ao controlo da sua própria vida.

Mas para que este trabalho seja possível de desenvolver, junto daqueles que sofrem em silêncio, é necessário não ter medo de assumir que estamos tristes, deprimidos, sem vontade de viver. Pedir ajuda não é sinal de fraqueza, mas sim de coragem.

Nós, na Clínica da Mente desenvolvemos uma campanha, #eudigonaoaoestigma, justamente para combater os preconceitos associados à saúde mental e deste modo facilitar o acesso das pessoas aos serviços de apoio psicológico.

Não sofra em silêncio! Fale, procure apoio, diga NÃO AO ESTIGMA.

Autor: 
Dr. Pedro Brás – Psicoterapeuta | Diretor da Clínica da Mente
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
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