Sociedade Portuguesa de Cardiologia

Transplante cardíaco – E quando faltam corações?

Cerca de 50 Portugueses recebem, anualmente, um novo coração. Este é o número médio de transplantes cardíacos realizados, todos os anos, em Portugal e que é muito inferior às necessidades reais.

O primeiro transplante cardíaco foi realizado em 1967 e, apesar de hoje ainda se seguirem os mesmos princípios, a experiência na gestão do doente e do seu novo coração tem evoluído bastante.

No entanto, este procedimento, o Transplante Cardíaco, é reservado a situações de doença do músculo cardíaco não passíveis de tratamento médico ou cirúrgico convencional. Além disso, apenas os doentes que garantem o cumprimento absoluto das indicações médicas de recuperação, após cirurgia, são elegíveis devido ao risco de complicações.

Outro aspeto importante é o número de dadores, que tem diminuído, e para Manuel Antunes, Cirurgião Cardiotorácico, Diretor do Serviço de Cirurgia Cardiotorácica e Transplantação de Órgãos Torácicos do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra e Presidente Honorário da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, a qualidade dos dadores constitui, atualmente, a principal ameaça à transplantação cardiovascular.

Segundo o especialista “ainda que este desafio possa ser compensado com a otimização da procura de dadores, estes nunca serão suficientes para as necessidades”. Por este motivo, prevê o cirurgião cardiotorácico “nas próximas duas décadas veremos a transplantação ser progressivamente substituída pelo coração artificial e outras formas de assistência ventricular mecânica.”

Atendendo à prevalência de doenças terminais, como a Insuficiência Cardíaca que atinge cerca de 26 milhões de pessoas, em todo o mundo, e cerca de 400 mil em Portugal, não existem dadores de coração suficientes. Por este motivo, a ciência tem apostado no desenvolvimento de procedimentos experimentais, como a implementação de dispositivos que mantêm a circulação sanguínea através do bombeamento artificial, ou a substituição do órgão danificado. Exemplos disso, são os diferentes procedimentos que têm surgido, tais como, o coração recelularizado funcional, desenvolvido em 2016 pelo grupo de Jacques Guyette, no Centro de Medicina Regenerativa em Boston ou o coração de silicone desenvolvido já este ano, pelo grupo de Nicholas Cohrs, no Instituto Federal de Tecnologia de Zurique.

Apesar de ainda se encontrarem em desenvolvimento, todas estas opções surgem como uma janela de oportunidade para um futuro promissor, no tratamento dos doentes com Insuficiência Cardíaca em fase avançada, e para os quais os tratamentos convencionais já não são suficientes para a manutenção de uma qualidade de vida aceitável.

Fonte: 
SConsulting
Nota: 
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