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Tipos de cancro da tiróide

Atualizado: 
16/05/2019 - 15:20
O carcinoma da tiróide é o tumor endócrino mais frequente, mas também aquele que tem maior probabilidade de cura. São quatro os principais tipos de cancro da tiróide. Conheça-os.
Cancro da tiroide

O cancro da tiróide, normalmente apresenta-se sob a forma de um nódulo na tiróide. Os seus sintomas mais comuns são a presença de um gânglio linfático cervical aumentado, rouquidão por compressão do nervo da voz (nervo laríngeo recorrente), ou dificuldade na deglutição ou respiração devido à obstrução do esófago ou laringe.

Mais que causar o aumento integral da glândula, um cancro produz pequenos nódulos dentro da tiróide. A maior parte dos nódulos tiróideos não são cancerosos e em geral existem tratamentos eficazes para as formas de cancro da tiróide.

O diagnóstico de cancro é sempre angustiante, pois é associado a dor e morte. No entanto, o prognóstico deste tipo de cancro, na maioria dos casos é positivo pois ao ser feita a cirurgia, o cancro pode ser eliminado, a dor causada ou a incapacidade é praticamente inexistente e o tratamento feito após a cirurgia pode eliminar por completo a doença.

O que fundamentalmente determina o prognóstico deste tipo de cancro é a extensão da doença original, as dimensões do tumor e a sua idade. Cerca de 85 por cento dos doentes cujo tumor primário é intratiroideu (confinado à tiróide) têm um excelente prognóstico, a taxa de mortalidade aos 25 anos é de 1 por cento. Isto significa que passado 25 anos apenas 1 em cada 100 doentes faleceu de cancro da tiróide. A grande maioria dos doentes está permanentemente curada.

O prognóstico pode não ser tão favorável em doentes com idade superior a 50 anos ou um tumor de dimensão superior a 4 cm. O prognóstico é mais reservado quando o cancro se estende para fora da tiróide, invade a cápsula da glândula e atinge os outros tecidos do pescoço. Ou seja, num pequeno número de casos, o cancro pode disseminar-se pelo sangue para locais à distância nomeadamente pulmão e osso. Estes tumores à distância (metástases) podem ser tratados com iodo radioactivo.

O primeiro sinal de um cancro da tiróide poderá ser uma saliência indolor no pescoço, embora nem sempre possa acontecer. Mas quando os médicos encontram um nódulo na glândula tiróide, realizam vários exames a fim de confirmar se o nódulo está a funcionar, dado que um nódulo inactivo é mais provavelmente canceroso do que um activo.

Uma exploração com ultra-sons (ecografia) é menos útil, mas efectua-se para determinar se o nódulo é sólido ou está cheio de líquido. Colhe-se uma amostra do nódulo por meio de uma agulha de biopsia para o seu exame ao microscópio, já que é o melhor modo para determinar se o nódulo é canceroso.

Existem dois tipos de cancro da tiróide que são mais comuns: o cancro folicular, que costuma aparecer só depois dos 30 anos e o cancro papilar, que costuma afectar mais mulheres e crianças.

Os nomes destes tipos de cancro foram dados devido à aparência que o tumor tem quando observado no microscópio. O cancro papilar apresenta papilas ou frondes e o cancro folicular apesar de ter uma aparência anormal, apresenta algumas estruturas semelhantes aos folículos normais da tiróide.

Tratamento do cancro da tiroide

O tratamento primário para os cancros da tiróide é a cirurgia. Para as formas agressivas do cancro folicular e papilar a abordagem inicial é a remoção de toda a glândula tiróide (tiroidectomia total). Tratando-se de cancro papilar intratiroideu de menores dimensões e cancro folicular minimamente invasivo poderá não ser necessária uma cirurgia tão extensa.

O iodo radioactivo é usado para o tratamento do cancro diferenciado da tiróide agressivo que apresenta invasão dos tecidos que rodeiam a tiróide ou locais à distância (pulmão e osso). Pode também ser usado para complemento da tiroidectomia nas formas menos agressivas. É baseado no facto que as células malignas da tiróide captam o iodo 131 e são por ele destruídas.

Porque este tratamento é seguro e eficaz é também usado nos casos de cancro diferenciado menos agressivo. Nestas situações é usado para destruir pequenos restos tiroideus que se mantêm após a cirurgia. Esta abordagem pode melhorar o prognóstico e tornar mais fácil a detecção de recorrência tumoral pelo doseamento de tiroglobulina. Em alguns casos mais agressivos pode ser necessária radioterapia externa.

Se a tiróide foi total ou quase totalmente removida, tem que ser administrada hormona tiroideia para que o organismo se mantenha normal. Vários estudos demonstraram que os carcinomas da tiróide recidivam mais frequentemente nos doentes que não tomam esta medicação. As doses de hormona devem ser ajustadas pelo médico de acordo com as características particulares do doente. Em doentes com formas mais agressivas de carcinoma diferenciado pode ser necessária uma maior dose de modo ao doseamento de TSH ser indetectável.

É fundamental o seguimento periódico destes doentes, porque as recorrências tumorais podem aparecer muitos anos após uma cirurgia bem sucedida.

Tipos de cancro da tiróide

Cancro Papilar

O cancro papilar representa 60 a 70 por cento do total das formas de cancro da tiróide. As mulheres têm o cancro papilar duas ou três vezes mais do que os homens; contudo, dado que os nódulos são mais comuns nas mulheres, um nódulo num homem implica sempre mais suspeitas de cancro.

O cancro papilar é mais frequente nas pessoas jovens, mas cresce e estende-se mais rapidamente nos idosos. Os doentes que receberam no pescoço um tratamento de radioterapia, em geral por uma afecção benigna na infância ou por algum outro cancro na idade adulta, correm um grande risco de desenvolver um cancro papilar.

A cirurgia é o tratamento que se aplica ao cancro papilar, que por vezes se estende aos gânglios linfáticos próximos. Os nódulos mais pequenos de 2 cm de diâmetro extraem-se juntamente com o tecido tiróideo circundante, embora alguns especialistas recomendem a extracção da glândula inteira. A cirurgia é quase sempre eficaz nestas formas de cancro diminuto.

Dado que a hormona estimulante da tiróide actua sobre o cancro papilar, administra-se hormona tiróidea em doses bastante grandes para suprimir a secreção da hormona estimulante e prevenir uma recaída. Se um nódulo for maior, extrai-se a maior parte ou toda a glândula tiróide e administra-se iodo radioactivo, com a esperança de que qualquer tecido tiróideo ou cancro remanescente que se tivesse difundido para fora da tiróide seja absorvido e destruído. Em alguns casos, é necessário outra dose de iodo radioactivo para assegurar que o cancro foi completamente eliminado. O cancro papilar quase sempre tem cura.

Cancro Folicular

O cancro folicular é o responsável por cerca de 15 por cento de todas as formas de cancro da tiróide e é mais frequente nos idosos. O cancro folicular também é mais frequente nas mulheres do que nos homens, e tal como no papilar, um nódulo num homem tem maior probabilidade de ser canceroso.

Muito mais maligno do que o cancro papilar, o folicular tende a propagar-se através da corrente sanguínea, difundindo células cancerosas por várias partes do corpo (metástases).

O tratamento do cancro folicular exige a extracção cirúrgica de praticamente toda a glândula tiróide e a destruição com iodo radioactivo de qualquer tecido tiróideo remanescente, incluindo as metástases.

Cancro Anaplástico

O cancro anaplástico representa menos de 10 por cento das formas de cancro da tiróide e incide em geral em mulheres idosas. Este cancro cresce muito rapidamente, causando um grande tumor no pescoço.

Cerca de 80 por cento dos doentes com este tipo de cancro morre durante o primeiro ano. O tratamento com iodo radioactivo é inútil porque o cancro anaplástico não o absorve. Contudo, o tratamento com medicamentos anticancerígenos e radioterapia antes e depois da cirurgia dá alguns bons resultados.

Cancro Medular

No cancro medular, a glândula tiróide produz quantidades excessivas de calcitonina, uma hormona segregada por certas células tiróideas. Dado que também pode produzir outras hormonas, pode causar sintomas inabituais. Além disso, tem tendência a difundir-se (metástases) pelo sistema linfático até aos gânglios linfáticos e, através do sangue, ao fígado, pulmões e ossos. Este cancro desenvolve-se juntamente com outros tipos de cancro endócrino no que constitui a denominada síndroma da neoplasia endócrina múltipla.

O tratamento exige a extirpação completa da glândula tiróide. Pode ser necessária cirurgia adicional se o cancro se tiver difundido pelos gânglios linfáticos. Mais de 2/3 dos doentes com um cancro medular da tiróide que faz parte da síndroma da neoplasia endócrina múltipla vivem, no mínimo, cerca de 10 anos mais a partir do diagnóstico. Quando o cancro medular da tiróide se manifesta de forma isolada, as possibilidades de sobrevivência não são tão boas.

Dado que o cancro medular da tiróide tem em certas ocasiões uma incidência familiar, devem-se examinar os familiares de um doente com este tipo de cancro, procurando uma anomalia genética que seja facilmente detectável nos glóbulos vermelhos. Se o resultado do exame for negativo, é quase certo que o doente não desenvolverá cancro medular.

Se o resultado do exame for positivo, então já tem ou irá desenvolver este cancro e a cirurgia da tiróide deve considerar-se inclusive antes da manifestação dos sintomas e do aumento dos valores de calcitonina no sangue. Um valor elevado de calcitonina ou um aumento excessivo da sua concentração depois de uma prova de estimulação é útil para determinar ou prever o desenvolvimento de cancro medular. Um valor muito elevado exige a extirpação da glândula tiróide, dado que um tratamento precoce tem mais possibilidades de ter sucesso na cura.

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Fonte: 
medicosdeportugal.saude.sapo.pt
Manual Merck
Grupo de estudos da tiróide
Nota: 
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