Dia Europeu da Terapia da Fala

Terapeutas não atuam apenas ao nível da fala

Atualizado: 
06/03/2017 - 10:18
Para assinalar o Dia Europeu da Terapia da Fala, os terapeutas Cátia Bernardes e Pedro Brás da Silva explicam-nos que a sua intervenção vai muito para além de corrigir alterações a nível da fala.

Há uma visão generalizada de que o Terapeuta da Fala “apenas” ajuda pessoas a corrigir a sua “dicção”, por exemplo, quando a pessoa não diz os “RR’s” ou troca sílabas nas palavras como /mánica/ para “máquina”. Também o Terapeuta da Fala é associado, comummente ao profissional que recupera as vozes de pessoas com “rouquidão”.

Estas são algumas das alterações incluídas na área da Fala, onde também podem ocorrer alterações de fluência (ex. gaguez) ou de ressonância (ex. vozes que têm escape nasal).

Todavia, a Fala é apenas uma das áreas de atuação do Terapeuta da Fala...e quem não a usa ainda ou deixa de a poder usar? De que forma, nestes casos, pode o Terapeuta da Fala ajudar?

A profissão já existe há várias décadas em Portugal e a auto-regulação profissional em Portugal é da responsabilidade da Associação Portuguesa de Terapia da Fala (APTF), fundada no ano de 1978. Mais recentemente, em 2014, nasce a Sociedade Portuguesa de Terapia da Fala, que promove atividades de divulgação científica na área.

O Terapeuta da Fala é o profissional responsável pela prevenção, avaliação, intervenção e estudo científico das perturbações da comunicação humana, englobando não só todas as funções associadas à compreensão e expressão da linguagem oral e escrita mas também outras formas de comunicação não verbal.

O Terapeuta da Fala intervém, ainda, ao nível da sucção, mastigação e deglutição dos alimentos (fonte: Associação Portuguesa de Terapia da Fala).

O Terapeuta da Fala avalia e intervém em indivíduos de todas as idades, desde recém-nascidos a idosos, tendo por objetivo geral otimizar as capacidades de comunicação e/ou deglutição do indivíduo, melhorando, assim, a sua qualidade de vida (American Speech & Hearing Association, 2007).

De forma mais específica, o Terapeuta da Fala pode intervir em inúmeros campos de atuação, em diferentes faixas etárias:

Em recém-nascidos e bebés:

- Presta cuidados nas áreas da alimentação e comunicação, a partir de Unidades de Cuidados Intensivos Neonatais;

- Nas alterações de comunicação, linguagem e fala em crianças de risco (ex. Trissomia 21, Espetro de Autismo, Surdez, Paralisia Cerebral, etc...);

Em idade pré-escolar:

- Nas perturbações de fala em crianças em consequências de alterações da voz (disfonia infantil), da Motricidade Orofacial e do sistema estomatognático (ie, com alterações da arcada dentária, da musculatura de língua e lábios, freio de língua curto, etc...)

- Em crianças com atrasos no desenvolvimento da linguagem.

Com crianças e jovens em idade escolar:

- Na promoção de competências de leitura e escrita, quando a aquisição não se processa de forma habitual

- Nas perturbações específicas de linguagem

- Nas perturbações do processamento auditivo central

- Nas alterações da fluência (ex. gaguez).

Em idade adulta:

- Nas perturbações neurológicas da linguagem (decorrentes de um Acidente Vascular Cerebral, Traumatismo Crânio-encefálico, entre outras) em que o Terapeuta da Fala pretende reabilitar a linguagem oral, avaliando as componentes afetadas e as áreas linguísticas comprometidas.

- Nas doenças degenerativas do Sistema Nervoso Central (ie. Parkinson, Esclerose Lateral Amiotrófica, etc…)

- Nas alterações do padrão de deglutição (disfagia)

- Nas patologias vocais (ie. Nódulos e pólipos vocais, edema de Reinke, sulcus vocal, entre outras)

- Na reabilitação auditiva (treino auditivo)

Para além disso, o Terapeuta da Fala pode trabalhar em inúmeros contextos, desde o domicílio, em Hospitais, clínicas, escolas, instituições de apoio a pessoas com deficiência, entre outras.

Para exercer a profissão deve obter uma licenciatura de 4 anos nas várias Escolas de Formação no País, assim como obter uma Cédula Profissional pesada pela ACSS (Administração Central do Sistema de Saúde).

Autor: 
Cátia Bernardes e Pedro Brás da Silva - Terapeutas da Fala Hospital Lusíadas Porto
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
ShutterStock