Criada no Porto

Tecnologia permite fazer fisioterapia em casa e acelerar recuperação

Uma empresa do Porto desenvolveu uma tecnologia que permite aos pacientes fazer fisioterapia em casa, tornando a reabilitação mais cómoda e eficaz, reduzindo o tempo de recuperação e proporcionando mais horas de exercícios sem aumentar custos.

A Sword Arya, criada por uma equipa liderada pelo engenheiro eletrónico Virgílio Bento, pode ser vista como um terapeuta digital que, a partir de um sistema de quantificação, analisa os movimentos feitos pelos pacientes e dá-lhes informações como se de um humano se tratasse.

Os utilizadores colocam os sensores nos membros que vão exercitar e registam-se na aplicação, que lhes vai indicar quais os exercícios que devem ser feitos, acompanhando-os ao longo do treino e dando indicações sobre os movimentos realizados.

Esta tecnologia fornece 'feedback' dos exercícios também às equipas clínicas que acompanham o paciente, quer seja no hospital, no centro de reabilitação ou à equipa de fisioterapeutas do Sword Arya, podendo estas avaliar o desempenho do paciente, alterar o programa e deslocar-se às suas casas sempre que haja necessidade para tal.

De acordo com o engenheiro eletrónico, a aplicação pode ser utilizada por pacientes em casos de recuperação após um acidente vascular cerebral (AVC), reabilitação do joelho, da anca, do ombro e prevenção pós-quedas.

A tecnologia desenvolvida no Porto já está nos Estados Unidos, através de uma rede de clínicas de fisioterapia e, neste momento, a equipa da Sword Arya, que conta com cerca de 18 elementos, está a negociar a entrada em quatro hospitais na China, país onde "há um terapeuta para cada cem mil pessoas".

A ideia para a criação do terapeuta digital surgiu a partir de uma história pessoal. Quando era jovem, o irmão de Virgílio Bento ficou em coma durante um ano, depois de ter sido vítima de um atropelamento, e este assistiu, "na primeira pessoa", à dificuldade em aceder a uma terapêutica de reabilitação eficaz, principalmente "inacessível" a quem não tem recursos financeiros como a sua família tinha.

"Os meus pais, que eram ambos professores, por verem que não havia a disponibilidade de recursos humanos e a disponibilidade do centro de reabilitação em providenciar ao meu irmão mais horas de reabilitação por dia, assumiram o papel de terapeuta, o que fez com que a intensidade terapêutica fosse maximizada, tendo acelerado a sua recuperação", contou.

Segundo o empreendedor, a indústria da recuperação motora mantém as mesmas práticas nos últimos 50 anos, que passa por um terapeuta para um paciente, devido a escassez de profissionais nessa área, que leva a que uma hora com eles "seja muito cara" e que o acesso à reabilitação "não seja democrático".

"Isto é um problema, porque os estudos científicos e clínicos provam é que há uma relação direta entre a recuperação futura do doente e o número de horas de terapia que faz", referiu.

Para Virgílio Bento, a hora que o terapeuta tem com o paciente "é tão importante" que deve que ser destinada a processos de aprendizagem e de toque humano, ficando a parte do treino para este realizar sozinho.

No entanto, segundo indica, o terapeuta "não pode escrever numa folha os exercícios para fazer em casa", visto que isso pode levar a que o paciente não realize o programa de reabilitação ou faça movimentos incorretos, originando lesões e anulando a eficiência do tratamento.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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