Sociedade Portuguesa de Reumatologia cria Grupo de Centros de Ligação para Fraturas
Criado pela Grupo de Estudo de Doenças Ósseas Metabólicas (GEODOM) da SPR, o Grupo de Centros de Ligação para Fraturas arranca hoje, em 15 centros de reumatologia de norte a sul do país. O objetivo destes Centros é colmatar o precário diagnóstico da Osteoporose e atingir uma referenciação mais célere e eficaz dos doentes com fraturas primárias e dar o seguimento e monitorização adequada a estes casos.
Os Centros de Ligação de Fraturas estabelecem protocolos com os serviços de Ortopedia (através dos serviços de internamento e de urgência dos hospitais que referenciam os doentes para as unidades de Reumatologia) ou, por outro lado, através da Medicina Geral e Familiar (com “via verde” aberta para estes Centros). Numa fase seguinte, os doentes são seguidos nas unidades especificas de fratura e posteriormente orientados de acordo com as suas necessidades.
Outra meta que a SPR pretende alcançar com este serviço é a adoção de protocolos de monitorização de doentes com informação comum entre várias unidades de referência de Reumatologia e isso irá permitir por um lado, estudar estes doentes ao longo do tempo e, por outro, tirar conclusões nacionais através do Registo Nacional de Doentes Reumáticos (Reuma.pt).
Para a Prof.ª Dr.ª Helena Canhão, Presidente Eleita da SPR, o “novo Grupo de Centros de Ligação para Fraturas é mais um passo importante na melhoria do acompanhamento que queremos dar ao doente reumático. Isso passa pela homogeneização de atitudes terapêuticas, melhoria do diagnóstico, referenciação adequada e respetivo encaminhamento que estes Centros irão criar” e acrescenta que “é imperativo que a Osteoporose, assim como outras Doenças Reumáticas, seja identificada atempadamente e salienta que “uma pessoa que sofra uma fratura osteoporótica se não for tratada, tem três vezes mais risco de vir a sofrer de nova fratura com complicações importantes na sua qualidade de vida e saúde”.
A Osteoporose
A osteoporose é uma doença óssea metabólica, caracterizada pela diminuição da quantidade e da qualidade do osso com consequente aumento da sua fragilidade. Esta doença é assintomática até ao momento em que ocorre uma fratura após uma queda ou até mesmo sem qualquer traumatismo. Os locais do corpo onde mais frequentemente ocorrem fraturas são a anca, coluna vertebral e punho. Contudo, atualmente sabe-se que estas fraturas podem ocorrer noutros locais do corpo como costelas, bacia, braços ou pernas, sobretudo na população idosa.
Em Portugal, o estudo EpiReumaPt da SPR mostrou que uma em cada 5 mulheres adultas sofre de osteoporose e que a frequência desta doença nos homens é de 2.6%. Este estudo avaliou ainda a prevalência de fraturas osteoporóticas nas mulheres acima dos 65 anos e verificou que em Portugal cerca de 20,7% das mulheres acima dos 65 anos refere ter tido uma fratura de fragilidade e 49% tem osteoporose. No entanto, apenas 13.6% das mulheres que tiveram uma fratura de fragilidade referiram ter feito medicação para prevenir novas fraturas sendo que em cerca metade dos casos a medicação foi prescrita pelo médico, mas o doente decidiu não a tomar.
Os idosos, em particular as mulheres, são de facto os que mais frequentemente são afetados por esta doença. Cerca de 20% dos idosos que partem a anca após uma queda morrem no ano subsequente à fratura e cerca de 60 % passam a ter uma vida dependente terceiros.