Conferência internacional

Ressurgimento de casos de sida salientado na conferência de Amesterdão

O ressurgimento de novos casos de sida em alguns países do mundo, impulsionado por leis restritivas sobre uso de drogas e relacionado nomeadamente com a partilha de seringas, foi ontem salientado na conferência internacional que decorre na Holanda.

Durante cinco dias, desde segunda-feira, milhares de especialistas, investigadores, ativistas e portadores do vírus participam na conferência internacional, numa altura em que um relaxamento na prevenção, combinado com cortes no financiamento internacional, faz temer um recrudescimento da epidemia.

Os participantes na 22.ª conferência alertaram que é necessário prosseguir os esforços na luta contra o VIH, apesar dos progressos.

Numa altura em que vivem no mundo 36,9 milhões de pessoas com VIH “na Europa de leste e na Ásia central o número de novas infeções aumentou 30% desde 2010”, disse Linda-Gail Bekker, presidente da “International AIDS Society”.

Tedros Ghebreyesus, diretor da Organização Mundial de Saúde, também avisou que, “apesar de todo o notável avanço feito o progresso para acabar com a sida ainda é lento”, sendo que os objetivos da ONU para 2020, sobre a sida, não serão alcançados, “porque há muitos lugares do mundo onde as pessoas não têm acesso aos serviços de prevenção e tratamento que precisam”.

Transmitido essencialmente por contacto sexual ou através do sangue, o vírus VIH, que causa a sida, infetou quase 80 milhões de pessoas desde o início dos anos 80 e mais de 35 milhões delas morreram. Em cada ano surgem 1,8 milhões novas infeções.

Segundo a ONU, são necessários anualmente sete mil milhões de dólares (5,98 mil milhões de euros) para que a doença não seja uma ameaça à saúde pública mundial em 2030.

A mensagem de que é precisa atenção à doença é transmitida na conferência pelas organizações internacionais, mas também por ativistas e celebridades, como o vencedor do festival da Eurovisão de 2014, Conchita Wurst, que em abril disse ser seropositivo e estar a fazer um tratamento antirretroviral. Na cerimónia de abertura lembrou que milhões de pessoas não têm acesso a esse tratamento.

“Quanto tempo será necessário para que as pesquisas e as terapias sejam acessíveis a cada ser humano que precise?”, questionou.

Ontem o cantor britânico Elton John fez na conferência uma violenta critica aos governos da Rússia e da Europa de leste, acusando-os de “discriminação significativa” contra gays, lésbicas, bissexuais e transgéneros (LGBT) e de obstaculizar a luta contra a sida.

“Se não houvesse esse sectarismo e esse ódio a doença podia ser erradicada muito mais rapidamente do que possam imaginar”, disse aos jornalistas, lamentando também o acesso limitado que a comunidade LGBT tem a programas de tratamento e ensaios terapêuticos.

Elton John e o príncipe britânico Harry lançaram um novo financiamento internacional de 1,2 mil milhões de dólares (mil milhões de euros) para “quebrar o ciclo” de transmissão do VIH, visando os jovens do sexo masculino, um grupo em que a infeção está a aumentar.

Na conferência foi também apresentado um estudo segundo o qual um novo tratamento previne a infeção da sida numa relação sexual com um parceiro que tenha o vírus. Segundo o estudo não houve infeções entre homens que tiveram relações e que usaram uma pílula combinada de duas drogas. Os resultados foram considerados pelo cientista norte-americano e especialista em sida Anthony Fauci como “realmente impressionantes”.

No entanto na conferência também foi confirmado o perigo que representa uma droga até agora considerada promissora, que estará relacionada com malformação de embriões.

Outro ensaio clínico para extrair o VIH das células humanas e eliminá-lo também produziu resultados dececionantes.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
ShutterStock