EUA

Processo de medicamento baseado na marijuana para epilepsia infantil avança

O processo para a produção de um medicamento feito a partir da planta da marijuana avançou na quinta-feira, com um painel federal de especialistas a recomendá-lo para o tratamento de ataques epiléticos severos em crianças.

Se a agência da segurança alimentar e medicamentosa (FDA, na sigla em inglês) seguir a recomendação do grupo de peritos, o xarope da GW Pharmaceuticals vai ser o primeiro medicamento derivado da planta da canábis a ter a aprovação federal nos EUA.

Os 13 membros do painel da FDA votaram por unanimidade a favor da medicação experimental feita a partir de um químico encontrado na canábis, um que não faz o efeito estupefaciente que a tem caracterizado.

Os peritos apoiaram a droga baseados em três estudos que mostraram que reduz de forma significativa os ataques em crianças com duas formas raras de epilepsia infantil.

“Esta é claramente uma droga de rutura para uma doença terrível”, afirmou um dos membros do painel, John Mendelson, de um instituto de investigação em Baltimore, no Estado de Maryland.

A droga tem riscos potenciais para o fígado, mas os peritos consideraram que os médicos podem controlar os doentes para detetar sinais de perigo.

Os efeitos laterais mais comuns são diarreia, vómitos, cansaço e problemas de sono.

A FDA deve tomar uma decisão até ao final de junho.

A aprovação, a ocorrer, limitaria a droga, designada Epidiolex, a doentes com formas de epilepsia difíceis de tratar.

Mas os médicos podem ter a opção de a receitar para outros usos e a sua utilização também pode suscitar mais investigação farmacêutica e interesse por outros produtos baseados na canábis.

Mais de uma dúzia de Estados norte-americanos autorizam o uso da marijuana para uma série de padecimentos, mas a FDA não a aprovou para qualquer uso médico.

A FDA, contudo, já aprovou versões sintéticas de outros ingredientes da canábis para outros usos médicos.

Vários doentes e pais falaram na reunião sobre os benefícios do Epidiolex. Sam Vogelstein, de 16 anos, disse que chegava a ter 100 ataques por dia antes de se inscrever para o teste do medicamento.

“Acabei de ir à África do Sul durante duas semanas sem os meus pais numa viagem escolar”, afirmou Vogelstein, que vivem em Berkeley, no Estado da Califórnia. “Não seria capaz de o ter feito se não tivesse tentado esta medicação”.

Ainda não é clara a razão pela qual o medicamento reduz os ataques.

O Epidiolex é essencialmente uma versão farmacológica do canabidiol, ou óleo CBD, que vários pais usam há anos para tratar os seus filhos com epilepsia.

O CBD é um dos mais de 100 elementos químicos encontrados na planta da canábis e não contém THC, o ingrediente que dá à marijuana a sua capacidade de alterar a mente do consumidor.

O óleo CBD é vendido na Internet e em lojas de especialidade nos EUA, se bem que o seu estatuto legal não seja claro.

A maior dos produtores assegura que o seu óleo é produzido a partir de cânhamo, uma forma de canábis que contém pouco THC e pode ser legalmente cultivada em vários Estados para a produção de roupa e alimentação, entre outros usos.

A britânica GW Pharmaceuticals declinou fazer comentários sobre o preço do medicamento antes da decisão de aprovação. Os analistas em Wall Street, contudo, estimam que o seu custo pode exceder os 25 mil dólares (20 mil euros) por ano.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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