Em debate no Congresso Nacional de Medicina Interna

Portugal é um dos países que apresenta maior volume de prescrição de antibióticos e uma taxa mais elevada de resistências

A ameaça dos organismos multirresistentes é um dos temas em debate no 23º Congresso Nacional de Medicina Interna, que decorre de 25 a 28 de maio, na Alfândega do Porto, na cidade invicta, sob o mote “Porto de Confluências”. Um tema que tem estado na ordem do dia, sobretudo em países como Portugal, que se destaca como um dos que apresenta maior volume de prescrição de antibióticos e, por isso, uma taxa mais elevada de resistência.

Numa mesa redonda sobre o tema vai debater-se a situação atual em Portugal, que Júlio Rodrigues Oliveira, internista, considera “má. Coloca-nos no mapa da Europa acima da média para as taxas de infeção pelos micro-organismos mais problemáticos. Somos também um dos países que mais antibióticos prescreve, e com mais largo espetro, quer nos hospitais, quer na comunidade”.

Em debate estarão também as estratégias de prevenção de emergência e de prevenção de transmissão, assim como alguns dos erros que continuam a existir e reforçam a necessidade de ação, como “medo do erro médico, pressão da sociedade, dos doentes e dos familiares e alguma falta de rigor quanto às indicações técnicas e científicas, por razões de desinformação e défice de formação”.

Apesar de bem-vindos, novos antibióticos não iriam resolver o problema, defende o especialista. E isto porque, “persistindo os erros e pressões no sentido da evolução das resistências, novas resistências surgirão”. Quanto às resistências, para além do impacto pessoal, deixam também a sua marca na sociedade. Segundo Júlio Rodrigues Oliveira, podem “alterar a nossa capacidade de tratamento de vários tipos de doenças agudas ou crónicas não infecciosas”. São tratamentos que muitas vezes favorecem o eclodir de infeções graves. “Sem antibióticos eficazes, não será possível realizar com segurança quimioterapia para o cancro, grandes cirurgias abdominais, transplantes, imunossupressão para doenças autoimunes precocemente incapacitantes” e por aí fora.

Fonte: 
Guesswhat
Nota: 
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