Instituto de Investigação e Inovação em Saúde

Porto lidera ensaio clínico para novo tratamento da Doença Inflamatória Intestinal

Uma investigadora do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, do Porto, vai liderar um ensaio clínico que visa desenvolver um novo tratamento para a Doença Inflamatória Intestinal, patologia que afeta cerca de 15 mil portugueses.

Com este ensaio clínico pretende-se testar "um agente de origem natural, não tóxico, de baixo custo e com propriedades imunomoduladoras (efetivas no controlo da resposta imune e da inflamação intestinal)" que atue na Doença Inflamatória Intestinal (Colite Ulcerosa e Doença de Crohn), disse a coordenadora do projeto, Salomé Pinho.

Esse agente, já testado anteriormente em modelo animal, revela "eficácia no controlo da inflamação intestinal e na supressão da progressão e severidade da doença" e pode ser utilizado como terapia simples ou em associação com outros fármacos.

Os indivíduos que sofrem da Doença Inflamatória Intestinal têm, de acordo com a investigadora, uma pirâmide terapêutica, na qual começam com uma terapia anti-inflamatória de base e depois vão escalando à medida que deixa de ser possível de controlar as crises, avançando para fármacos mais agressivos e com muitos efeitos secundários, sendo a cirurgia o topo da pirâmide.

A mais-valia deste novo agente é que, através do seu uso, "o doente pode descer essa escalada terapêutica e, em associação com os fármacos de base da pirâmide, controlar a atividade da doença, evitando a passagem para medicamentos mais agressivos".

"O mais importante é que é possível, com recurso a este novo agente, conseguir controlar os estágios de remissão da doença, regulando assim a doença de forma mais sustentada e mais prolongada ao longo do tempo, evitando a tal escalada terapêutica", acrescentou.

Segundo um comunicado do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S), a Colite Ulcerosa e a Doença de Crohn afetam cerca de 2,5 milhões de pessoas na Europa, tendo vindo a aumentar o em todo o mundo o número de indivíduos que sofrem da doença. "Crónica" e "altamente debilitante", atua sobretudo nos jovens, não tendo "forma de ser prevenida" por não existir uma causa conhecida.

Estas duas patologias, que intercalam períodos de atividade e fases de remissão (controlo), "passam de uma estágio a outro de forma imprevisível", sendo esta uma constante "durante toda a vida do individuo, não havendo forma de prever ou prevenir as crises", indicou Salomé Pinho.

"A inflamação crónica ao nível do intestino acarreta ainda um risco acrescido de evolução para cancro do intestino, visto que o intestino está constantemente a ter um fator de irritação que pode potenciar a transformação maligna", explicou.

O ensaio clínico, que inicia no primeiro trimestre de 2017, vai incluir mais de 100 doentes, prevendo-se que os primeiros resultados sejam divulgados no período de um ano e meio.

Este projeto vai ser desenvolvido no Centro Hospitalar do Porto/Hospital de Santo António (promotor) em colaboração com o Hospital de São João, também no Porto, podendo ser recrutados doentes de outros hospitais do país.

Financiado pela fundação americana Crohn's & Colitis Foundation of America (CCFA), uma organização voluntária dedicada à descoberta de curas para doenças inflamatórias intestinais, pode ser posteriormente alargado a outros hospitais europeus.

Atualmente, Salomé Pinho é investigadora principal do i3S, onde lidera uma equipa cuja principal missão é usar uma abordagem multidisciplinar realizando investigação fundamental, bem como validação pré-clínica e clínica de estratégias terapêuticas racionais para a inflamação - em particular a Doença Inflamatória Intestinal - e para o cancro.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
ShutterStock