Saiba mais sobre:

O doente geriátrico e o envelhecimento

Atualizado: 
15/09/2014 - 16:17
O envelhecimento não é uma doença mas muitos dos seus mecanismos ainda estão por elucidar e, por isso, continua a ser um desafio tentar perceber o que regula e condiciona.
Envelhecimento

O envelhecimento é um processo intrínseco, progressivo e generalizado de deterioração física que ocorre ao longo do tempo. O início do envelhecimento surge num período de vida precoce passando despercebido, dado que se considera que começa por volta da maturidade reprodutiva.

Definido a nível de órgão, tecido, célula ou matriz extra-celular, o envelhecimento consiste numa diminuição das funções e contribui para a deterioração da função do organismo como um todo. Os mecanismos implicados no envelhecimento são progressivos, nocivos, irreversíveis e comuns a todos os seres vivos.

Durante o envelhecimento, os órgãos sofrem uma diminuição funcional que afecta as suas capacidades de resposta a reacções orgânicas, traduzindo-se na incapacidade progressiva do organismo se adaptar às condições ambientais, contrariamente ao que era possível previamente.

A velocidade de envelhecimento não é a mesma para os diferentes órgãos e sistemas, sendo o declínio mais rápido para os tecidos elásticos, como os do sistema cardiovascular, respiratório e cutâneo. Contrariamente, o declínio do tecido nervoso é mais lento, admitindo-se que a condução nervosa só pelos 400 anos se anularia. Apesar dos indivíduos se queixarem frequentemente da falta de memória, a sua redução é lenta e progressiva e, para indivíduos mentalmente sãos, aos 100 anos só existe em média, uma perda de 20 por cento nas capacidades de memória.

Algumas das alterações que se processam com o envelhecimento podem ser quantificáveis sabendo-se contudo que apesar de ser individualizada, aos 80 anos de idade há um declínio de:

- 15 por cento da velocidade de condução nervosa;

- 30 por cento do débito cardíaco em repouso;

- 50 por cento da capacidade respiratória vital.

Há outras alterações observadas que não estão quantificadas, incluindo-se a redução da capacidade autonómica, com atraso e/ou maior dificuldade na resposta a estímulos, ocasionando mais frequente e facilmente hipotensão postural e dificuldade na regulação da temperatura corporal, o que predispõe o idoso para uma maior sensibilidade ao frio e ao calor, com as consequências que daí advêm.

Admite-se que o envelhecimento dos órgãos é tanto mais rápido quanto menor é a sua actividade, por isso é habitual dizer-se que "a função faz o órgão", isto é, órgãos pouco utilizados envelhecem mais rapidamente.

Tal como se passa com a velocidade de declínio orgânico, que não é igual para todos os órgãos e sistemas, também a idade cronológica afecta de forma desigual os diferentes indivíduos. A variabilidade inter-individual da velocidade de deterioração orgânica resulta de factores de ordem genética, da existência de doenças e das suas características e ainda, das condições de vida do indivíduo. Assim, o envelhecimento é multifactorial devendo ser visto como um intrincado de mecanismos para os quais ainda não há explicação perfeita e completa.

Ao longo da História, o envelhecimento tem sido alvo de muitas atenções e mitos quanto à possibilidade de ser parado ou evitado, através da busca pela juventude eterna. Pergunta-se frequentemente se o envelhecimento pode ser retardado, de facto existem algumas medidas que se poderão ser instituídas precocemente e que podem contribuir para o atraso do envelhecimento.

Factores de envelhecimento
São considerados como factores extrínsecos predisponentes para o envelhecimento: o sedentarismo, as deficiências alimentares, os contactos com agentes considerados tóxicos, o stress e a exposição a condições prejudiciais de ordem ambiental ou social.

Factores de atraso de envelhecimento
Dentro das medidas que se sabe oporem-se ao envelhecimento destacam-se a actividade física regular, a nutrição equilibrada, a evicção da exposição a agentes tóxicos, como o tabaco, ambiente poluído, radiações, drogas, e outros. Ainda, o equilíbrio social e a actividade psíquica são protectores. Incluem-se ainda, todas as medidas que podem ser tomadas no sentido de evitar o desencadear de doenças preveníveis.

A nutrição e o envelhecimento
A velocidade de envelhecimento também é influenciada pelas condições nutricionais e pelo estilo de nutrição que o indivíduo pratica ao longo da vida. Consideram-se como factores predisponentes para uma maior velocidade de envelhecimento, as carências de vitaminas e de sais minerais, a deficiência em agentes antioxidantes, o excesso de ingestão de proteínas animais e de gorduras saturadas, o excesso de ingestão de bebidas alcoólicas e de excesso de calorias.

As vitaminas são essenciais para a actividade de múltiplos sistemas enzimáticos que presidem às reacções orgânicas necessárias para o funcionamento normal das funções celulares. A deficiência em antioxidantes dificulta a resistência das membranas celulares aos processos oxidativos normais dos seres vivos, acelerando o processo de degradação.

É também sobejamente conhecido o efeito do excesso de peso e do desequilíbrio lipoproteíco na predisposição para o síndroma metabólico e com ele, o aumento do risco cardiovascular, a redução das capacidades do sistema cardiovascular e assim, a diminuição de múltiplas funções dele dependente, designadamente as renais, cerebrais e outras.

Alterações fisiológicas no sénior
Define-se como envelhecimento fisiológico, a diminuição progressiva da capacidade de cada órgão ou sistema para manter a homeostase face a desafios a que estão sujeitos. Esta incapacidade predispõe o idoso para a doença e para as reacções adversas aos medicamentos. As alterações fisiológicas observadas nos diferentes órgãos e sistemas têm influência na resposta, por exemplo, à utilização de medicamentos.

Fonte: 
Manual d’ O Medicamento e o Doente Geriátrico
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.
Foto: 
ShutterStock