Eliminar tatuagens

Novas técnicas laser garantem remoção segura e sem dor

Atualizado: 
13/09/2016 - 12:09
Tratando-se de um procedimento simples e seguro, o laser para remoção de tatuagens é a melhor opção para quem pretende apagar o registo de uma memória que perdeu o significado. Graças ao avanço da tecnologia, as novas técnicas laser, para além de garantirem resultados, não deixam marcas e são indolores. Ana Leal experimentou e garante que ao fim de duas sessões os resultados são bastante visíveis.

Consideradas como um acessório de moda, as tatuagens deixaram de estar ligadas a uma minoria muitas vezes marginalizada. No entanto, apesar de cada vez mais pessoas decidirem tatuar o corpo, muitos são aqueles que se arrependem de o ter feito.

Um estudo levado a cabo por uma marca líder em equipamentos médico-estéticos revela que cerca de 41 por cento dos inquiridos admite estar arrependida. Uns por considerem a sua tatuagem fora de moda ou de mau gosto, outros por representar a lembrança de um namoro antigo. Tatuar o nome do namorado ou namorada lidera na lista dos principais arrependimentos.

Com o avanço da tecnologia laser é hoje possível, entre quatro a nove sessões, remover por completo uma tatuagem, sem correr o risco de ficar com marcas ou cicatrizes.

“A eliminação de tatuagens via laser realiza-se através de um procedimento denominado de Fototermólise seletiva em que um feixe de laser, com um determinado comprimento de onda, vai incidir unicamente sobre um cromóforo determinado (alvo da cor) provocando a fragmentação do mesmo em partículas mais pequenas, que os macrófagos do organismo possam absorver e eliminar através do sistema linfático”, começa por explicar Julio Morales, diretor médico de uma marca especializada em equipamento médico-estéticos.

Garantindo que este é um procedimento simples e seguro, uma vez que se trata de um método baseado na física (laser) e não na química (como os peelings), sendo possível controlar a profundidade das emissões, garante resultados logo ao fim da primeira sessão e sem risco de lesões.

Depois do especialista avaliar o tipo de tatuagem que vai ser removida, “elege-se o comprimento de onda mais apropriado (dependendo da cor da tinta) assim como a energia com que se vai tratar cada zona”.

De acordo com Julio Morales, estes parâmetros podem variar de sessão para sessão em função das alterações que podem surgir na zona tratada. “Um exemplo disso é quando se tratam tatuagens cosméticas pretas, cuja composição da tinta desconhecemos. Nas primeiras sessões podem desaparecer de maneira normal, mas de repente na 3ª ou 4ª sessão podem aparecer tons de uma cor diferente (isto porque cada tatuador faz as suas próprias misturas para a cor). Então na sessão seguinte há que ponderar uma mudança do comprimento de onda”, explica.

Quanto aos cuidados com a pele, estes devem ser aplicados antes e depois de cada sessão. Meia hora antes de cada sessão deve ser aplicado, no local a tratar, uma camada de creme anestésico, que se retira imediatamente antes do procedimento.

No final “aplica-se uma pomada anti-inflamatória com antibiótico com o objetivo de evitar complicações”. “A zona tratada terá de ser cuidada como se de uma pequena queimadura se tratasse. A pomada serve para manter a zona húmida e assim evitar a formação de crostas, além da proteção do sol e da fricção acidental da zona”, justifica o médico.

Apesar de segura, esta técnica apresenta algumas contraindicações. “Há um caso que merece especial referência: aqueles pacientes que ao fazer a tatuagem tiveram uma reação alérgica na zona devido ao composto da tinta, não é aconselhável que se submetam a este procedimento uma vez que a a fragmentação da tinta fará com que reproduzam esses sintomas e, inclusivamente, que estes se agravem”, revela Julio Morales.

Por outro lado, tal como acontece com qualquer tipo de procedimento laser, deve ter-se atenção à exposição solar, medicamentos, vitaminas ou produtos de ervanária que possam produzir reações de fotossensibilidade, por exemplo.

“Doenças fotossensíveis como a Porfiria, doenças que se ativem com exposição continuada a estímulos visuais tipo Eplilépsia, gravidez e amamentação, doenças que afetem o sistema Imunitário (como HIV), ou qualquer tipo de cancro em fase ativa ou em tratamento” (em que é necessário esperar cinco anos depois da cura para fazer o procedimentos) são casos contraindicados.  

Postas de lado as contraindicações, é importante ainda preparar a pele para receber o tratamento. “A pele sobre qual se vai disparar qualquer tipo de laser não deve estar fotoestimulada, ou seja, há que evitar a exposição solar na zona do tratamento até um mês antes da sessão, assim como evitar qualquer tipo de medicação que possa ser fotossensível. É necessário também que a pele esteja limpa e livre de qualquer tipo de cosmético e/ ou pomada medicamentosa, uma vez que isto pode alterar os resultados do procedimento”, adverte.

“Quero mesmo apagar esta recordação”

Quem está a seguir todos estes conselhos é Ana Leal que decidiu apagar da memória e do corpo a marca de um relacionamento passado.

“Eu gosto de tatuagens. Acho que é uma forma bonita de expressar sentimentos, emoções e recordações. Se o desenho for bonito e se simbolizar algo importante para a pessoa é uma combinação perfeita”, começa por explicar a jovem que aos 28 anos decidiu fazer a sua primeira e única tatuagem.

“Na altura tinha um namorado e vivíamos momentos maravilhosos. Fazíamos imensos programas, viajávamos, saímos, passeávamos e eu queria perpetuar aquelas sensações e achei que a tatuagem poderia simbolizar todas estas vivências e sensações”, justifica acrescentando que com o fim do namoro, perdeu o sentido.

“Guardo boas recordações desses tempos, mas não quero que estejam marcadas em mim, pelo menos de forma visível, e por isso decidi removê-la”, diz. “Assim que o relacionamento acabou deixei de gostar da tatuagem, e à medida que o tempo foi passando acabou mesmo por perder o sentido”, afirma convicta.

Revela ainda que, durante algum tempo, a tentou esconder com a ajuda da roupa até ter tomado a decisão de avançar para a remoção. “Fazer outro desenho por cima, por exemplo, também não é solução para mim porque quero mesmo apagar esta recordação”, confessa Ana, hoje com 35 anos.

Quanto aos principais receios, Ana Leal afiança que apenas tinha medo da dor. “Mas com a anestesia tópica que me colocam 30 minutos antes de cada sessão não sinto nada. Além disso posso dizer que a fazê-la sim, doeu”, acrescenta.

A caminho da terceira sessão laser, Ana tem visto resultados desde a primeira sessão. “Logo na primeira sessão vi que a tatuagem ficou ligeiramente mais atenuada. Mas nunca tive expetativa de ver resultados imediatos nas primeiras sessões”, afiança.

Recorda que quando fez a consulta de diagnóstico numa clínica especializada, em Lisboa, lhe explicaram que o tratamento era feito em várias sessões – “estimam-se seis a oito sessões, espaçadas entre si, de seis a oito semanas”.  Além disso, os resultados podiam variar.

“Em príncipio o número de sessões depende do tipo de tinta que se tenha aplicado na tatuagem (da cor, dos compostos que possuem a tinta, entre outros), assim como a antiguidade e o tipo de tatuagem (cosmética, traumática, profissional...). Estamos a falar de quatro a nove sessões para uma tatuagem preta e de seis a 10 para uma de cor”, explica Julio Morales.

Por outro lado, acrescenta que no momento de garantir resultados, “quase a totalidade das tatuagens pretas acabam por se eliminar com algumas sessões. No caso das tatuagens de cor, as expetativas são bastante boas (para vermelho, verde escuro, azul escuro, castanho) ainda que existam cores que são difíceis e que requerem um maior número de sessões (amarelo, laranja ou rosa)”.

Satisfeita com os resultados alcançados, Ana pede, no entanto, alguma cautela na escolha do local onde realizar o tratamento. “Recomendo que se informem em locais especializados. Que não se deixem enganar pelos centros de estética que dizem que fazem remoção de tatuagem, mas sim laser para fazer depilação. Apagar tatuagens com esses equipamentos pode fazer queimaduras muito graves”, adverte.

A mesma preocupação é partilhada por Julio Morales que reforça a segurança da nova tecnologia laser. “Comparando com os métodos que se utilizavam antes – laser de ablação, peeling – com este tipo de laser atuamos sobre o alvo específico que queremos tratar e não sobre o tecido são que o rodeia, evitando a formação de grandes áreas danificadas que podem correr o risco de infeções e a formação de cicatrizes. Só tratamos o que queremos tratar”, garante.

“Hoje em dia existe um mercado muito extenso de equipamentos mas, infelizmente, nem todos estão à altura de obter bons resultados e, muitos deles, acabam produzindo lesões onde não as havia, por isso é muito importante o centro e a equipa com a qual trabalham (pois no final o barato pode ficar caro)”, conclui.

Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
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