Electroporação Irreversível

Médico urologista defende novo tratamento para combater cancro da próstata

A técnica da Electroporação Irreversível é um tratamento focal guiado por tecnologia de fusão de imagens de ressonância magnética (RMN) e ecografia que destrói as células cancerígenas sem danificar os tecidos envolventes, preservando as funções da glândula.

O urologista José Sanches de Magalhães, especialista em urologia oncológica e fundador do Instituto de Terapia Focal da Próstata, no Porto, é dos únicos médicos em Portugal a realizar o tratamento do cancro da próstata com recurso à técnica da Eletroporação Irreversível.

Trata-se de uma técnica inovadora para tratamentos oncológicos, escreve o Sapo, já utilizada a nível internacional com sucesso também nas patologias oncológicas do fígado e dos rins, por exemplo.

"É uma técnica que não danifica os tecidos e estruturas adjacentes às lesões, porque em vez de usar calor ou frio extremos, utiliza impulsos elétricos para destruir as células cancerígenas. Para além disso, como não tem incisões, possui um tempo de recuperação mínimo, com menos dor no pós-operatório", explica Sanches de Magalhães.

"O facto de ser um tratamento focal, guiado por tecnologia de fusão RMN/ecografia permite tratar apenas a zona com doença clinicamente significativa, preservando o resto da glândula, minimizando o aparecimento de efeitos secundários associados aos tratamentos radicais, como incontinência e impotência", acrescenta o especialista.

Técnica minimamente invasiva
O tratamento através do sistema de Eletroporação Irreversível é minimamente invasivo, sendo realizado pelo médico em bloco operatório, sob anestesia geral, com apoio de imagens ecográficas e de ressonância magnética sobrepostas – o que oferece maior acuidade e é um fator diferenciador relativamente a outros tipos de procedimento realizados no nosso país.

O doente tem alta no dia seguinte ao tratamento.

Como funciona?
Identificada a localização exata das lesões através da imagiologia de fusão, são posicionados dois ou mais elétrodos em torno da lesão, sendo criado um campo elétrico entre eles. Uma série de impulsos de alta intensidade, mas curta duração (micro-segundos), induzem a morte das células cancerígenas. Ao contrário da crioablação ou do HIFU, que utilizam um tratamento térmico para destruir o tecido tumoral, a Eletroporação Irreversível trata a lesão cancerígena sem expor os tecidos a calor ou frio extremos, reduzindo substancialmente a inflamação decorrente do tratamento.

Uma das principais vantagens apresentadas pelo tratamento é que esta induz apenas morte celular, preservando todos os constituintes da matriz extracelular, tais como a elastina, colagénio, etc, ao contrário do que acontece com todas as técnicas que utilizam tecnologias térmicas.

Durante o tratamento, a única ação do sistema é abrir orifícios na membrana das células, causando danos irreversíveis que naturalmente induzem a morte destas. Os detritos celulares remanescentes vão ser limpos pelas células especializadas do organismo: os macrófagos.

Uma vez que a matriz extracelular permanece intacta, funcionando como “andaime”, a regeneração ocorre com um retorno a tecido normal, minimizando o aparecimento de cicatriz.

Durante o tratamento as proteínas tumorais intactas ficam expostas ao sistema imunitário, o que vai aumentar a capacidade do organismo de reagir e lutar contra a doença. Nos outros tratamentos, o calor, gelo ou radiação destroem as proteínas, não havendo resposta imunitária eficiente (em estudo).

Fonte: 
Sapo
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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