Programa de reforço muscular é a chave para o sucesso

Lesões desportivas mais frequentes no Futebol

Atualizado: 
22/09/2017 - 10:23
A taxa de incidência de lesões no futebol tem sofrido, no últimos anos, e apesar dos esforços realizados com vista a contrariar esta tendência, um ligeiro aumento. Neste artigo, assinado pelo Professor João Espregueira Mendes, o especialista em ortopedia revela quais as lesões mais frequentes, os tratamentos e estratégias de prevenção.

O futebol é um desporto com uma taxa de incidência de lesões elevada e apesar de todos os esforços para reduzir esse número, o que se tem verificado nos últimos anos, tem tido um ligeiro aumento e não uma redução. Este paradoxo parece-nos ser devido às diferentes características do Futebol atual, número elevado de jogos, aumento do número de relvados sintéticos, entre outros fatores. Apesar  de tudo, cada vez mais possuímos conhecimento sobre estratégias de prevenção, diagnóstico e tratamento de lesões, bem como cada vez melhores sistemas de motorização do treino.

Relativamente às lesões mais frequentes, salientam-se as lesões musculares e ligamentares da tibiotársica e joelho e, sendo a grande maioria destas lesões provocadas por mecanismo indireto, as estratégias de prevenção tornam-se fundamentais para evitar o seu aparecimento.

Dentro dos fatores de risco conhecidos para estas lesões, sem dúvida que a lesão prévia e a metodologia inadequada de treino (com Ratios de Workload agudo/crónico desajustadas) são os mais relevantes, mas não nos podemos esquecer do défice de flexibilidade, desequilíbrios musculares, alterações posturais, idade, entre outros, como fatores também a ter em conta. Daqui se conclui que cada atleta deve ser avaliado e visto de uma forma individualizada e as estratégias de prevenção adaptadas consoante os antecedentes e os achados ao exame objetivo.


Lesões musculares e roturas de ligamentos estão entre as lesões mais frequentes nesta prática desportiva 

Uma correta metodologia de treino, atendendo a essas mesmas características individuais  e uma correta comunicação entre o departamento Médico e Técnico torna-se pois, fundamental, para tentar evitar o aparecimento de lesões. Para o diagnóstico, sem dúvida que o fator mais importante se centra numa correta, cuidada e meticulosa anamnese e exame objetivo, onde o mecanismo lesional, grau de incapacidade funcional, claudicação para marcha, presença de derrame articular e alguns testes específicos (consoante a suspeita da estrutura lesionada) são de pesquisa imprescindível.

Em relação aos exames de imagem, o Raio-X, a Tomografia computorizada, a ecografia, a Ressonância Magnética e o Porto Knee Testing Device - PKTD (para algumas lesões do ligamento cruzado anterior) são auxiliares fundamentais em termos de diagnóstico e prognóstico das lesões.

Quanto ao tratamento pode ser dividido em tratamento conservador e tratamento cirúrgico, consoante a patologia em questão e a gravidade da mesma. No caso das lesões musculares, o tratamento é praticamente  sempre conservador, com exceção de algumas (poucas) lesões musculares grau 4 (Classificação de Pollock - British Athletic) em que se admite a possibilidade de tratamento cirúrgico. Quanto ao protocolo de tratamento deve ser individualizado e baseado em  critérios de progressão funcionais e não temporais. Cremos que, apesar das muitas técnicas invasivas ao dispor (Plasma Rico em Plaquetas, colagénio, etc), um bom programa de reforço muscular é a chave para o sucesso destas lesões.

 

Autor: 
Prof. João Espregueira Mendes - diretor clínico da Clínica do Dragão
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
Clínica do Dragão