Bebés prematuros

Estamos à frente na Europa

Atualizado: 
17/11/2016 - 16:11
Todos os dias, nascem em Portugal, 17 bebés prematuros o que nos coloca numa das mais altas taxas de prematuridade da Europa. Henrique Soares, pediatra e especialista em Neonatologia no Hospital Lusíadas Porto, explica neste artigo tudo o que os pais devem saber.

Acompanhar os bebés a crescer fora da barriga da mãe é o papel do neonatologista. Neste momento Portugal regista 8% de partos antes das 37 semanas de gestação.

Um bebé que nasce antes das 37 semanas é considerado um bebé prematuro. A idade gestacional e peso do bebé determinam a classificação do nível de prematuridade em causa: o prematuro pré-termo limiar, entre as 33 e as 36 semana  e o prematuro extremo com menos de 28 semanas. O peso varia entre 2,5 quilos e menos de um quilo.

A probabilidade de um parto pré-termo é maior em algumas situações, nomeadamente, história prévia de prematuridade, recurso a técnicas de procriação medicamente assistida, pré-eclâmpsia (disfunção dos vasos sanguíneos) descolamento da placenta, malformações fetais, gemelaridade, entre outros fatores.

Os bebés prematuros
Para além de muito pequeninos, há outros sinais de imaturidade que caraterizam um bebé prematuro e os pais têm de estar preparados para isso. Baixo peso, pele fina, brilhante e rosada, por vezes coberta por penugem, veias visíveis sob a pele, pouca gordura, cabelo escasso, orelhas finas e moles, cabeça grande e desproporcionada em relação ao resto do corpo, músculos fracos e atividade física reduzida (não conseguem elevar os braços e as pernas) reflexos de sucção fracos e inexistentes e respiração irregular.

A imaturidade de todos os sistemas torna os bebés prematuros muito mais vulneráveis. Conforme o grau, os bebés têm dificuldade em realizar as funções básicas em três áreas essenciais: controlo da temperatura corporal, respiração e alimentação.

Um recém-nascido com uma prematuridade extrema, perde água de tal ordem que temos de acautelar desde o primeiro minuto a desidratação que rapidamente colocará este bebé em risco de vida.

Os mecanismos de regulação térmica não estão suficientemente desenvolvidos. Por isso, são muito importantes todas as medidas que visem diminuir a perda de calor, bem como o aquecimento do ambiente e das superfícies que contactam com o bebé.

Em caso de risco de prematuridade ou parto programado para antes das 37 semanas, é habitual o recurso a corticoides para estimular o desenvolvimento pulmonar. 

A probabilidade da necessidade de ventilação invasiva e do desenvolvimento de sequelas, nomeadamente a displasia broncopulmonar, é muito superior nos recém -nascidos que não foram submetidos a maturação pulmonar in utero, particularmente naqueles com extremo baixo peso. Este procedimento deve ser feito entre as 24 e as 34 semanas, o mais perto possível da data do parto.

Pelo menos nas primeiras semanas de vida, todos os bebés prematuros são sujeitos a nutrição parentérica, ou seja, a uma nutrição artificial, criteriosamente elaborada, realizada por via endovenosa. Depois, à medida que cada recém-nascido, com a sua condição individual, começa a aceitar o leite (idealmente materno) por via oral, são oferecidas doses crescentes, de forma lenta e progressiva, até este se tornar o único alimento do bebé.

Os bebés prematuros são tratados na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais por equipas diferenciadas e multidisciplinares.

Sabemos que um bebé que nasce às 25 ou 26 semanas vai estar provavelmente mais de três ou quatro meses internado e que a probabilidade de morte ou sequelas é maior. Embora muitos destes bebés evoluam muito bem e sem sequelas.

Depois, os bebé prematuros são orientados para a consulta de pediatria, onde é feito todo o acompanhamento do crescimento e dos marcos do neurodesenvolvimento. É muito importante envolver especialidades como a Medicina Física e de Reabilitação, o neurodesenvolvimento e a Psicologia, a Oftalmologia e a Nutrição, entre outras.

A presença dos pais é fundamental no acompanhamento do bebé. A investigação defende que essa proximidade pode contribuir não só para o bem estar do bebé, mas também para a sua recuperação. Todos os laços estabelecidos nesta altura da vida aumentam os resultados mais positivos.

 

Autor: 
Henrique Soares - Pediatra e especialista em Neonatologia Hospital Lusíadas Porto
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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