Sabe “Os seus números”?

Em Portugal morrem mais mulheres que homens por doença cardiovascular

No Dia Internacional da Mulher, a Sociedade Portuguesa de Cardiologia junta-se ao movimento Go Red for Women, promovido pela American Heart Association e lança a campanha: Sabe os seus números?

O Coração Importa. Esta é a nossa pista. Temos na cabeça milhares de números: números de telefone, contas e mais contas, datas de aniversário, códigos, passwords, cartão do cidadão, número de contribuinte, segurança social… são muitos números. Mas será que sabemos os números que realmente importam? As doenças cardiovasculares atingem mais mulheres que homens e saber os números associados aos seus fatores de risco pode, simplesmente, salvar uma vida. Por isso, a Sociedade Portuguesa de Cardiologia encoraja todas as mulheres a aprender mais sobre os números do coração: pressão arterial, colesterol, glicemia e índice de massa corporal (IMC). Todos estes números estão relacionados com maior ou menor risco para sofrer uma doença cardiovascular. 

Recomentações para uma pessoa sem risco cardiovascular:

Mesmo para quem não fuma nem tem comportamentos de risco para a saúde cardiovascular, há parâmetros que devem ser tidos em conta e verificados regularmente. Assim, para que mantenha um risco baixo de vir a desenvolver uma patologia do foro cardíaco ou vascular, o valor de colesterol total deverá ser inferior a 190mg/dl e o da glicemia dever-se-á manter entre os 70mg/dl e os 100mg/dl, sendo que menos de 70mg/dl é considerado hipoglicemia e mais de 100mg/dl pré-diabetes. No que diz respeito à pressão arterial, o valor de referência para a pressão diastólica (mínima) é inferior a 90mm/hg e para a sistólica (máxima) inferior a 140mmhg. Se estas referências forem ultrapassadas, poder-se-á verificar um caso de hipertensão, que é problemática para a saúde cardiovascular. Por outro lado, um importante fator a ter em conta é o Índice de Massa Corporal (IMC), que se obtém dividindo o peso em Kg pelo quadrado da altura em metros. O resultado desta fórmula deverá estar entre 18,5 e 24,9 Kg/m para se tratar de um peso saudável!

Outros fatores de risco: 

Há alguns fatores de risco que poderão ser alterados ou controlados mediante uma mudança no estilo de vida, como o sedentarismo, o tabagismo, a diabetes, a obesidade e também os valores de pressão arterial e colesterol. Porém, existem igualmente outros fatores associados à genética que não são passíveis de ser alterados, como a idade, o género e o histórico familiar de doença cardiovascular.

Porque é que as mulheres são mais afetadas por doenças cardiovasculares do que os homens? 

Tabagismo

Nas últimas décadas o número de homens fumadores diminuiu, ao contrário do que sucedeu com as mulheres; a percentagem de fumadores do sexo feminino tem vindo a aumentar, uma vez que a nicotina é vista por muitas mulheres como um elemento que promove o emagrecimento, pois influencia o sistema metabólico. No entanto, a saúde cardiovascular é a primeira a sofrer com este método… e é um preço bem caro a pagar, porque o tabagismo está na base de cerca de 30% das mortes por doença cardiovascular.

Diagnóstico tardio e dificuldade em ler os sinais de alerta 

Uma das razões pelas quais as mulheres são diagnosticadas mais tardiamente é pela inespecificidade dos sintomas, que podem variar muito daqueles registados nos homens e que podem passar por dor na região epigástrica, fadiga extrema, dificuldade a respirar e suores frios. Esta situação faz com que as doenças cardiovasculares tenham consequências mais nefastas no sexo feminino, sendo que em 52% dos casos de enfarte agudo do miocárdio a mulher morre antes de chegar ao hospital, contra os 42% dos casos masculinos. Isto sucede porque até à menopausa, por uma questão hormonal, as mulheres estão mais protegidas e, como tal, o diagnóstico é feito depois desta etapa da vida, já numa idade em que o organismo está mais debilitado. 

É, pois, geralmente 10 anos após o início da menopausa que se dá o primeiro sinal de doença cardiovascular, sendo que esse primeiro alerta poderá tratar-se de um enfarte grave. Porém, em cerca de 64% dos casos de morte causada por problemas do foro cardíaco e vascular, não houve nenhum tipo de sintoma prévio. 

Sedentarismo

No que diz respeito à percentagem de mulheres que pratica exercício físico, esta é inferior à do sexo masculino e começa a notar-se ainda na adolescência. Na verdade, ambos os sexos têm uma taxa de atividade física semelhante durante a infância, mas, por volta dos 13 anos, a quantidade de jovens do sexo feminino que continua a dedicar-se ao desporto diminui bastante face ao sexo oposto. Há, pois, que mudar esta realidade e incutir nos jovens rapazes e raparigas o gosto pela atividade física, essencial à manutenção de uma boa saúde cardiovascular!

Como prevenir?

É muito importante que faça análises regularmente e que se tente normalizar os parâmetros que se encontram alterados e que representam um sinal de alarme para o desenvolvimento destas doenças, como os valores do colesterol, pressão arterial e glicemia. Para além disso, é essencial comer de forma equilibrada e praticar exercício para manter um Índice de Massa Corporal (IMC) dentro dos valores de referência. 

Segundo o Presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, Prof. João Morais, “é importante que, neste dia, as mulheres conheçam os seus números e que entendam que as doenças cardiovasculares ainda são a principal causa de morte em Portugal”. Lembre-se: o seu coração importa. Fale com o seu médico de família ou cardiologista e procure, em conjunto, perceber qual o seu risco. Faça as contas aos números que realmente importam. 

 

Fonte: 
S Consulting-Consultoria e Comunicação para a Saúde
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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