Especialista afirma

Doentes com apneia do sono têm risco acrescido de neoplasias

Os doentes com síndrome da apneia obstrutiva do sono têm um risco acrescido de neoplasias, disse Marta Drummond, presidente do Congresso de Pneumologia do Norte, que começa quarta-feira no Porto.

“Ficou demonstrado que os doentes com apneia têm mais risco de ter neoplasia de todo o tipo do que os que não tem apneia. Agora é preciso saber quais são os tipos de neoplasia mais prevalentes e se há rastreio que se possa fazer”, sublinhou a pneumologista do Hospital de São João, no Porto.

Segundo Marta Drummond, este será um dos temas principais em debate no XXIII Congresso de Pneumologia do Norte e será abordado pelo investigador espanhol responsável pelo estudo que demonstrou a relação entre a apneia do sono – doença com prevalência elevada em Portugal – com o aumento de risco de neoplasia.

A apneia do sono é um distúrbio provocado por frequentes obstruções parciais ou completas das vias respiratórias durante o sono, o que leva a episódios repetidos de cessação da respiração enquanto o paciente dorme.

“É um tópico recente mas, sobretudo, o que sabemos é que temos de tratar a apneia do sono e diagnosticá-la o mais precocemente possível para evitar complicações”, sublinhou a pneumologista.

A relação da apneia do sono com a doença cardiovascular já há muito é conhecida e “agora sabemos também que tem mais riscos de neoplasias. Quais neoplasias e que tipo de rastreio temos de fazer ainda não sabemos, mas sabemos que temos de tratar estes doentes o quanto antes”, frisou.

Segundo explicou, “o tratamento é absolutamente eficaz para controlar as pausas respiratórias e com isso controlar as consequências nefastas dessas pausas”.

“Creio que o número que precisava de usar ventilação noturna e que não usa será de facto grande, é preciso chamar esses doentes ao tratamento porque é muito importante para eles, mas é muito importante também para a comunidade, porque estes doentes tem muito sono durante o dia, o que os põe em risco aumentado de acidentes de viação, de acidentes de trabalho e de menor rentabilidade no trabalho, por exemplo”, acrescentou.

Outros assuntos em debate no encontro são a telemonitorização em medicina e a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) que, tal como a apneia, é uma doença crónica.

Provocada em 95% dos casos pelo tabagismo, a DPOC tem um tratamento que “diminui os sintomas, consegue atrasar a sua progressão e diminuir a mortalidade”.

Quanto melhor se qualificar os vários tipos de doentes “mais capazes seremos de reduzir essa mortalidade e de controlar a progressão da doença”, daí a necessidade de “individualizar a terapêutica”, disse.

“Estamos a caminhar nesse sentido, o que é uma enorme mais-valia, porque assim permite-nos não usar medicações que tem riscos e que não têm assim tanto benefício para o doente e dirigir a terapêutica para algo que é mais eficaz em determinado grupo de doentes”, acrescentou.

A pneumologista disse ainda que a prevalência da DPOC em Portugal tem aumentado, referindo que “há cerca de dez anos um estudo mostrava que seis por cento tinham DPOC, dez anos depois mostrou que eram 14%, ou seja, mais do que duplicou”.

O XXIII Congresso de Pneumologia do Norte pretende ser o fórum de discussão e atualização dos temas emergentes da Pneumologia, reunindo este ano mais de 300 especialistas da área e contando com a participação de oradores não só nacionais, mas também de outros países europeus, como Espanha, Itália, Eslovénia e Suíça.

Como temas centrais, fazem parte do programa, a Patologia Respiratória Obstrutiva, Infeções Respiratórias, Tabagismo, Neoplasia Pulmonar, Patologia Respiratória do Sono, Patologia Pleural e Ventilação Não Invasiva.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
ShutterStock